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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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SEMANA DA FAMÍLIA 2014

segunda-feira, 29 de março de 2010

Semana Santa: ritualidade, mistério e identificação

Frei Mário Sérgio

Estamos em plena Semana Santa, semana maior. Para os cristãos, sobremaneira os católicos, é o momento ápice do ano litúrgico. Celebramos os grandes eventos da nossa fé: paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. É o mistério pascal. O Cordeiro Imolado oferecer-se-á, definitivamente, para que a humanidade seja resgatada e salva para sempre. A Santa Missa, portanto, é a atualização do único e irrepetível sacrifício do Cristo no Calvário. E, quando o pão e vinho são transubstanciados no Corpo e Sangue de Cristo, toda a Igreja aclama, em uníssono, “anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição, vinde Senhor Jesus”. É a beleza ritualística do mistério pascal.

A ritualidade é a certeza da continuação viva do memorial do Senhor. A vida, sem ritos, perde sua força e seu encanto. O rito renova, atualiza, eterniza, disciplina, dá sentido. Todos os dias, nós cumprimos um rito pessoal desde o nascer ao pôr-do-sol. A ordem das coisas que fazemos ao acordar, a refeição que tomamos, a rotina que desenvolvemos. Como tudo isso é salutar e benéfico. Quando, por ventura, atrasamo-nos e temos de correr, parece que tudo começa a dar errado, exatamente, porque não fomos fiéis ao nosso rito pessoal. A Igreja, em sua santa sabedoria, faz de seus ritos um modo de perpetuar-se na história e na vida do povo de Deus. A Semana Santa é um dos ritos mais simbólicos e ricos de nossa fé cristã.

O Tríduo Pascal, na verdade, compreende uma única celebração dividida em três momentos: instituição da eucaristia e do sacerdócio na última ceia, no dia do lava pés (quinta-feira), depois subimos com Jesus ao Calvário e descemos à sepultura em sua paixão e morte (sexta-feira) e, damos o grande grito de alegria e da vitória da vida no sábado da ressurreição (sábado), a mãe de todas as celebrações. Viver esses ritos é preencher a vida de sentido e de graças abundantes. Nada justifica, ao católico, deixar de participar do tríduo pascal. Nem viagens, nem visita de familiares, nem preguiça, absolutamente nada, exceto em casos de doenças graves.

Dentro dessas celebrações, somos inebriados pelos mistérios de Deus. Não é possível, racionalmente, compreender um Deus apaixonado pela humanidade, quando Esse chega à loucura da morte de cruz. Encarnação e Redenção se tocam profundamente nesse momento. Mas, por mistério, entendemos o modo como Deus age no meio da humanidade, cuja compreensão não se dá pela cabeça, mas pelo coração. O mistério é para ser vivido, nunca entendido. É um mistério que não se esconde, mas se revela. Por isso, somos convidados a viver a mística, isto é, a capacidade de se deixar envolver pelo mistério. Do Mistério Pascal, quase nada entendemos (paixão, morte e ressurreição de Jesus), mas uma coisa é certa: todos podemos experimentar o quanto Deus nos ama. Amor crucificado-ressuscitado. Só os corações pobres poderão vislumbrar tamanha graça. Só os corações místicos poderão render um culto de louvor e gratidão.

Essa ritualidade do Mistério Pascal não é etérea, muito pelo contrário, é vida em nossa vida. Por isso, identificação. Em nossa vida cotidiana, marcada por alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, podemos configurá-la às dores do Cristo. Todos os dias vivemos o mistério pascal: morremos, somos sepultados, mas, nem todos descobriram a graça e a capacidade de ressuscitar. Deitam-se, para sempre, em seus sepulcros, em suas dores, em suas tristezas, em suas depressões, em suas amarguras, em suas solidões... E esquecem que foram feitos para a felicidade, para a contemplação da luz eterna, da luz da vida nova, da luz do ressuscitado. Portanto, o Mistério Pascal de Cristo identifica-se, plenamente, com o mistério da vida comum de cada pessoa. Importante é saber o momento de morrer e de ressuscitar. Mas, sobretudo, nunca perder a capacidade de dizer: porque Ele vive, eu posso crer no amanhã.

