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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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domingo, 7 de agosto de 2011

REFLEXÃO DO 19º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!


Frei Mário Sérgio, ofmcap

            A pergunta sobre o lugar de Deus ou onde estava em determinada situação ou, ainda, como perceber a ação de Deus hoje, na sociedade, na vida de cada um, no mundo como todo, não é nova, pelo contrário, vem desde o momento da criação. A busca por Deus é incessante e faz parte da antropologia humana. Neste domingo, duas teofanias (manifestações de Deus) irão nos ajudar a pensar o lugar e a presença de Deus no mundo criado: Elias e a tempestade no mar.

            O cenário do evangelho de hoje é bem significativo: o mar da Galiléia. Mas, o que vem antes de ir ao mar é importantíssimo: a multiplicação dos pães. Jesus acabara de realizar o milagre da partilha, da multiplicação dos pães, onde todos comeram, mais de cinco mil homens, sem contar crianças e mulheres, e sobraram vários cestos de pães. Aqui a tentação de um messianismo triunfalista, de atrair multidões, da fama e das glórias humanas. Jesus, totalmente, desprovido de vaidades, apenas consciente de sua missão, convoca os discípulos para atravessarem o mar, isto é, preserva os discípulos da vaidade, da perda do foco, da devoção das multidões e leva-os à compreensão exclusiva da missão de fazer o bem.

            Depois de despedir as multidões, Jesus manda os discípulos se adiantarem, entrando na barca e Ele retirou-se para orar. Grande lição de Jesus: somos operários da messe, por isso, nunca perder a consciência que fazemos a vontade do Pai. Jesus foi agradecer pelo dia, por ter cumprido a missão, por ter saciado a fome daquela multidão e, sobretudo, por ter glorificado o Pai dos céus.          

O mar era o habitat de vários discípulos de Jesus. Homens que viviam da prodigalidade do mar da Galiléia. Portanto, conhecedores daquela geografia, dos mistérios daquele mar, da força de suas ondas e de seus ventos. Mas, a barca onde estavam começa a ser agitada pelas ondas e pelos ventos contrários. A sensação é de medo, de pavor, de fragilidade, de morte. Sem Jesus na barca, é mais difícil superar as dificuldades do mar, isto é, dos problemas da vida e da missão. Mas, algo extraordinário estava acontecendo naquele momento: Jesus foi ao encontro dos discípulos caminhando sobre as águas. Eis a lição: só Jesus, Deus Conosco, é capaz de passar por cima de nossos problemas.

Outro risco que corremos, e os discípulos passaram por isso, é incapacidade de perceber que Jesus vem ao nosso encontro em nossos momentos de aflição, de desânimo, de perda de sentido da vida, de crises, e achamos que se trata de um fantasma, de um delírio, de uma assombração. A verdade é que Deus nunca abandonará seus filhos nas barcas da vida (sociedade gananciosa, famílias destruídas, comunidades de base, vida pessoal-emocional-relacional, grupos e movimentos, e outros) ao naufrágio. É preciso passar do medo para a fé. E, nos problemas e dificuldades, nunca duvidar da presença do Cristo a nos ajudar, a nos animar, a nos encorajar.

Essa barca é a imagem da Igreja. Os ventos contrários são as idéias, o secularismo, o ateísmo crescente, as perseguições, as revoltas pelos valores defendidos por ela, mas as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. O Cristo é o grande timoneiro dessa embarcação. O mar pode agitar-se como for, mas o Cristo sempre vem em socorro da sua esposa, da sua comunidade, da sua Igreja. Não temos porque duvidar da santidade da Igreja do Senhor. Ela tem marcas e cicatrizes humanas, seu lado de pecado; mas, sua dimensão divina é muito maior.

Precisamos descobrir os sinais de Deus nessas situações. Por vezes, parece que Ele está ausente, mas está tão perto! Elias, na primeira leitura, ficou à espera de Deus e queria percebê-lo nos gritos e barulhos da natureza: vento impetuoso, terremoto, fogo. Deus não se confunde com a sua criatura. Muitas vezes, queremos ditar o modo de Deus chegar em nossas vidas, sem deixar que ele próprio se manifeste. A ansiedade de Elias era tamanha, que ele perdeu a graça da espera. Quando Elias aquietou o coração, deixou Deus ser Deus em sua vida, ele O percebeu no murmúrio de uma brisa suave. Deus lhe apareceu da maneira que Elias menos esperava, no silêncio que Elias não tinha feito até então.

Por fim, o salmista (Sl 84) pedia ao Senhor que lhe mostrasse Sua bondade e lhe concedesse a salvação. Esse belo hino é um convite a ouvir o que o Senhor nos que falar, é a paz que ele vai anunciar. Em meio às nossas tempestades, nossos medos e preocupações, só a presença de Jesus Cristo nos trará a verdadeira paz e a serenidade que  a nossa barca precisa (nosso coração, nossa família, nossa comunidade, nossa igreja). Deixemos o nosso medo de lado e caminhemos ao encontro do Senhor por cima do mar de nossos problemas. Nele, somos mais que vencedores! 

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  1. Primeira leitura - 1Rs 19,9a.11-13a
  2. Segunda leitura - Rm 9,1-5
  3. Salmo - Sl 84
  4. Evangelho - Mt 14,22-33

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