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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

TRANSFIGURADOS COM CRISTO

Frei Mário Sérgio, ofmcap

“Naquele tempo, Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a um alto monte. E transfigurou-se diante deles. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra as pode fazer assim tão brancas. Apareceram-lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus. Pedro tomou a palavra: Mestre, é bom para nós estarmos aqui; faremos três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias. Com efeito, não sabia o que falava, porque estavam sobremaneira atemorizados. Formou-se então uma nuvem que os encobriu com a sua sombra; e da nuvem veio uma voz: Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o. E olhando eles logo em derredor, já não viram ninguém, senão só a Jesus com eles. Ao descerem do monte, proibiu-lhes Jesus que contassem a quem quer que fosse o que tinham visto, até que o Filho do homem houvesse ressurgido dos mortos. E guardaram esta recomendação consigo, perguntando entre si o que significaria: Ser ressuscitado dentre os mortos”. (Marcos 9, 2-10)

Hoje, dia 06 de agosto, a Igreja celebra a festa da Transfiguração do Senhor. Também somos convidados a subir a montanha. Lá em cima o ar é mais puro, o horizonte mais amplo e, numa visão bíblica, Deus está mais próximo. O cume de uma montanha sempre foi cenário de teofanias bíblicas (Theophania: Téo= Deus, Fania= manifestação, aparição). Não é que Deus precise descer para falar com os homens, mas os homens precisam subir das realidades e caminhar até lá onde o céu e o sol ficam mais perto.

O Homem Jesus de Nazaré desvela, na transfiguração (mudança de imagem), a face divina de Deus, presente em união plena de naturezas (humana/divina) Nele. É o antegozo do céu.. Foi a plenitude de sua aparência divina, que se desfigurará na cruz, em outra montanha, no Calvário, ao assumir as dores e os pecados da humanidade. Jesus de Nazaré é o Transfigurado/Desfigurado. O Crucificado/Ressuscitado. Pregar outro Cristo é esvaziar o Evangelho. Acreditar num outro Cristo é seguir uma ilusão. Quando Jesus levou Pedro, Tiago e João para Vê-lo de forma gloriosa, era para que eles não tivessem medo da face ensangüentada, limitada, humilhada, de morte, no dia de sua paixão, também, gloriosa na madeiro.

Não podemos optar por uma figura de Cristo: transfigurada ou desfigurada. Não podemos escolher o Cristo do Tabor (transfigurado) ou do Gólgota (desfigurado/crucificado). Da luz ou da cruz. Precisamos assumir a totalidade do Cristo, rosto divino do homem, rosto humano de Deus. Só assim, seremos transfigurados e transfiguraremos o mundo ao nosso redor.

Somos feitos para a luz, fomos feitos para resplandecer no mundo nosso rosto glorioso, transfigurados pela certeza de que Deus nos ama e nos quer, no protege e nos guia... Mas, por vezes, somos tomados pelas dores e feridas do nosso próprio viver, e nos desfiguramos, perdemos a beleza de sermos verdadeiras imagens de Deus. Meu ódio me desfigura, só o amor transfigura! Minha baixa auto-estima me desfigura, só o meu amor próprio me transfigura! A mágoa que guardo me desfigura, só o perdão que dou e me dou me transfigura! Minha prepotência e arrogância me desfiguram, só minha humildade e leveza me transfiguram.

O desejo de Pedro é, por vezes, o nosso também: “Mestre, é bom para nós estarmos aqui!” Quem um dia experimentou o céu, nunca mais terá vontade de voltar para a vida chata, problemática, confusa, medíocre, rotineira, desgastante de sempre... Jesus, Mestre em não nos deixar cair em tentação, lembra para Pedro e para nós também: a vida não é tecida, apenas, de retalhos de tristezas, sofrimentos e dores, tem algo mais para apreciar. Assim, quem foge dela (é bom estarmos aqui) pode correr o risco de não experimentar o lado transfigurado que Deus nos proporciona... Faça da sua desfiguração uma bela, resplandecente e gloriosa transfiguração. O convite de Jesus para descer da montanha é, exatamente, o desafio que Ele nos lança: mergulhar em nossos limites, fragilidades, pobrezas, crises e vislumbrar, e disso somos capazes, a fagulha de eternidade que ainda teima em brilhar e arder dentro do nosso ser.

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