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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A graça supõe a natureza

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Quem foi que nunca se sentiu abandonado por Deus? Quem nunca teve a sensação de estar rezando em vão? Quem nunca disse: eu rezo, mas nada muda em minha vida, em meu casamento, em minha família, em meu ambiente de trabalho? Nossa relação com Deus, por vezes, é muito confusa. Na verdade, precisamos curar a imagem que temos de Deus. É importante lembrar que fomos feitos à sua imagem e semelhança e não o contrário. Esse contrário, projetar um deus às nossas necessidades, é ateísmo. A questão é simples: como tenho colaborado para a graça de Deus mudar a minha vida?
A Graça é a vida de Deus na vida do homem. É um dom, por isso, ninguém a recebe por mérito próprio, mas pela benevolência de Deus. Mas, a Graça só opera na vida de quem se abre à sua intervenção. A graça não agride a liberdade humana, tão sagrada aos olhos de Deus. Muitas vezes queremos curas, milagres, transformações. Publicamos aos quatro cantos que acreditamos no Deus do impossível. Porém, o nosso coração se abriu à Graça Divina? A Graça é um dom que ajuda a natureza humana a agir bem! A Graça é o socorro divino à natureza humana ferida pelo pecado que a despessoalizou (neologismo!).
A colaboração humana é imprescindível para que a graça opere no ser de cada um. Nós agimos, mas Deus opera em nosso agir. Natureza e graça não são forças que se opõem, mas que se irmanam, se ajudam. Creio que em todo coração humano existe um desejo profundo de ser melhor, de ser mais, de se curar das feridas, de ser considerada uma pessoa boa, justa, fraterna, equilibrada. No fundo, todos querem acertar, cada um ao seu modo particular. Porém, se nos deixarmos levar pelas nossas conveniências, pelos nossos achismos, pelos nossos preconceitos, pelos nossos quereres, fazemos do outro um objeto de nossas manipulações.
Viver é conviver! Nossa presença nos lugares, por certo, torna-se um peso, um desconforto, motivo de irritações, chateações, porque não queremos mudar nosso modo de ser e de agir. E ninguém tem a obrigação de suportar a nossa natureza desencontrada. E, ainda, há que diga: eu sou assim mesmo e não mudo! Ora, a Graça é, exatamente, para nos mudar. Para aperfeiçoar a nossa natureza decaída. Dizer que não muda, é o mesmo que dizer que Deus não é capaz de transformar-me, o que seria um absurdo! Deixar a Graça agir é dolorido demais. Cauterizar nossos pecados pode ser uma experiência de sofrimento, mas, sobretudo, de cura. Por isso, prefere-se dizer: sou assim e não mudo. Isto é, não quero sentir a dor que minha mudança me provocará.
Como posso colaborar com a Graça? Algumas pistas: pela fé, abrir o coração para a vontade de Deus; querer mudar de vida; agir menos pelos impulsos e mais pela obediência à Palavra de Deus; ter os limites sempre à sua frente e assumi-los como parte de sua vida, tornado-os aliados potenciais de sua mudança interior; despertar para consciência de que fui feito para o bem; praticar o amor, o perdão e a misericórdia. E muito mais! Espero que você tenha compreendido, um pouco, porque você reza, pede a Deus alguma coisa, alguma libertação, alguma cura interior, uma transformação em seu ambiente familiar ou profissional, e não se sente contemplado em seus pedidos: você se abriu, verdadeiramente, à Graça de Deus? Lembre-se, a Graça supõe a natureza humana. E a aperfeiçoa. (Santo Tomás de Aquino).
Sem o seu esforço pessoal, na vida de oração, no combate espiritual cotidiano, você pode morrer de pedir, mas nunca vai experimentar a graça da mudança, da conversão. Deus não pode lhe salvar sem sua permissão. “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, Comigo” (Ap 3.20). Jesus espera ouvir a voz do seu interior para entrar em sua casa.

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