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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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SEMANA DA FAMÍLIA 2014

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Programa de Rádio - reflexão de abertura do Restauração - am840.com.br


Marcas do que se foi

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Difícil encontrar uma canção que traduza tanto o espírito do ano novo como essa: “Esse ano quero paz no meu coração (...) marcas do que se foi, sonhos que vamos ter, como todo dia nasce, novo em cada amanhecer!”. É uma música que traduz a esperança! Quando cantamos, a sensação é que o próximo ano será bem melhor, mais pacífico, mais fraterno. “O tempo passa, diz a canção, e com ele caminhamos todos juntos sem parar, nossos passos pelo chão, vão ficar”. É uma aposta de que tudo vai dar certo.

Final de ano é tempo de pensar no tempo. Para uns, passou depressa; para outros, foi um tormento; alguns nem se deram conta de que chegou o fim de 2010. Cada pessoas se relaciona com o tempo de forma subjetiva. Das invenções humanas, o tempo é a mais fantástica de todas. Sim, porque o tempo não existe! O homem, para se organizar melhor na terra, criou o tempo, dividiu os anos, os dias, as horas, os minutos, os segundos. Organizou e se escravizou. O tempo é senhor da vida de muita gente. Alguns fazem demais e nunca têm tempo para mais nada que não seja ganhar dinheiro ou correr atrás dele, esses são pobres e não sabem; outros se ocupam em fazer nada, esses morreram e não sabem; outros, enfim, fazem um uso inteligente do tempo e encontram tempo para tudo, esses vivem harmoniosamente.

Olhando para o tempo, podemos usar duas lentes: fé e descrença. O que foi 2010 para mim? A resposta depende da lente! O que espero em 2011? A resposta depende da lente! Se retiro Deus da história, vejo a trajetória de 2010 como um ano de catástrofes, perdas, mortes, misérias, destruições, enfim... Um caos! Essa é a lente da descrença, que não enxerga nada de bom nos acontecimentos da vida e da história; mas, se faço da história uma história da salvação, consigo ler os acontecimentos pelo ângulo da fé, da providência, dos pequenos milagres e, sobretudo, da esperança.

Que olhar voltaremos para 2010? Depressivo ou esperançoso? Que olhar lançaremos para 2011? Assustador ou esperançoso? Mudar a perspectiva do olhar pode mudar os rumos de nossas vidas, de nossas emoções, de nossos temores, de nossas experiências. Apegar-se a um  olhar de dor e sofrimento, é perder a capacidade de contemplar o novo trazido pelo tempo, que não é rotina, mas ritual. A vida precisa de ritos, eles dão significados gigantescos a coisas consideradas simples. Sem ritos, a vida se esvazia na mesmice.

O pequeno Príncipe não sabia a importância do rito, mas a raposa o ensinou: “(...) No dia seguinte o principezinho voltou. - Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...É preciso ritos...”. 2011 anunciou que iria chegar, tivemos tempo de nos preparar. Agora, é deixar a felicidade invadir nossos corações e abraçar o novo!

Não gostaria de finalizar esse momento, sem chamar o poeta Carlos Drummond para nos dar umas dicas para o ano de 2011: Jogar alguns pensamentos indesejados fora, lavar alguns tesouros que andavam meio enferrujados; Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e não quero mais; Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão: paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras que nunca queria ter dito, mágoas, lembranças de um dia triste; Aí, fui naquele cantinho, naquela gaveta que a gente guarda tudo o que é mais importante: o Amor, a Alegria, os Sorrisos e a Fé. Arrumei com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, coloquei perfume na esperança, passei um paninho na prateleira das minhas metas, deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista; Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças da infância, na gaveta de cima as da minha juventude e, pendurado bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar e de recomeçar.

Seja bem-vindo 2011 - Que venha trazendo muita paz, alegria e esperança! O segredo é nunca tirar Deus do coração!
Missa pelas intenções de cura e libertação toda terça-feira na Igreja da Piedade às 18h

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

ÚLTIMA TERÇA-FEIRA DE 2010

Na última terça-feira do ano de 2010 (28/12) a Igreja de Nossa Senhora da Piedade viveu seu maior apogeu: mais de 15 mil pessoas passaram pelas nossas 5 missas. Ouvindo o apelo da reitoria, os irmãos vieram de branco e trouxeram suas rosas para serem abençoadas. A Igreja estava, simplesmente, lotada em todos os horários. Apesar do calor e da falta de espaço, ninguém quis arredar os pés daquele lugar sagrado. Celebramos em plena unidade: Frei Jorge da missa das 8h30, Frei Elenilson da missa das 15h e eu das 18h, fizemos o circuito de todas as celebrações. Foi uma verdadeira maratona, mas demonstramos um trabalho feito em equipe, em fraternidade. Agradecemos a todos os fiéis, devotos de Santo Antônio, de Nossa Senhora da Piedade e amigos dos Capuchinhos que compareceram àquela belíssima expressão de fé e devoção!


sábado, 25 de dezembro de 2010

TV BAHIA AO VIVO

Hoje estarei ao vivo no Jornal do Meio Dia da TV Bahia às 13h, falando sobre o Natal e divulgando músicas do meu mais novo CD. Entre em sintonia e espalhe essa notícia!!!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Programa de Rádio - reflexão de abertura do Restauração - am840.com.br


O natal chegou!