Feliz Semana Santa.
Feliz Páscoa.

sábado, 27 de março de 2010

Crime, justiça e mídia

Condenados! Eis a sentença que o Brasil esperava. Um crime brutal cometido por aqueles que deveriam defender a vida. O papel da mídia foi decisivo no caso da menina Isabella. O sensacionalismo tomou conta de todas as mídias. Depoimentos emocionantes, inflamados, tentativas de linchamento, gritarias. Madrugadas frias em frente ao fórum. Onde está esse mesmo povo quando a corrupção toma conta das esferas políticas? Onde estão essas pessoas quando a vida precisa ser defendida e se faz uma caminhada para chamar a atenção dos governantes e políticos? Onde está esse povo que não vai para a rua gritar por uma saúde digna, por emprego, por políticos fichas limpas, por justiça social, por políticas públicas? Certamente, teríamos outro país, onde o povo fazia valer suas leis e seus direitos.

A mídia poderia mudar esse Brasil, se não fosse vendida e parcial. Se não estivesse, em sua grande maioria, nas mãos de políticos sem compromisso com a verdade, com o povo, com uma política justa e respeitosa. Quando um desafeto cai nas raias de um escândalo, a mídia corrompida exige a condenação e faz um escarcéu na vida do infeliz, mas, se for do mesmo prato indigesto, passa-se a mão na cabeça.

A grande mídia brasileira já condenou inocentes e já absolveu culpados. Já jogou muitas vidas na lama sem dó nem piedade, depois de provada a inocência, nunca se posicionou pedindo desculpas. Justifica-se no sacrossanto direito à liberdade de imprensa. Liberdade sem verdade não constrói uma nação soberana.

Faço um apelo à imprensa brasileira: existem muitas mães querendo justiça para o assassinato de seus filhos. Quantas outras mães sofrem horrores, por vezes, filhos presos injustamente, outros assassinados friamente de maneira cruel. Muitas vezes mortos por quem deveria defendê-los! Ê, o o, vida de gado, povo marcado ê, povo feliz! O problema são os holofotes. Eis o segredo de fazer alguma coisa ir para frente no Brasil: holofotes. E, aqui em Salvador, quando o pobre aparece na mídia sensacionalista desses programas do meio dia, são desrespeitados, usados, maltratados, feridos em suas dignidades. Nunca vi a mídia acompanhando o desenrolar de um processo daqueles crimes mostrados por ela. Claro, não interessa. O circo acabou! O holofote apagou. A publicidade já me pagou. Agora, quem quiser justiça corra atrás... E corra muito.

Quem condenou o casal Nardoni? A mídia ou as provas da perícia técnica? Repito: existem varias mães esperando, também, justiça para o assassinato dos seus filhos...

quinta-feira, 25 de março de 2010

ANUNCIAÇÃO DO SENHOR

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Ângelus: o Anjo do Senhor anunciou a Maria, e Ela concebeu do Espírito Santo; Eis aqui a Escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Sua vontade; O Verbo Divino se encarnou e habitou entre nós.

É lugar comum as reclamações das distâncias e dos silêncios de Deus na vida pessoal, nos acontecimentos, nos dramas da humanidade. Onde Deus estava quando aconteceu aquilo? Daí, surgem vários questionamentos. É a experiência de um Deus distante, omisso, insensível. Basta uma olhadela em toda a história da salvação para perceber o equívoco de tal afirmação. Desde o paraíso que Deus criou o homem e a mulher para serem parceiros Dele. Com Abraão, fez um pacto de fidelidade. No Egito, libertou e acompanhou o povo pela dureza e sofrimento do deserto. No exílio, enviou profetas para consolar o povo. E, na plenitude dos tempos, radicalizou sua presença no mundo: fez-se carne e habitou entre nós!

