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SEMANA DA FAMÍLIA 2014

domingo, 11 de abril de 2010

Tomé e nossas incredulidades

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Sempre que rezo, pensando na misericórdia de Deus, uma reflexão não sai da minha mente e do meu coração: misericórdia é uma atitude que NASCE quando quase tudo está MORTO. Em Jesus Cristo, plenitude da misericórdia do Pai, podemos experimentar essa realidade. Todas as pessoas que tiveram a graça de um encontro pessoal com Filho de Deus chegaram mortos em alguma dimensão da vida. E saíram banhados pela misericórdia infinita. É próprio da misericórdia de Deus fazer a vida renascer onde só havia entulhos, sujeira, desamor, tristeza, depressão, dor e sofrimento. Por isso, exultamos como o salmista (Sl 117): “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom! Eterna é a sua misericórdia”.

O segundo domingo da páscoa é dedicado à Divina Misericórdia. E, toda a liturgia da Palavra, leva-nos a mergulhar nesse oceano de graças que emanam do peito aberto de Nosso Senhor na cruz. O Ressuscitado faz sua aparição para toda a comunidade reunida. Estavam com as portas fechadas, por medo. Não muito diferente é o nosso coração. Temos medos que nos paralisam, bloqueiam-nos, faz-nos desistir de metas e sonhos. Muitos acreditam nos seus próprios fracassos e vivem como se mortos fossem. Mas, o Ressuscitado, ao aparecer aos discípulos, a primeira atitude é devolver a paz aos corações aflitos: “A paz esteja convosco!” (Jo 20,19). Sem paz interior, é mais difícil, ainda, experimentar a presença do Cristo Ressuscitado em nosso meio.

Quem é mesmo o ressuscitado? Uma imaginação coletiva dos discípulos? Um fantasma ou uma assombração? É o passo seguinte que o Cristo dará para abrir a inteligência dos discípulos. O Ressuscitado é o mesmo Crucificado! Quem prega a ressurreição sem a cruz, esvazia a missão redentora de Jesus. Então, o Cristo mostra as marcas da cruz. Cada discípulo pode ver com os próprios olhos, sentir, observar. De fato, Ele vive! Depois que todos viram que era, verdadeiramente, Jesus de Nazaré, receberam a paz novamente e o envio missionário. Ninguém pode guardar o Cristo para si. Ele não é propriedade de nenhuma comunidade, de nenhum discípulo. O Cristo Ressuscitado deve ser uma realidade para toda a humanidade. Portanto, é necessário anunciá-Lo.

Outro dom do Ressuscitado, para a comunidade dos discípulos, é a missão de perdoar os pecados: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles serão retidos” (Jo 20,23). Perdoar pecados não é um ato, apenas, moral; mas, é possibilitar, ao outro, uma vida nova. Por isso, o sacramento do perdão dos pecados chama-se Sacramento da Misericórdia, exatamente, pela vida nova que ele oferece a quem tem a humildade de se reconhecer pecador. Os pecados são perdoados pelo Espírito Santo dado, pelo Ressuscitado, aos discípulos. Descubra a graça, a beleza e a eficácia desse belíssimo sacramento!

Por fim, a liturgia da Palavra lança-nos um desafio e faz-nos uma denúncia. Quando o Ressuscitado saiu da presença da comunidade dos discípulos, apareceu, em cena, uma figura interessantíssima e controversa: Tomé. Não se sabe por quais motivos, mas ele não estava na primeira aparição do Cristo. Ao saber da notícia, ele duvidou. Aqui está a denúncia: como apresentamos o Cristo vivo para os outros? Se a ressurreição de Jesus não for uma convicção em minha vida, em meu coração, em minhas atitudes, nunca terei como demonstrar, ao outro, ao mundo, à minha família, que Ele vive! Se os discípulos estivessem empolgados, felizes, com cara de vida nova, eu duvido que Tomé não acreditasse. Claro que ele iria acreditar, porque os outros falariam de Jesus com verdade e vida.

Oito dias depois, o Cristo Ressuscitado aparece, e as portas ainda continuam fechadas (Jo 20,26). Como o ser humano é lento para acreditar, para se lançar... Todos, ainda, acomodados. Quando Jesus entra naquele recinto, devolve, mais uma vez, a paz. Claro, portas fechadas, sinônimo de medo ainda, logo, de ausência de paz. E, acontece o inusitado: o Ressuscitado permite ser tocado pela incredulidade de Tomé. O único que teve a graça de tocar na fonte da misericórdia: as chagas de Jesus. Depois que Tomé toca no Cristo, nasce o desafio: “E não sejas incrédulo, mas fiel” (Jo 20, 27). É isso mesmo, o Ressuscitado nos pede, apenas, uma coisa: fidelidade. Temos sido fiéis ao Cristo? Graças a Tomé, o Ressuscitado faz uma única bem-aventurança: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20, 29).
Que nossa fé no Ressuscitado nos torne, cada dia mais, verdadeiros discípulos missionários do Senhor. E, que possamos declarar sempre: Meu Senhor e meu Deus.

Um comentário:

  1. Pra variar o texto é sensacional!
    Muito, muito, muito bom! Encaminharei aos demais amigos para que possam também experimentar desse momento especial de reflexão, proposto pela leitura deste maravilhoso texto.

    PARABÉNS!
    BEIJÃO MEU AMIGO!

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