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domingo, 3 de outubro de 2010

Reflexão do evangelho do 27º domingo do tempo comum (03/10/10)

Frei Mário Sérgio

Muita fé. Pouca fé. Nenhuma fé. Dilemas que perpassam a liturgia da Palavra desse domingo. Habacuc (1,2-3; 2,2-4), grita seis séculos antes de Cristo: até quando, Senhor? Os apóstolos no evangelho de Lucas (17, 5-10), pedem que o Senhor lhes aumente a fé. E Paulo, escrevendo a Timóteo (2Tm 1,6-8.13-14), pede para que a comunidade mantenha acesa a chama do carisma que existe dentro de cada um deles. Portanto, a fé é o tema central da reflexão das leituras. Só a fé mantém o justo de pé.
Na virada do milênio, o tema da fé voltou com muita força. Pensava-se que o ser humano não daria tanta importância aos aspectos da religiosidade. Porém, esse tempo trouxe, consigo, uma descrença muito grande. Uma dúvida que extrapolou o mundo religioso e pairou sobre a sociedade como um todo. Descrença nos grandes sistemas que mantém a sociedade funcionando, isto é, uma crise política, social, cultural, econômica. Uma tremenda falta de perspectiva de vida, sobretudo assombrando os corações juvenis. O que antes era um problema de religião, agora é um grande problema humano-existencial. Com a perda da fé, a perda de muitos valores que alicerça o viver humano.
“Senhor, aumentai a nossa fé”! A esse apelo dos discípulos Jesus responde de forma surpreendente: não precisamos de uma fé grande, mas uma fé de qualidade. Pequenina como uma semente de mostarda, mas que faça a diferença no meio em que vivemos. Jesus quer que tenhamos uma fé autêntica. Uma fé que seja capaz de testemunhar os valores do evangelho de forma profética e libertadora. Uma fé que ouça e dialogue com as ciências, mas que não precise delas para sua autenticidade. Uma fé que nos lança no abismo do acreditar, mas que não se torna um simples caminhar pela escuridão, mas que seja uma expressão do abandono nas mãos de Deus.
A fé não é uma credulidade infantil, que simplesmente crer e ponto final; mas, a fé precisa de uma boa base humana para amadurecer aos poucos e gradativamente. A fé adulta é uma aceitação responsável, pessoal e crítica, da verdade de Deus. Nossa fé deve ser inteligente. O mundo precisa das razões da nossa fé. Não é que o conteúdo da fé mude, pelo contrário, mas as perguntas são novas, os contextos são outros e a fé precisa dialogar com o mundo em que ela está situada. A fé, também, não é um simples conjunto de teorias sobre Deus. Não basta citar a Bíblia em todas as falas, não basta saber o catecismo decorado. A fé transcende a linguagem, que é sempre insuficiente para falar das coisas de Deus. Mas, a verdadeira fé é uma adesão à pessoa de Jesus Cristo. O cristianismo não é seguimento de puras doutrinas bem elaboradas, mas o seguimento da pessoa de Jesus de Nazaré, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Em meio a todos sobressaltos, nossa fé precisa alimentar-se cotidianamente. Por isso, Paulo exorta a manter a chama do carisma acesa. O mundo e suas indiferenças podem desanimar qualquer cristão. As dificuldades da vida podem esfriar qualquer crente. Alguns intelectuais ateus já disseram que a fé é um ópio na vida do povo. Tiraram a fé da existência humana e deram uma sobrecarga de angústia e desespero. A fé não pode resumir-se a um amoleto da sorte, a imagem de um santo em casa ou num carro ou escritório, ou resumir-se a uma celebração de ano em ano por ocasiões diversas. A fé não é uma anestesia para enfrentar a dor do viver. Nem tão pouco a fé é uma certeza de retorno financeiro ou econômico. Portanto, os discípulos de Jesus, iluminados pelo Espírito Santo, devem agir desinteressadamente no serviço de Deus e dos irmãos em favor da vida.

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