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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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SEMANA DA FAMÍLIA 2014

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O SERVIÇO NA VIDA DE MARIA

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do Senhor me visite? Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!”. Maria permaneceu com ela mais ou menos três meses e voltou para casa.
(Lc 1, 39-45; 56).


Depois da Anunciação do Arcanjo Gabriel a Maria, e de sua conseqüente aceitação do projeto de Deus em sua vida, Maria responde a esse chamado saindo em missão. O Redentor do gênero humano, Jesus Cristo, estava vivo no ventre daquela jovem e ela exultava de alegria pelas maravilhas que o Senhor fez em seu favor. Mas, O Cristo que estava no ventre Maria não lhe pertencia, Ele era da humanidade inteira, sedenta de paz, de justiça e de amor. Assim, Maria não mediu esforços, nem avaliou o perigo da caminhada pelas montanhas e pôs-se a servir a sua prima, idosa, Isabel que estava grávida, também, por obra do Espírito Santo.

O saudoso Papa João Paulo II, numa catequese no dia da Visitação de Maria (2002), disse: “Onde está Maria, está Cristo; e onde está Cristo, está seu Espírito Santo, que procede do Pai e dele no mistério sacrossanto da vida trinitária. Os Atos dos Apóstolos destacam com razão a presença orante de Maria no Cenáculo, junto com os Apóstolos reunidos a espera de receber o "poder do alto". O "sim" da Virgem, "fiat", atrai sobre a humanidade o dom de Deus: como na Anunciação, também em Pentecostes. Assim continua sucedendo no caminho da Igreja”. A presença de Maria, na vida de sua prima Isabel, encheu aquela senhora do Espírito Santo. Uma sadia devoção a Nossa Senhora, também nos enche do Espírito Santo, sem dúvida alguma. Maria servia pela força do Espírito Santo. Bela afirmação de João Paulo II: onde está Maria, está Cristo e o Espírito. Na carta encíclica, do mesmo Papa, Redemptoris Mater (A Mãe do Redentor) de 25 de março de 1987, diz: Só no mistério de Cristo “se esclarece” plenamente o seu mistério (de Maria)(p.9, n.4). O sentido do serviço prestado por Maria está no Cristo que ela trazia no seu ventre fecundo. A riqueza, a beleza, a profundidade da vida de Maria, repousa no mistério do Cristo. Sem Ele, Maria se esvazia.

O texto bíblico de Lucas nos permite perceber algumas características do serviço de Nossa Senhora:
I – Pôs-se a caminho (...) apressadamente: a ideia de velocidade que o texto traz é fantástica. Assim que o Arcanjo afastou-se de Maria, ela pôs-se a caminho. O discípulo só se reconhece no caminho. Maria foi a primeira discípula missionária do Filho. Foi corajosa, destemida, confiante. A distância de sua cidade Nazaré para Judá era de aproximadamente 80 quilômetros em linha reta. Mas não era possível uma viagem em linha reta pelo relevo acidentado e como pela necessidade de atravessar a Samaria. Geralmente, os samaritanos atacavam os que passavam pelo seu território, principalmente, quem fosse para Jerusalém. Uma mulher não viajaria sozinha, mas em caravanas, por questão de segurança. Contornando a Samaria, a viagem deveria chegar a uns 150 Km. Maria enfrentou os perigos e seus próprios medos. Mas, nada a impediu de prestar seu serviço a Isabel. A certeza da missão que Deus lhe confiara era tão intensa, que Maria caminhou nas pegadas da providência.

II – Isabel ficou repleta do Espírito Santo: cansada da viagem, Maria chega à casa de Isabel e só a sua presença na vida daquela idosa já a enchera do Espírito Santo. Apenas a voz de Maria, quando entrou nos ouvidos de Isabel, já lhe levara o Espírito Santo. Impressionante a abundância da graça de Deus na vida de Maria. Depois desse momento, as crianças se reconhecem nos ventres das mães. João, o precursor, aponta, desde o ventre miraculoso de sua mãe, para Jesus, o Cordeiro de Deus. A voz e a presença de Maria naquele lar fizeram a criança estremecer dentro do ventre da mãe. O fruto da missão e do serviço de Maria aconteceu quando Isabel reconhece o valor da visita da prima, mas, sobretudo, reconhece o fruto do ventre de Maria, Jesus. É Jesus a quem queremos levar quando servimos ao irmão, quando prestamos um serviço na Igreja, quando nos disponibilizamos a servir o Reino. É Por Ele apenas. Qualquer outra motivação pode nos levar ao desânimo, à decepção, à acomodação, à murmuração. Por isso, só pode servir quem foi vocacionado para tal serviço. É um chamado divino, não uma vaidade humana. O serviço deve ser prioridade em nossa vida de cristão. Não posso servir à comunidade porque não tenho outra coisa para fazer; ou porque sou solitário ou solitária; ou, ainda, porque gosto de padre “fulano” ou o coordenador do meu grupo ou movimento. Quem serve por essas motivações, facilmente, abandona o serviço. Se o Cristo não for a nossa motivação, precisamos rever nosso serviço à Igreja.

