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Família e advento

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Desde o dia 28 de novembro (domingo) que a igreja vive um novo tempo em sua caminhada litúrgico-pastoral: tempo do advento. Algumas palavras nos ajudam a entender esse tempo: esperança, expectativa, libertação, luz, sonho, amor. A lista seria enorme, mas o advento é o tempo que nos prepara para o nascimento (natal) do Filho de Deus, o Emanuel (Deus Conosco). Por isso, o advento é o tempo da expectativa da vinda do Messias, que nos trará a libertação, acendendo a luz em meio às trevas do pecado da humanidade, possibilitando o sonho de Deus para todos – um novo céu e uma nova terra – enchendo os nossos corações de amor e de esperança.

O advento dura quatro ricas semanas, de 28 de novembro a 24 de dezembro pela manhã. É um grande retiro espiritual para nos preparar para o maior evento da humanidade: Deus se fez carne e veio armar sua tenda entre nós. É a festa da encarnação do Verbo! Nosso Deus desceu à nossa história e nos elevou à Trindade. Ele veio viver entre nós, do nosso jeito, igual a nós em tudo, exceto no pecado. A encarnação do Verbo é a festa da auto-estima elevada do homem e da mulher, isto é, somos tão importantes aos olhos de Deus que ele nos criou e quis experimentar a sua criatura por excelência: a pessoa humana.

Outra riqueza de valor inestimável no tempo do advento é o sentido da família. O Verbo se encarnou numa realidade concreta de família. Como Jesus veio ao mundo pobre de tudo, inclusive de sua divindade, encontrou sua riqueza numa família - Maria e José – suas únicas riquezas, seus únicos bens. Perceba que a riqueza de Jesus passa ao largo da materialidade, mas uma riqueza feita de gente, de calor humano, de aconchego, de cuidado, de carinho. O único bem de Jesus foi a sua família!

Preparar-se para celebrar o nascimento de Jesus, é aproveitar o tempo do advento para ser família. Uma família todos têm, uma família poucos são! Não aceitemos um natal, apenas, de troca de presentes e ricos manjares, mas queiramos um natal pleno de perdão, de acolhimento, de espiritualidade, de proteção, de amor, isto é, de família. Não abra mão de estar com sua família neste natal. Talvez contando as mesmas histórias, rindo dos mesmos causos, chorando as mesmas lembranças, repetindo o cardápio do natal passado, mas família é isso mesmo: todo mundo junto, relembrando momentos, multiplicando sonhos, repartindo sofrimentos, mas unidos num mesmo ideal.

Sugiro que você tenha a coragem de pedir perdão aos seus familiares que lhe feriram ou que você feriu; sugiro que você ligue ou mande um email para aquele parente que você nunca mais teve contato por displicência, esquecimento ou orgulho mesmo; sugiro que você faça as pazes com seu sogro ou sua sogra, natal é tempo propício para esses momentos fortes; sugiro que você faça uma celebração do perdão e do amor em sua família e todos se dêem um abraço e um beijo carinhoso; sugiro que você dê mais atenção àquele filho rebelde, que lhe desafia todo dia a ser melhor; enfim, o que desejo, profundamente, é que o seu natal seja diferente, seja de muita paz e de muito amor, seja família. É isso!!!