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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Abertura do programa de rádio - segunda-feira das 16h às 17h - www.am840.com.br


Perdi a minha fé
Frei Mário Sérgio, ofmcap

            O tempo passa, as coisas evoluem, as pessoas mudam, as religiões correm atrás dos novos rumos da sociedade para estabelecer um diálogo sempre atual com os novos arranjos sociais e culturais. O mundo muda e não pergunta para a religião a opinião dela, muito menos pergunta a direção que deve tomar. Simplesmente, a sociedade se transforma. Como toda mudança, perde-se algo aqui, ganhe-se algo ali. Por isso, é muito comum uma pessoa fazer o desabafo de que perdeu a fé. 

            Perder a fé é algo mais complicado do que se pensa. Depois, a fé é um caminho sem retorno, só tem passagem de ida. Por isso, afirmo que ninguém perde a fé. Ora, e que nome podemos dar ao sentimento de vazio interior, da perda de confiança em Deus, do descrédito com o mundo, da falta de confiança nas pessoas? Dê-se o nome que quiser, menos de perda de fé. O que pode estar acontecendo comigo é me decepcionar com algo referente à religião; posso ter me ferido por alguma perda material ou de alguém que amo e quero culpados para isso, de modo particular, culpo a Deus; posso, ainda, perder o sentimento de religiosidade, que é uma herança cultural; posso entender que a religião cerceia a minha liberdade, o que me faz pensar que não ter uma fé seja o melhor caminho para mim; posso ter entrado na faculdade, aprofundado algum estudo e acreditar que a religião só fez mal à sociedade; posso ter lido algum filósofo ou cientista que me deixaram confuso. E tantas outras questões! 

            O que acontece com muita gente, quando diz que perdeu a fé, é não saber nomear objetivamente seu problema, seus dramas, seus questionamentos, suas angústias. Eu costumo pensar no ateísmo sob duas perspectivas: a intelectual e a afetiva. O ateu intelectual é coisa rara de se ver, porque ele tenta negar, racionalmente, a possibilidade da existência de um ser transcendente, absolutamente Outro. Esses ateus são raríssimos. O outro tipo, que é o mais comum, é o ateu (perda de fé) afetivo, isto é, fez uma experiência ferida de Deus ou de alguma religião e por isso diz que perdeu a fé. 

            Tem muita gente que se considera ateu só porque leu alguma teoria, algum livro, algum pensamento; ou porque abraçou uma ideologia, uma militância qualquer, um movimento seja ela qual for. É ateu por causa de um pensamento que não lhe pertence, mas apenas se identificou. Talvez não seja nem a sua profunda experiência com o sagrado, mas ele achou que seria moderno, “Cult”, libertário, reacionário, se considerar uma pessoa sem fé. Na verdade, quando temos a oportunidade de aprofundar um diálogo com esses pseudo-ateus, percebemos que eles são descrentes por questões afetivas e não intelectuais. 

            Muitas vezes, os filhos se dizem sem fé para afrontar a fé dos pais; os esposos se consideram sem fé para machucar o outro que é bem religioso; outras vezes, os jovens se dizem sem fé para serem aceitos em determinados grupos. Porém, quando a dor bate à porta, quando as decepções se tornam mais acentuadas, quando as perdas os machucam profundamente, a pequena fagulha da fé se acende dentro de cada ser humano. Muitos apagam essa chama, mesmo com a certeza de que ela se acendeu; outros aproveitam a oportunidade que a escola da vida lhes deu e aceitam que a fé pode ser um excelente caminho de crescimento, de aceitação de determinados dramas, de superação de tantos outros desafios e, o melhor de tudo, de que a fé é o combustível do bom viver.

2 comentários:

  1. Muio bom meu amigo. Continui assim levando mensagens ao nosso povo e desmistificando algumas questões da atualidade.
    Pe. Gilson, CSsR. Missionario no Suriname

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  2. Tu me faz ver a fé sem culpa,sem medos e sem preconceitos, te agradeço por isso.

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