III – Uma presença (serviço) que faz o outro estremecer de alegria: a simples presença de Maria trouxe uma alegria profunda e verdadeira para aquela família que se sentia amaldiçoada por Deus pela esterilidade de Isabel. A vida de uma mulher se divide em duas etapas: antes e depois de ter filho. Ela, mesmo casada, não se sente completa, por mais que o casamento seja abençoado cheio de amor... A sua plenitude é poder dar a luz, ter um filho em seus braços, amamentar e cuidar. Esse era o tormento de Isabel e Zacarias. Mas, sempre confiando no Senhor! Era um casal de Deus. E foram abençoados. Nosso serviço, independente do lugar que seja, precisa deixar, no coração de quem servimos, a alegria verdadeira do Senhor. Essa alegria é uma certeza da presença de Deus na vida daquela pessoa, muitas vezes sofrida, angustiada, solitária, problemática, sem esperança. O nosso serviço é importantíssimo para que o amor de Deus possa atingir tantos corações. Sinta-se privilegiado por servir ao Senhor nos mais necessitados.

III – Maria permaneceu: esse dado é muito importante para compreender o serviço na vida de Maria. Para servir, não podemos nos preocupar com o tempo. O serviço deve durar o tempo necessário para que o bem seja feito na vida de quem nós servimos. Missionário e servidor do Senhor que serve olhando o tempo todo para o relógio, não entendeu o sentido da missão. É preciso ter a capacidade e a coragem de se desgastar pelo irmão. Maria permaneceu com Isabel o tempo que foi necessário, três meses, mas se fosse preciso ela ficaria muito mais. O servidor não pode utilizar-se do seu serviço para causas próprias. Servindo, queremos que o irmão sinta e faça uma experiência do amor de Deus em sua vida. Para isso, é preciso que o servidor sinta que esse amor de Deus já fora derramado eu seu coração. Servidor que não tem vida de oração pessoal, não se confessa, não comunga, não tem piedade nem caridade, é vazio. Com tudo se irrita, reclama de todos, não tem paz interior, não respeita o espaço do irmão e é sempre causa de contendas. Sem vida de intimidade com o Senhor, nosso serviço é estéril, não dá frutos.

Temos muito que aprender com o serviço de Maria. João Paulo II diz na Redemptoris Mater (p.69): “É para Maria que a Igreja, da qual ela é Mãe e modelo, deve olhar, a fim de compreender na sua integridade o sentido da própria missão”. Precisamos voltar nosso olhar para a Maria bíblica, sem exageros nem friezas. Olhar para Maria do lugar dela, sem confusões. E. Schillebeeckx, teólogo alemão, em seu livro Maria Mãe da Redenção, no finalzinho do prefácio diz: “Na véspera do congresso mariano realizado em Roma em novembro de 1954, Pio XII preveniu os congressistas de dois perigos: o do exagero intempestivo, teológico e sentimental; e o do racionalismo diante do mistério mariano”. È disso que nós precisamos: entender Maria com serenidade, descobrindo o seu modo de ser discípula missionária do Seu Filho Jesus Cristo. No serviço operante de Maria, aprendamos a servir.

Leitura complementar:
1. Maria Mãe da Redenção – E. Schillebeeckx. (1968)
2. Carta Encíclica de João Paulo II sobre A MÃE DO REDENTOR (1987)
3. Nos passos de Maria – Pe. Antônio Bogaz (2003)
4. Maria Corredentora? – Hendro Munsterman (2009)
5. Maria do jeito certo – Pe. Zezinho (2008).
6. Documento de Aparecida – (2007)

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