Frei Mário Sérgio, ofmcap
Não existe realização humana plena quando se está distante de Deus. Esse é um dos grandes ensinamentos da liturgia da palavra do quarto domingo da quaresma. A auto-suficiência é a raiz de todos os pecados. Quando o ser humano começa a querer viver prescindindo de Deus, começa a se desfigurar, a perder o referencial de si mesmo, e passa a viver de uma doce ilusão, a da onipotência humana. A parábola do pai misericordioso ou do filho pródigo (Lc 15, 1-3.11-32) narra a história de um filho que pediu a herança a que tinha direito e foi viver sua vida, gastar seu dinheiro com curtição, prostituição, orgias, bebedeiras. Não soube administrar a liberdade e o dinheiro fácil que ganhou. A miséria logo lhe abateu. Comeu com porcos. Sujeitou-se à escravidão para sobreviver. Essa história se repete em muitos corações, independente da idade. Andar sozinho é um risco muito grande. O jovem ao pedir a herança, acaba matando o pai em vida. Muitas vezes, matamos Deus dentro do nosso coração, das nossas opções, das nossas decisões, da nossa família, do matrimônio. E vamos buscar falsos prazeres longe Dele. Não tem erro: o mundo sempre destrói quem age assim.
A beleza dessa parábola está no coração daquele pai. Mesmo tendo sido morto pelo filho, que o rejeitou; mesmo ferido e magoado; mesmo sabendo que o filho iria sofrer muito, e sofreu mesmo; o pai nunca deixou de amá-lo verdadeiramente. Nunca mais saiu daquela janela, esperando o retorno do filho que ele já o considerava morto. Jesus contava isso para os fariseus e mestres da lei. Homens de uma moral e de uma conduta irrepreensíveis. Sentiam-se melhores do que os outros. Mais santos, mais puros, mais próximos de Deus. Porém, insensíveis e desumanos. Incapazes de reconhecer a fragilidade do outro e de estender-lhes a mão. Herdeiros de uma religião que oprimia, excluía, desprezava. A fúria que esses homens religiosos tinham contra Jesus era pelo fato de Jesus Cristo acolher pecadores. Esses homens religiosos era o filho que não teve a coragem de se relacionar intimamente com o próprio pai e, por isso, nunca experimentou da bondade daquele coração. Esse filho mais velho (fariseus e mestres da lei) não quis acolher o irmão que veio da lama, do pecado, da sujeira, das dores da vida. Eram religiosos sem misericórdia, que nunca agradaram ao Deus a quem tanto serviam.
Quando o filho tem a coragem de erguer a cabeça e voltar para a casa do pai, para ser escravo, foi surpreendido com acolhida paternal. O que tinha de melhor naquela casa aquele pai lhe ofereceu: novilho gordo, roupas novas, anel, sandálias. Tudo isso tinha uma forte motivação: aquele filho estava morto e agora ressuscitou! É, exatamente, o que Paulo vai dizer na segunda leitura (2 Cor 5, 17-21): “se alguém está em Cristo é uma criatura nova. O mundo velho agora desapareceu. Tudo agora é novo (v.17).” A atitude desse pai reflete o que Paulo iria dizer posteriormente: em Deus, que nos acolhe, somos novas criaturas! O apelo de Paulo é o grande grito de conversão da quaresma: “reconciliai-vos com Deus (v.20)”.
Claro que o pai não justifica, com a atitude de acolhimento, a loucura do filho. Jamais aquele pai faria isso, mas se alegrou porque o filho foi resgatado. Isso não dá a ninguém o direito de pecar porque Deus perdoa e acolhe, pelo contrário, é cada um assumir, responsavelmente, sua vida e viver em plena comunhão com Deus. Dizer não ao pecado sempre. Jesus, sem pecado algum, fez-se pecado pelos homens. Assumiu nossas dores e feridas para nos dar a graça de viver no Pai. Que ninguém caia na cilada de pedir a herança e partir pelo mundo. E, que ninguém tenha vergonha de reconhecer o erro e o pecado e voltar para os braços misericordiosos desse Deus-Pai de amor e de perdão.
E o filho mais velho, aceitou ou não, participar daquela festa da vida nova? O texto bíblico não responde. Qual é a nossa atitude diante do erro e do pecado do outro? Somos misericordiosos ou nos sentimos lesados? Somos egoístas ou estendemos a mão para quem quer recomeçar? Pensemos nessas atitudes todas e continuemos nossa caminhada quaresmal firmes em nossa meta: a ressurreição de Cristo, que é a nossa ressurreição também.
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Textos:
Js 5,9a.10-12
Sl 33
2Cor 5,17-21
Lc 15, 1-3.11-32
sou ouvinte da radio ecelsom amo os progamas me realizo e me fortaleço a cada dia com as oraçoes rezo por cada um de voçes um grande abraço maria helena da cidade de valença
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