O Criador quis ser criatura. Essa é uma verdade inatingível pela mente humana. Soa absurdo aos nossos pobres ouvidos. É loucura para um sem números de homens e mulheres. Mas, para quem crer, é a mais bela página escrita no coração da humanidade. Deus assumiu o risco de ser gente. Essa é a novidade radical do cristianismo: nosso Deus tem rosto e coração de gente. Como posso continuar afirmando que Ele é distante, ausente, omisso... Pelo contrário, Ele é vida em nossa vida, é dor em nossas dores, é sofrimento em nossos sofrimentos. Quando o Verbo se encarnou, assumiu a carne (sarx) com tudo que ela tem de desprezível, exceto o pecado. Assumiu o limite e a fragilidade de ser pessoa. Será que precisamos de outra prova de amor de Deus por nós? Essa já é suficiente por demais.

A encarnação do Filho de Deus no seio virginal de Maria é a glorificação da pessoa humana. É bom ser pessoa. É tão bom que Deus resolveu experimentar. É o reconhecimento e a exaltação do corpo, como lugar de santificação e de vida. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. Saber que Jesus esteve conosco estabelece motivação para vencermos as constantes lutas que enfrentamos. Deus reservou, aos homens e mulheres, o melhor de sua glória ao planejar o envio de seu Filho ao mundo. Que fato extraordinário quando visto de nossa frágil perspectiva: um Deus tão gigante e glorioso se digna assumir de forma mais direta e envolvente possível a nossa vida, tão ferida e desgastada.

No dia 25 de março celebramos a Anunciação do anjo Gabriel a Maria de que ela seria a mãe do Verbo Encarnado. Daqui a nove meses, nascerá o Menino Jesus. A liturgia da Igreja nos ajuda a viver e experimentar, todos os anos, a beleza da encarnação. Quando o arcanjo disse que Maria seria a mãe do Salvador, a jovem-virgem ficou em êxtase espiritual. O futuro da humanidade estava nas mãos daquela pobre jovem de Nazaré. Para felicidade, não só, dos homens e mulheres, mas de todo o mundo criado, incluindo o angélico, essa Virgem fiel disse sim. Tendo a verdadeira humildade, sabia que, se fora cumulada de tantas graças, não o fora senão por uma misericórdia e por um desígnio de Deus. Daí, a sublime resposta que Maria deu se repetir por todos os tempos enquanto o mundo for mundo: "Eis aqui a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo Tua palavra".

Qual o melhor fruto que podemos tirar da festa da Anunciação senão o de seguir o Filho, utilizando o mesmo caminho que Ele fez para vir até nós? "O feliz culpa que nos obteve um tal Salvador", diz a liturgia da Semana Santa, referindo-se ao pecado original e à Redenção. Com toda a propriedade, podemos acrescentar, "e que nos deu Mãe tão terna, Advogada tão poderosa, verdadeiro penhor de salvação e de vida eterna".

Oração a Nossa Senhora da Anunciação:
Todas as gerações vos proclamem bem-aventurada, ó Maria! Crestes na mensagem divina e em vós se cumpriram grandes coisas, como vos fora anunciado. Maria ou vos louvo! Crestes na encarnação do Filho de Deus no vosso seio virginal e vos tornastes Mãe de Deus. Que possamos comunicar com a nossa vida a mensagem de Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida da humanidade. Amém!