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Parece que o tempo voa. O fim do ano está às portas. A sensação que temos é que o tempo tem passado muito depressa. Enfim, amanhã já é natal. E, em se falando de tempo, natal é o encontro do tempo com a eternidade, do krónos (tempo humano) com o kayrós (tempo de Deus), da onipotência da divindade com a fragilidade da humanidade.

A Encarnação do Verbo (nascimento de Jesus) muda o sentido do tempo. O movimento é descendente e ascendente. Deus desce e assume a carne humana, exceto no pecado; a humanidade sobe divinizando-se. O que nasce desse encontro é um novo homem, uma nova mulher, uma nova ordem mundial, um novo cosmos, uma nova história. Tudo se renova e se recria. O nascimento de Jesus foi algo tão extraordinário que a história ocidental se dividiu em antes de Cristo e depois de Cristo.

Cur deus homo? Por que necessidade e por que razão Deus, sendo Onipotente, tomou a humildade e a enfermidade da natureza humana para poder salvá-la? Perguntava Santo Anselmo (1033 – 1109). Em sua investigação sobre o tema, Santo Anselmo esclarecerá o que é pecar, isto é, é não dar a Deus aquilo que lhe é devido. Por que o coração humano vai de encontro à vontade de Deus? Como reparar essa culpa pelos pecados cometidos pelos homens? Deus se fez homem para que depois se tornasse uma oferenda agradável ao Pai e, por esse sacrifício, salvasse toda a humanidade.

O natal é a festa da exaltação da natureza humana. Ele é sempre um grito profético em favor da vida. Deus criou o homem para ser feliz, essa é a finalidade da criação. Mas, o pecado trouxe a tristeza para o coração humano. O natal é a graça de Deus derramada profusamente no coração da humanidade, devolvendo-lhe a alegria perdida pelo pecado. Natal é tempo de sorrir para a vida!

Precisamos tomar um cuidado muito especial nesse natal: que ele não seja um rito vazio ou que ele se perca nas sendas da cultura ou do folclore; mas, que o natal seja celebrado com gosto de conversão, de vida nova, de simplicidade e de humanização. Já nos advertia o profeta Isaías: "Esse povo me procura só de palavra, honra-me apenas com a boca, enquanto o coração está longe de mim. Seu temor para comigo é feito de obrigações tradicionais e rotineiras" (Is 29, 13).

O natal é uma festa de fé! Não abro mão dessa verdade. Não podemos deixar que o secularismo paganize nosso natal como sendo, apenas, uma festa de família, de troca de presentes, de pinheiros, de papai Noel, de renas, de neve, enfim... Ajuda muito a tornar o Natal a ocasião para um salto de fé, encontrar espaços de silêncio. Pare diante do seu presépio e contemple a cena: uma mãe-jovem, um pai, uma linda criança! E que a emoção tome conta do seu coração: Ele está no meio de nós! Feliz Natal!

sábado, 18 de dezembro de 2010


4º domingo do advento

Que a terra se abra ao amor e germine o Deus Salvador. Esse refrão de uma canção do advento retrata o sentido profundo dessa caminhada litúrgica que a igreja fez até chegar ao último domingo do advento. As leituras apontam para a revelação mais esperada de toda história da humanidade: Ele está no meio de nós! O nosso Deus é Emanuel – é um Deus conosco, em nós e por nós! Ele armou sua tenda no meio do seu povo. 

Isaías profetiza a chegada do Menino-Deus (Is 7, 10-141) e o evangelista Mateus vê, no nascimento de Jesus, o cumprimento dessa palavra (Mt 1,18-24). Paulo, na segunda leitura, confirma a profecia de Isaías e diz que Jesus é descendente de Davi e que ele mesmo, Paulo, tornou-se seu discípulo e missionário. 

O mais interessante da narração de Mateus é que a história do nascimento de Jesus é contada a partir da perspectiva de José, diferente de Lucas, que narra a partir de Maria. Ambos afirmam que a gravidez é obra do Espírito Santo. Porém, José assume a dianteira do texto. Homem justo, temente a Deus, José começa a viver uma profunda angústia, um drama interior muito intenso: abandonar Maria, denunciá-la ou aceitar que sua gravidez é obra de Deus? José amava Maria profundamente! Por isso, queria abandoná-la em segredo, silenciosamente, sem prejudicá-la. 

