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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

DIA DOS FIÉIS DEFUNTOS

A VIDA CONTINUA

Frei Mário Sérgio, ofmcap

A dor de perder alguém que amamos é muito difícil de ser superada, de ser administrada, de ser ressignificada. Muitas pessoas morrem com aqueles seus parentes ou amigos que morreram. Perdem a alegria e a motivação para o próprio viver. Nesse sentido, a fé cristã é um caminho de integração dessas dimensões do existir. Aprendemos que a vida continua, mesmo depois da morte.

O luto causa uma dor uma dor terrível em que o sente. É a dor de amar. Em seu livro “A dor de amar”, o psicanalista J. D. Nasio dirá que a dor de amar é uma lesão do laço íntimo com o outro, uma dissociação brutal daquilo que é naturalmente chamado a viver junto. Assim, vamos compreendendo a dor que sentimos com a perda daqueles a quem amamos. Mas, essa dor não pode nos matar também. Quanto mais se ama, mais se sofre.

O luto não pode ser patológico, isto é, adoecer para sempre aquele que ficou vivo. Muitas pessoas convivem com a dor do ser amado há anos. Nunca cicatriza. Nunca supera. É tempo de voltar a viver. A palavra é “ressignificar” a presença do outro em mim. Quem morreu, vive de uma forma diferente em que ficou. Esse é o caminho saudável de superação da dor da morte. O que dói não é perder o ser amado, mas continuar a amá-lo mais do que nunca, mesmo sabendo-o irremediavelmente perdido.
Alguns pais que perderam seus filhos; alguns casais que ficaram viúvos; algum amigo que perdeu o amigo amado; às vezes esperam que um dia o outro que morreu entre pela porta de casa e volte ao convívio dos seus. Essa ilusão é a pior forma de superar o luto. Ficar de luto é aprender a amar de outra forma o morto, amá-lo sem o estímulo de sua presença viva.

Uma palavra do apóstolo Paulo aos Coríntios enche-nos de vida nova, de alegria e de alento: “O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isto Deus preparou para aqueles que o amam (1Cor 2,9)”. Paulo nos convida a pensar a vida a partir de Deus. Viver é um misto de certezas e incertezas; de ser e não-ser; de ir sem saber se volta; de dormir sem certeza do acordar; viver é experimentar a própria finitude. Se formos inculcar essas idéias, ficaremos loucos. Por isso, só Deus nos faz repousar tranqüilos. Nossa vida está nas mãos Dele. Ele cuida de nós. Sem a esperança em Deus, porém, as esperanças humanas se transformam em ídolos.

O Padre Marcos de Lima tem um belo poema sobre a esperança: “Peregrinos, não por evasão, mas por insatisfação; não por insensibilidade, mas por insaciabilidade. Toda terra estranha é para eles uma pátria e toda pátria lhes é uma terra estranha. Saborear o desassossego e o encanto das buscas. Não se cansar. A meta é o Pai. A casa própria não é aqui”. Supera o luto quem compreende a dimensão da vida eterna. Quanto mais mergulhamos em Deus, tanto mais aprenderemos a viver, experimentando a morte como uma páscoa, isto é, como uma passagem para a plenitude da vida.

Por fim, cuidar para que a perda de alguém que amamos não nos leve à depressão. Não podemos ficar obcecados por quem morreu; não precisamos ter raiva de quem morreu, como se ele tivesse nos abandonado; não precisamos alimentar sentimentos de culpa, achando que não fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para que ele sobrevivesse, mas abrir-se para novas possibilidades que a vida oferecerá. Com o passar do tempo, as pessoas em sofrimento, através da atenção e dos cuidados dos amigos, família e igreja, adaptam-se à perda e se recuperam sem a necessidade de um profissional de saúde mental. Nunca esquecer: a oração é um caminho seguro para nos ajudar a conviver com a perda de quem amamos.

Um comentário:

  1. "Na perda de alguém que amamos,nossas atitudes passam a ser reflexos de nossas vontades,daí,controlar nossos impulsos,pode parecer reprimente,porém revela até onde vai,nosso domínio sobre nós mesmos."

    Vinicius

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