domingo, 21 de março de 2010

REFLEXÃO DO QUINTO DOMINGO DA QUARESMA

Frei Mário Sérgio

Estamos celebrando o quinto e último domingo da quaresma. Foi um tempo de muita reflexão sobre o sentido da vida cristã e seus desafios para os tempos atuais. O Senhor nos convidou a viver a sua misericórdia. Todos os domingos anteriores foi uma grande vivência do amor de Deus em nossas vidas. No primeiro domingo, das tentações de Jesus, aprendemos que só pela força da Palavra conseguiremos superar as ciladas do inimigo; no segundo, a transfiguração de Jesus nos apontou sua divindade escondida em sua humanidade e nos acentuo a identidade dele, Filho amado de Deus; no terceiro, aprendemos que a conversão, antes que seja tarde demais, é a resposta adequada à paciência de Deus; no quarto, descobrimos que há um pai maravilhoso a nos esperar com um abraço de perdão e de amor. Hoje, quinto domingo, é dia de dizer como o salmista (125): “maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!”.
Toda a liturgia da Palavra é uma motivação para perceber a mão de Deus que sempre agiu em favor do povo. Libertou do Egito, da escravidão, da idolatria, da fome, da perseguição, abriu o mar vermelho para o povo passar a pé enxuto (I leitura). No final da leitura, uma grande alegria: Deus nos criou para o seu louvor! É verdade que quando olhamos para nossa caminhada, para nossa vida, podemos ver e sentir a mão silenciosa de Deus cuidando de cada um de nós. Por isso, é tempo de agradecer as maravilhas que Ele fez a nosso favor.
No evangelho, Jesus desmascara a hipocrisia de uma sociedade e de uma religião que não acolhe nem perdoa quem erra, mas pune com parcialidade. O adultério não é permito nem para o homem nem para a mulher. Se aquela mulher foi pega em flagrante adultério, onde estava o homem que foi surpreendido com ela? Ambos deveriam ser punidos. No entanto, só condenaram a mulher. Jesus, profundo conhecedor da Tora, e cheio de misericórdia e compaixão, lança um desafio para todos: quem não tiver pecado, atire a primeira pedra. Mas, ao dizer isso, Jesus estava no chão com a mulher. Deus vai à lama dos nossos pecados para nos resgatar; vai à sujeira do nosso mundo para nos limpar; vai ao submundo das nossas fragilidades para nos fortalecer. Só quem conhece a nossa história pode nos amar sem nos condenar. Foi isso que Jesus fez com aquela mulher adúltera. Desceu, com ela, nas feridas, nas dores, nas incompreensões e a amou misericordiosamente. Mas, a advertiu: mulher, ninguém te condenou, nem Eu. Vai e não peques mais. Jesus não a acolheu para ela voltar à vida de pecado, mas para uma vida de santidade. E, assim, ela o fez!
Então, Paulo, conhecedor dessa misericórdia de Deus pela humanidade, disse aos Filipenses: por causa de Jesus eu perdi tudo. Considero como o lixo tudo que me impede de ser de Jesus. A certeza de Paulo, de que Jesus era o único Senhor de sua vida, sua pérola mais preciosa, sua garantia e penhor de vida eterna. Continuou exortando: é preciso conhecer a Cristo, experimentar sua força, entrar em comunhão com seus sofrimentos e tornar-se semelhante a Ele. Por fim, Paulo nos lembra uma verdade maravilhosa: Cristo nos alcança sempre! Ele nos amou por primeiro. E o nosso prêmio, que Deus nos convida a receber em Cristo Jesus, é o céu, a vida eterna, a vida em Deus.
Para pensar: gostamos de ser desculpados e perdoados. Mas, será que estamos dispostos a fazer o mesmo diante dos pecados alheios? Quantas vezes não sentimos a tentação de jogar pedras em outras pessoas, não raro apenas ouvir falar mal de alguém ou por ver algum fato trágico no noticiário! Que Jesus nos dê um coração semelhante ao Dele.

sábado, 20 de março de 2010

Resultado

O encontro de liturgia realizado hoje dia 20/03 foi um sucesso. 8o pessoas participaram. O tema foi Pastoral da Acolhida. Obrigado aos organizadores!

terça-feira, 16 de março de 2010

CURSO DE LITURGIA.

Será no dia 20/03/10 na Igreja de Jesus Cristo Ressuscitado( Plataforma)
O curso será ministrado por Frei Mário Sérgio.

Saída da Igreja da Piedade às 12:15 com tolerância de horário até as 12:30hs.
A igreja estará disponibilizando um onibus para todos serem conduzidosao local sem custo de transporte

O horário de retorno será as 19:30hs (Chgando à Piedade exatamente entre 20:00 e 20:10) Quem puder, levar um pacote de biscoito ou um refrigerante para partilhar.
PROCURE O COORDENADOR DE SEU GRUPO OU MOVIMENTO PARA DAR SEU NOME, POIS A LISTA DE PARTICIPANTES DEVERÁ SER ENTREGUE NA SECRETARIA QUINTA-FEIRA, DIA 18/03

Será arrecadado R$ 3,00 (tres reais) para contribuir com as despesas da Igreja que nos acolherá. Frei Mário entregará ao Pe. Inácio.