Deus intervém e, em sonho, confirma a obra do Espírito Santo na vida de sua esposa. E, o mais importante, Deus o convida para dar um nome à criança, isto é, assumir a paternidade e colocar o menino na descendência de Davi. E o nome é: Emanuel. Deus assume, radicalmente, seu amor pela humanidade e assume a carne humana. Ele veio viver as alegrias e as tristezas, os sonhos e as frustrações, os riscos e a beleza de ser gente. O sim de José protegeu e possibilitou o sim de Maria. 

A maior graça do advento é saber que Deus está conosco! Outra riqueza de valor inestimável no tempo do advento é o sentido da família. O Verbo se encarnou numa realidade concreta de família. Como Jesus veio ao mundo pobre de tudo, inclusive de sua divindade, encontrou sua riqueza numa família - Maria e José – suas únicas riquezas, seus únicos bens. Perceba que a riqueza de Jesus passa ao largo da materialidade, mas uma riqueza feita de gente, de calor humano, de aconchego, de cuidado, de carinho. O único bem de Jesus foi a sua família!

Espero que todos tenham feito um profundo retiro espiritual ao longo dessas quatro semanas do advento, aprofundando o verdadeiro sentido do nascimento do Menino-Jesus, o sentido de ser família, de saber que Deus assumiu nossas dores e veio viver entre nós. Que o nascimento de Jesus nos ajude a viver como irmãos.

  1. Primeira leitura - Is 7,10-14
  2. Segunda leitura - Rm 1,1-7
  3. Salmo - Sl 23
  4. Evangelho - Mt 1,18-24

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Programa de Rádio - reflexão de abertura do Restauração - am840.com.br


Natal violento

Frei Mário Sérgio, ofmcap

O natal se aproxima, trazendo uma mensagem de amor e de esperança, de vida nova e de novos sonhos e, sobretudo, uma mensagem de paz. É o nascimento do Menino-Jesus. O Emanuel, Deus Conosco. Na ternura e na fragilidade de uma criança, depositamos a confiança num mundo de justiça e de paz.

Em quantos corações essa mensagem conseguiu entrar? Em quantas mentes a mensagem de natal causou uma revolução do amor? Quantos já se sensibilizaram com o clima de natal, de paz, de fraternidade, de respeito, de cidadania, de fé? O comércio já anunciava o natal desde outubro, criando necessidades em todos e tentando desviar o foco do verdadeiro sentido da festa: a Encarnação do Verbo.

Faltam menos de duas semanas para o nascimento de Jesus e a violência parece crescer em todos os cantos da nossa cidade. Violência vergonhosa, vexatória, escandalosa, cruel. Violência como omissão dos governantes, da falta de políticas públicas, da ganância e da desonestidade de alguns; violência como fruto de um país corrupto e desigual. Violência que está mais perto de nós do que possamos imaginar. Que natal queremos celebrar com tanta gente morrendo, matando, assaltando, feridos, machucados, famintos, desabrigados...

A violência não tem coração, não respeita idade, não contempla rosto de ninguém, não respeita privacidade alguma... Violência que denuncia, espiritualmente, a falta de Deus no coração de inúmeros homens e mulheres.  Violência que vitimou nosso irmão Zezito Nery, nosso operador de rádio da Excelsior AM, na manhã de ontem (quarta-feira). Dentro de sua casa, no aconchego do seu lar, ao lado de sua família, logo no amanhecer, quase ao despertar, foi surpreendido com vários assaltantes que lhes desferiram dois tiros, que lhe perfurou vários órgãos vitais. Poderia ter sido mais uma morte para as estatísticas da Secretaria de Segurança Pública. Mas, Deus o protegeu naquele momento e nosso irmão não corre risco de morte, graças a Deus.

Na pessoa de Zezito Nery, penso em todos os pais de família honestos, trabalhadores, responsáveis, gente de bem, que lutam por um país melhor, mais justo, mais seguro e têm suas vidas ceifadas pela marginalidade que, para alimentar seus vícios e seus luxos, não tem o mínino de respeito pela vida. Matam sem piedade, sem dó alguma. Mas, como falei anteriormente, a violência não tem respeito pela vida: são fetos, bebês, crianças, jovens, adultos, idosos, todos são vitimados. E, por Zezito Nery, eu pergunto: até quando conviveremos com essa barbárie em nossa cidade?

Afinal, somos cristãos! Não podemos, jamais, perder a esperança num mundo melhor; não podemos perder a fé na vida e na pessoa humana; não podemos nos esquecer de que Deus está no comando de todas as coisas e que, na verdade, é o homem que não se abre para a graça, para uma mudança profunda de vida. Não queremos um natal violento! Embora Jesus nascesse vitimado pela violência do seu tempo (exclusão, abandono, desabrigo, pobreza), mas a sua presença em nossa vida deve ser geradora de paz e de bons sentimentos.

Quero dedicar o quadro Restauração desta quinta-feira ao meu amigo e irmão Zezito Nery e a toda sua família, pedindo pela saúde dele e pela breve recuperação para voltar às suas atividades normais, sem seqüelas algumas.