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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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SEMANA DA FAMÍLIA 2014

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Programa de Rádio - reflexão de abertura do Restauração - am840.com.br


NOSSO NATAL ACABOU
Frei Mário Sérgio, ofmcap

"Nosso Natal acabou, compramos a árvore, mas vamos ter que passar a noite na rua", disse chorando a auxiliar de escritório Patrícia Rodrigues, de 24 anos, moradora de uma casa que desabou na Zona Leste de São Paulo. Deparei-me com essa notícia nesta quinta-feira pela manhã. Cena comum, relatos que quase não nos dizem mais nada, famílias que perdem tudo e aparecem nas mídias e depois somem com a mesma velocidade, choros que não nos sensibilizam mais, afinal, estamos acostumados com toda essa miséria e falta de respeito com a dignidade humana.

Fiquei pensando no sofrimento de Patrícia lá em São Paulo, mas sem esquecer os nossos irmãos da nossa cidade, do nosso bairro, nosso vizinho, que passam por situações semelhantes ou piores ainda. O peso do sofrimento desses irmãos que perdem tudo ou que nada possuem se acentua pelos apelos do mercado por um natal que só terá sentido se for vivido na dimensão do consumismo desenfreado e irracional. É o natal pagão, onde se pensa em tudo, menos no homenageado, o Menino-Jesus.

Mas, o drama de Patrícia me fez memória daquele dia, em Belém, onde a Sagrada Família não encontrou repouso nem hospedagem em lugar algum. Não teria sido o mesmo sofrimento daqueles que perdem tudo? O Filho de Deus nasceria desprovido de tudo, até de um lugar digno para vir à luz. “Nosso natal acabou”, esse foi o desabafo de Patrícia. O sofrimento daquela família, que ficou sem teto, desabou, também, a esperança, abalou o sentido da vida, destruiu sonhos... E o natal de Jesus se atualiza na vida dos pobres! E Patrícia continua: (...) vamos ter de passar a noite na rua. Até 1,8 milhão de pessoas vive nas ruas no Brasil, de acordo com um levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social feito com base em 76 municípios. 

Tanta gente vivendo na rua! Como será o natal desses irmãos? Muitos comerão lá pela madrugada, quando os banquetes acabarem nas mesas fartas e, para evitar o desperdício, darão aos pobres, isto é, comerão o resto dos outros; muitos religiosos irão para as ruas com um caldo quente, uma sopa, um agasalho, um pão e darão conforto momentâneo aos pobres de rua; outros nem se lembrarão deles; empresários abrem os bolsos e ajudam também. Então, faço a mesma pergunta que tem mexido muito comigo nesse advento: qual é a dimensão sócio-transformadora do meu natal? Do seu natal? Do nosso natal? 

E o natal de Jesus se atualiza nos nossos tempos: famílias sem teto, sem pão, sem o mínimo necessário para viver, sem emprego, sem perspectivas. Para os pobres - um natal sem ceia; para os fartos - um natal sem paz! Para quem esbanja - um natal sem consciência; para os desprovidos - um natal como um outro dia qualquer; para quem crer em Jesus – um natal de partilha e solidariedade; para os que não crêem em nada – um natal humanista. Que o desabafo de Patrícia nos faça pensar: em que eu posso ajudar para que o natal do outro não seja tão sofrido?

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