"TODOS SÃO CHAMADOS E ESCOLHIDOS, RESPONDAM AS NECESSIDADES DA IGREJA DE JESUS CRISTO QUE NOS QUER CAPACITADOS PARA BEM SERVIR, EVANGELIZAR E ANUNCIAR COM MUITA DIGNIDADE".
Obrigada!
Coordenadora: Bete Moraes

sábado, 13 de março de 2010

QUARTO DOMINGO DA QUARESMA: reflexão da liturgia da palavra

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Não existe realização humana plena quando se está distante de Deus. Esse é um dos grandes ensinamentos da liturgia da palavra do quarto domingo da quaresma. A auto-suficiência é a raiz de todos os pecados. Quando o ser humano começa a querer viver prescindindo de Deus, começa a se desfigurar, a perder o referencial de si mesmo, e passa a viver de uma doce ilusão, a da onipotência humana. A parábola do pai misericordioso ou do filho pródigo (Lc 15, 1-3.11-32) narra a história de um filho que pediu a herança a que tinha direito e foi viver sua vida, gastar seu dinheiro com curtição, prostituição, orgias, bebedeiras. Não soube administrar a liberdade e o dinheiro fácil que ganhou. A miséria logo lhe abateu. Comeu com porcos. Sujeitou-se à escravidão para sobreviver. Essa história se repete em muitos corações, independente da idade. Andar sozinho é um risco muito grande. O jovem ao pedir a herança, acaba matando o pai em vida. Muitas vezes, matamos Deus dentro do nosso coração, das nossas opções, das nossas decisões, da nossa família, do matrimônio. E vamos buscar falsos prazeres longe Dele. Não tem erro: o mundo sempre destrói quem age assim.

A beleza dessa parábola está no coração daquele pai. Mesmo tendo sido morto pelo filho, que o rejeitou; mesmo ferido e magoado; mesmo sabendo que o filho iria sofrer muito, e sofreu mesmo; o pai nunca deixou de amá-lo verdadeiramente. Nunca mais saiu daquela janela, esperando o retorno do filho que ele já o considerava morto. Jesus contava isso para os fariseus e mestres da lei. Homens de uma moral e de uma conduta irrepreensíveis. Sentiam-se melhores do que os outros. Mais santos, mais puros, mais próximos de Deus. Porém, insensíveis e desumanos. Incapazes de reconhecer a fragilidade do outro e de estender-lhes a mão. Herdeiros de uma religião que oprimia, excluía, desprezava. A fúria que esses homens religiosos tinham contra Jesus era pelo fato de Jesus Cristo acolher pecadores. Esses homens religiosos era o filho que não teve a coragem de se relacionar intimamente com o próprio pai e, por isso, nunca experimentou da bondade daquele coração. Esse filho mais velho (fariseus e mestres da lei) não quis acolher o irmão que veio da lama, do pecado, da sujeira, das dores da vida. Eram religiosos sem misericórdia, que nunca agradaram ao Deus a quem tanto serviam.

Quando o filho tem a coragem de erguer a cabeça e voltar para a casa do pai, para ser escravo, foi surpreendido com acolhida paternal. O que tinha de melhor naquela casa aquele pai lhe ofereceu: novilho gordo, roupas novas, anel, sandálias. Tudo isso tinha uma forte motivação: aquele filho estava morto e agora ressuscitou! É, exatamente, o que Paulo vai dizer na segunda leitura (2 Cor 5, 17-21): “se alguém está em Cristo é uma criatura nova. O mundo velho agora desapareceu. Tudo agora é novo (v.17).” A atitude desse pai reflete o que Paulo iria dizer posteriormente: em Deus, que nos acolhe, somos novas criaturas! O apelo de Paulo é o grande grito de conversão da quaresma: “reconciliai-vos com Deus (v.20)”.

