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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

SEDE DE DEUS

Frei Mário Sérgio, ofmcap.

Uma das experiências mais fortes para se falar da necessidade de Deus na vida da pessoa é a sede. Sem dúvida alguma, o fato da bíblia ter nascido de povos do deserto, nada mais lógico do que falar de Deus a partir da realidade em que se vive. Deserto é lugar de falta, de privação, de necessidades... Dentre elas, a necessidade de água para sobreviver. O deserto é o lugar dos “anjos e dos demônios”, espaço transitório, onde o destino se vai descobrindo à medida que se vai avançando. Ocasião de descoberta dos sinais de Deus.
A aridez espiritual é uma das grandes queixas das pessoas ultimamente. Falta de coragem para rezar, a famosa falta de tempo para as coisas de Deus, falta de ânimo, de entusiasmo, preguiça. É o momento de deserto de cada um. Continuamos homens e mulheres do deserto. Sedentos, cansados, fatigados, decepcionados, em busca permanente, construindo a própria estrada, partilhando o reduzido cantil, tendo a promessa como horizonte, a sede como certeza.
O salmista (41,2-3) partilha sua experiência de sede: “Como a corça suspira pelas águas da torrente, assim minha alma suspira por vós, Senhor. Minha alma tem sede do Deus vivo”. Só a fé nos faz caminhar no deserto, quando o destino é incerto, quando a dúvida é o alimento e quando o horizonte é o desalento. Muitas vezes somos cisternas secas. Vazias de Deus, porque vazias de nós mesmos. Não acreditamos no potencial da fé que carregamos dentro do nosso ser, como que um selo desde a nossa concepção. Somos ricos da graça de Deus e nos conformamos com a mendicância do nosso próprio sentido de viver, porque todos os dias procuramos no poço das nossas rotinas a água que não mata a sede. Mas, também, vivemos na insatisfação e na procura permanente de uma água viva que dura para sempre, e todos acabamos por encontrá-la na pessoa de Cristo.
Ser cristão é mais que professar uma religião. É iniciar uma experiência de vida. Pergunto para você: para que morrer de sede com uma fonte de água cristalina tão perto do seu alcance, tão dentro de sua vida, tão impregnada no seu ser? Não adianta fugir de Deus, correr para longe dele, esconder-se. Não adianta querer saciar sua sede de infinito, de sentido da vida, de realização pessoal bebendo de outras águas, às vezes sujas, duvidosas... Só Deus tem a água certa para sua sede!
Quando nós procuramos a Deus é porque Ele já havia perguntado por nós. Deus ama todas as pessoas sem se repetir em ninguém, é amor personalizado. É pena que temos sede de Deus, mas nem sempre temos coragem de pegar a água que Ele tem nos ofertado largamente. É só estender a mão. Ele entende nosso mais tímido olhar. Compreende o gesto mais simples de que somos capazes de dirigir-Lhe. Uma coisa é certa: morremos de sede espiritual porque queremos, água viva nunca nos falta!
Muita sede se mata com pouca água. É com esse paradoxo que finalizo essa reflexão. Um período longo de sede debilita o corpo, que perde, para além de água, sais minerais, que controlam a entrada e a saída de líquido nas células. Nesse caso, água em excesso ocasiona um inchaço nas células! Se esse inchaço for no cérebro, pode matar! Aproxime-se de Deus aos poucos, devagar, sem pressa... Beba lentamente da água do Espírito. Sinta o seu espírito se revigorar aos poucos, gradativamente. É hora de bebida isotônica, que contenham sais minerais (leitura da Palavra de Deus, vida de oração cotidiana, vida de sacramentos, prática da caridade, etc.). De Deus, sempre teremos sede. E o poço está sempre à frente, por isso caminhemos com nossos cântaros na certeza de que Jesus, o Bom Pastor, sempre nos dará água viva que jorra do seu coração.

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