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quarta-feira, 10 de março de 2010

REFLEXÃO PARA ABERTURA DO PROGRAMA DE RÁDIO

Não me arrependo de nada

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Quantas vezes ouvimos essa frase da boca de alguém? Digo mais, quantas vezes pronunciamos essa assertiva, inflamando nosso peito de um orgulho sem precedentes? Geralmente, quem assim se expressa, dar a entender que o arrependimento é um ato de covardia, de fracasso, de mediocridade ou coisas do gênero. Quando ouço essa frase, o meu sentimento é de que não estou diante de um ser humano, de uma pessoa normal, de um ser de possibilidades infinitas, inclusive de ter o direito de errar e reconhecer esse mesmo erro.

O arrependimento nasce da humildade. Ao que nos parece, a frase poderia ser reelaborada: não sou humilde! E a humildade é de uma beleza humana extraordinária. Humildade tem, em sua raiz etimológica, a idéia de terra, de areia, de barro. Humildade é ter a capacidade de saber o barro que se é. Como a idéia do não-arrependimento já destruiu tantos corações, tantas amizades, tantos relacionamentos, tantos casamentos, tantas famílias, tantos empregos, tantas esperanças. Errou e não assumiu o erro. Sempre colocando a culpa no outro. Não me arrependo de nada, pode-se entender como orgulho.

Uma pessoa sadia não tem receio em dizer que se arrepende de determinado deslize ou equivoco cometido na vida. Essa saúde psicológica, espiritual, existencial, faz-nos mergulhar nas profundezas do nosso ser e reconhecer nossas riquezas, nossas pérolas, nosso brilho interior, mas não nos faz cerrar os olhos para nossas fraquezas, nossas mazelas, nossos erros. Quanto mais humano me reconheço, tanto mais divinizado me sinto.

Convém não confundir arrependimento com remorso. O remorso é um castigo que a pessoa se impõe por um erro cometido ou qualquer outra atitude da qual não se perdoa. Por isso, se pune com toda força da alma. O remorso gera tristeza na pessoa; o arrependimento gera alegria verdadeira e duradoura. O remorso pode gerar um ódio contra si mesmo. Ele é auto-destruidor. É egoísta, só pensa na dor de si mesmo. O arrependimento é uma atitude de mudança para melhor. Ele é uma dor sentida por uma dor causada. Quem não se arrepende nunca, é um insensível. É alguém indiferente ao sofrimento causado ao outro.

O próprio Jesus exortava ao arrependimento (Mt 4, 17). O arrependimento do qual Jesus falava era do retorno sincero para Deus. Sem arrependimento não há salvação! Quando um pecador se arrepende, o céu treme de alegria. Na parábola da ovelha perdida (Lc 15, 17), o arrependimento de um pecador é mais festejado do que a beleza e a vida certinha dos santos, que já encontraram o caminho da vida nova. Na verdade, Deus não desiste de nós. Mesmo na lama das nossas misérias, das nossas imundícies, do nosso afastamento, ele sempre espera que, um dia, arrependamo-nos de coração sincero e voltemos para Ele.

Como na parábola do Pai Misericordioso ou do Filho Pródigo (Lc 15, 11-32), o grande prêmio do coração arrependido é um abraço do pai. Esse Pai é o próprio Deus. Não resista a esse abraço! Para que cultivar tanto orgulho no coração se os braços do pai estão abertos para nos acolher e devolver a dignidade de filho amados? O caminho é um só: reconhecer onde feriu alguém e pedir perdão. Ofensas por gestos, palavras, atitudes. Não seja indiferente a dor que sua atitude covarde causou em quem tanto você ama. Não seja desumano com a atitude que feriu o colega de trabalho, o amigo, o vizinho, ou quem quer que tenha sido. É sempre tempo de pedir perdão e recomeçar uma vida nova, um relacionamento novo, um casamento novo, uma família nova, uma amizade nova. Dê um basta em tanto orgulho. Arrependimento já.

Um comentário:

  1. "Deus fez do arrependimento a virtude dos mortais." Que nos nunca percamos esta virtude
    Deus lhe abençoe pela reflexão.

    um forte abraço
    Cláudia Sampaio

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