Claro que o pai não justifica, com a atitude de acolhimento, a loucura do filho. Jamais aquele pai faria isso, mas se alegrou porque o filho foi resgatado. Isso não dá a ninguém o direito de pecar porque Deus perdoa e acolhe, pelo contrário, é cada um assumir, responsavelmente, sua vida e viver em plena comunhão com Deus. Dizer não ao pecado sempre. Jesus, sem pecado algum, fez-se pecado pelos homens. Assumiu nossas dores e feridas para nos dar a graça de viver no Pai. Que ninguém caia na cilada de pedir a herança e partir pelo mundo. E, que ninguém tenha vergonha de reconhecer o erro e o pecado e voltar para os braços misericordiosos desse Deus-Pai de amor e de perdão.

E o filho mais velho, aceitou ou não, participar daquela festa da vida nova? O texto bíblico não responde. Qual é a nossa atitude diante do erro e do pecado do outro? Somos misericordiosos ou nos sentimos lesados? Somos egoístas ou estendemos a mão para quem quer recomeçar? Pensemos nessas atitudes todas e continuemos nossa caminhada quaresmal firmes em nossa meta: a ressurreição de Cristo, que é a nossa ressurreição também.
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Textos:
Js 5,9a.10-12
Sl 33
2Cor 5,17-21
Lc 15, 1-3.11-32

quinta-feira, 11 de março de 2010

ESCÂNDALO!!!

DEPOIMENTO:

Em 9 de março de 2010 18:04, Denise Noronha escreveu:

Dez dias após o carnaval, resolvi mergulhar com dois amigos na área do Farol da Barra para confirmar a notícia de que havia uma quantidade absurda de lixo espalhada pelo fundo do mar naquela área.
Mesmo com a água um pouco suja por causa das chuvas do dia anterior, logo identificamos o local. Na verdade o lixo não estava espalhado, mas concentrado em um canal provavelmente em razão do movimento das marés. Uma cena lamentável! Eram pelo menos mil e quinhentas latinhas metálicas e garrafas plásticas.

quarta-feira, 10 de março de 2010

REFLEXÃO PARA ABERTURA DO PROGRAMA DE RÁDIO

Não me arrependo de nada

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Quantas vezes ouvimos essa frase da boca de alguém? Digo mais, quantas vezes pronunciamos essa assertiva, inflamando nosso peito de um orgulho sem precedentes? Geralmente, quem assim se expressa, dar a entender que o arrependimento é um ato de covardia, de fracasso, de mediocridade ou coisas do gênero. Quando ouço essa frase, o meu sentimento é de que não estou diante de um ser humano, de uma pessoa normal, de um ser de possibilidades infinitas, inclusive de ter o direito de errar e reconhecer esse mesmo erro.

O arrependimento nasce da humildade. Ao que nos parece, a frase poderia ser reelaborada: não sou humilde! E a humildade é de uma beleza humana extraordinária. Humildade tem, em sua raiz etimológica, a idéia de terra, de areia, de barro. Humildade é ter a capacidade de saber o barro que se é. Como a idéia do não-arrependimento já destruiu tantos corações, tantas amizades, tantos relacionamentos, tantos casamentos, tantas famílias, tantos empregos, tantas esperanças. Errou e não assumiu o erro. Sempre colocando a culpa no outro. Não me arrependo de nada, pode-se entender como orgulho.

Uma pessoa sadia não tem receio em dizer que se arrepende de determinado deslize ou equivoco cometido na vida. Essa saúde psicológica, espiritual, existencial, faz-nos mergulhar nas profundezas do nosso ser e reconhecer nossas riquezas, nossas pérolas, nosso brilho interior, mas não nos faz cerrar os olhos para nossas fraquezas, nossas mazelas, nossos erros. Quanto mais humano me reconheço, tanto mais divinizado me sinto.

Convém não confundir arrependimento com remorso. O remorso é um castigo que a pessoa se impõe por um erro cometido ou qualquer outra atitude da qual não se perdoa. Por isso, se pune com toda força da alma. O remorso gera tristeza na pessoa; o arrependimento gera alegria verdadeira e duradoura. O remorso pode gerar um ódio contra si mesmo. Ele é auto-destruidor. É egoísta, só pensa na dor de si mesmo. O arrependimento é uma atitude de mudança para melhor. Ele é uma dor sentida por uma dor causada. Quem não se arrepende nunca, é um insensível. É alguém indiferente ao sofrimento causado ao outro.

O próprio Jesus exortava ao arrependimento (Mt 4, 17). O arrependimento do qual Jesus falava era do retorno sincero para Deus. Sem arrependimento não há salvação! Quando um pecador se arrepende, o céu treme de alegria. Na parábola da ovelha perdida (Lc 15, 17), o arrependimento de um pecador é mais festejado do que a beleza e a vida certinha dos santos, que já encontraram o caminho da vida nova. Na verdade, Deus não desiste de nós. Mesmo na lama das nossas misérias, das nossas imundícies, do nosso afastamento, ele sempre espera que, um dia, arrependamo-nos de coração sincero e voltemos para Ele.

Como na parábola do Pai Misericordioso ou do Filho Pródigo (Lc 15, 11-32), o grande prêmio do coração arrependido é um abraço do pai. Esse Pai é o próprio Deus. Não resista a esse abraço! Para que cultivar tanto orgulho no coração se os braços do pai estão abertos para nos acolher e devolver a dignidade de filho amados? O caminho é um só: reconhecer onde feriu alguém e pedir perdão. Ofensas por gestos, palavras, atitudes. Não seja indiferente a dor que sua atitude covarde causou em quem tanto você ama. Não seja desumano com a atitude que feriu o colega de trabalho, o amigo, o vizinho, ou quem quer que tenha sido. É sempre tempo de pedir perdão e recomeçar uma vida nova, um relacionamento novo, um casamento novo, uma família nova, uma amizade nova. Dê um basta em tanto orgulho. Arrependimento já.

segunda-feira, 8 de março de 2010

HOMENAGEM ÀS MULHERES

Mulher


Mulher pode ser firme como uma rocha,

Outras vezes delicada como uma flor.

Em seu peito a esperança lhe queima como uma tocha,

Em seus gestos transborda de amor.

Sorri, chora, sente medo,

Ao mesmo tempo em que sabe se encorajar.

Em sua alma sempre abriga algum segredo.

Em seus olhos uma vontade incomensurável de amar.

Não é preciso ser melhor ou pior do que o homem.

Ambos têm defeitos e qualidades, não há motivos para competição.

Com respeito, tolerância e ternura, as diferenças somem.

E a paz reina em seu coração.

(Sheila Magaly)

sábado, 6 de março de 2010

DIVULGANDO MEU NOVO CD

Hoje estarei no programa "Alô Juventude" pela Rádio Excelsior da Bahia www.am840.com.br com o jornalista Renê Vilela a partir das 15h. Fazendo um voz e violão apresentarei algumas canções do meu novo projeto Tua água, minha paz. O CD está em fase terminal, colocando as vozes agora. Depois, é só enviar para São Paulo e para finalização do projeto. Em breve o lançamento!

quinta-feira, 4 de março de 2010

“SOU O QUE SOU PELA GRAÇA DE DEUS” (I Cor 15, 10)

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Uma das mais fascinantes personalidades do mundo bíblico é Saulo de Tarso, que depois viria a ser Paulo de Tarso. Mudar de nome, era muito mais do que trocar uma identidade por outra, era, verdadeiramente, a marca de uma nova missão. Do latim “Paulus, Paullus”: pequeno. O maior evangelizador que o cristianismo já conheceu, era pequeno de nome. Em momento algum, Paulo escondeu sua personalidade. Era dotado de grande inteligência, capacidade administrativa, visão de mundo, mas um homem de temperamento muito forte, difícil de conviver. Paulo era um evangelizador urbano. Não teve medo dos desafios de evangelizar na cidade. Paulo foi se deixando moldar pelo Espírito Santo de Deus. A graça foi atuando em sua vida com muita intensidade. Aquele Saulo perseguidor, rigoroso e cruel, foi sendo quebrado, aos poucos, pela força da oração. Na verdade, não há coração impossível para a Palavra de Deus, na unção do Espírito, aquebrantar. Nem o de Saulo.

Podemos ser melhores do que somos. Podemos mudar nosso modo de ser e de agir. Basta querer! Cada um sabe onde deve mudar, onde deve melhorar, onde deve crescer. Não precisamos, necessariamente, que alguém nos diga onde podemos crescer em nossa vida pessoal. Sabemos, exatamente, como Paulo, quem é ou o que é o espinho em nossa carne (2 Cor 12, 7). Claro, existem muitas pessoas que não têm a mínima noção de quem são. Essa ignorância de si mesmo é fonte de muitas feridas ao longo da vida. Saulo é o homem (a pessoa) que cada um precisa abandonar, deixar para trás, apagar do próprio existir. Ser Paulo é nossa meta, isto é, apaixonar-se por Jesus e, por Ele, ser capaz de dar a vida inteiramente. Esse lado Saulo de nossa personalidade, teremos de aprender a conviver com ele. Sempre nos acompanhará.

Paulo foi um homem, completamente, seduzido por Deus. Ele abraçou a fé cristã com todas as fibras do seu ser. Mas, tinha consciência do vaso de barro que era (2Cor 4, 7). Trazia um tesouro de inestimável valor dentro de si, mas era uma pessoa frágil. Assim, somos nós! Portadores de um grande tesouro que, nem sempre, sabemos cuidar com esmero ou, na pior das hipóteses, nem sabemos que ele (o tesouro) existe dentro de nós. De que tesouro você é portador? Qual é a preciosidade que você carrega dentro de si? Somos mais do que nossos olhos podem ver!

É belíssimo o que Paulo escreve aos Filipenses: “eu considero que tudo é perda em comparação deste bem supremo que é o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por causa dele, eu perdi tudo e considero tudo como esterco, a fim de ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não já com uma justiça que seja minha, que venha da lei, mas com a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e se apóia na fé. Trata-se de conhecê-lo, conhecer o poder da sua ressurreição e à comunhão com os seus sofrimentos, de tornar-se semelhante a ele na sua morte, a fim de chegar, se possível, à ressurreição dentre os mortos. Não que eu já tenha alcançado tudo isso ou já me tenha tornado perfeito; mas arremeto para tentar alcançá-lo, porque eu mesmo fui alcançado por Jesus Cristo”. (Fl 3,8-12). Muitas vezes, queremos alcançar Jesus para que Ele mude nossa vida. Corremos para todos os lados, mudamos de religião, de igreja, de movimentos, de grupos... E esquecemos uma verdade vivida por Paulo: “eu mesmo fui alcançado por Jesus Cristo!”. É o Cristo que nos quer, antes mesmo, de nós o querermos. Basta saber parar e ouvi-lo chamar! Quando nos perdemos de Cristo, deixamos de ser pessoa. Vamos perdendo a graça e o egoísmo vai tomando conta de nosso coração, de nossas ações. Na vida, precisamos reconhecer o quem tem sido esterco para nós. Paulo descobriu. Pela fé, Paulo se abriu ao novo trazido por Jesus Cristo, e mudou para melhor.

Também podemos mudar! Se pelas minhas forças humanas, não sou capaz, pelo poder da Palavra de Deus e do Espírito Santo, eu posso. Aí sim, diremos como Paulo: “Sou o que sou, pela graça de Deus”. Pela graça, não sou arrogante, nem prepotente, nem humilhado, nem melhor do que os outros, nem mais importante. Pela graça, deixo o Cristo habitar em mim e conduzir meus passos. Nossa meta é um dia poder dizer como Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).

segunda-feira, 1 de março de 2010

Prêmio da música católica 2009

Com alegria, partilho com os irmãos o prêmio de revelação da música católica no ano de 2009. Eu tenho um projeto de evangelização com a música. Estou terminando a gravação do primeiro CD solo, com músicas e letras da minha autoria. Agradeço ao programa "Alô Juventude" e ao jornalista Renê Vilela, da www.am840.com.br, rádio excelsior da Bahia, a voz do Senhor do Bonfim. O meu projeto se chama " Tua água, minha paz". Em breve, lançamento do CD.