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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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SEMANA DA FAMÍLIA 2014

sábado, 25 de fevereiro de 2012

I DOMINGO DA QUARESMA - ANO B

O dilúvio e o deserto
Frei Mário Sérgio, ofmcap

O primeiro domingo da quaresma traz uma provocação extraordinária para a nossa vivência de fé: o compromisso batismal. As implicações que derivam desse sacramento ainda não foram suficientemente compreendidas pelos cristãos. Na carta de Pedro, o batismo está na perspectiva da graça, da ressurreição e não em função primordial do pecado. É para tomar consciência da ressurreição. A quaresma é o tempo batismal por excelência. É caminho de travessia do árido deserto às terras férteis. É lugar de provação e de tentação. Provação de Deus em relação à nossa fé e às nossas opções e tentação do demônio de nos propor um caminho mais fácil, mais rápido e, certamente, de infelicidades e desencontros.
 
Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito. No deserto, ficou por 40 dias e foi tentado pelo demônio. Para assumir a missão, Jesus foi provado à exaustão. Precisou discernir o caminho que iria tomar ao sair do deserto, lugar da provação. E agora, serei um messias triunfalista, correndo atrás da fama e do prestígio ou serei um restaurador de vidas no que elas têm de mais vulnerável? Serei pastor de ovelhas ricas e gordas ou irei atrás das pobres, machucadas, desvalidas? Vou para o trono de ouro ou para o madeiro da cruz? Sem dúvida, Jesus fez seu retiro espiritual porque precisa do silêncio para aquietar seu coração. Mas, Deus também silenciou no tempo em que Jesus estava no deserto?

O anúncio de Jesus de Nazaré ecoava naqueles desertos afora: convertei-vos, o Reino já chegou! Sem a devida e dolorosa mudança interior, nunca conseguiremos enxergar a novidade trazida pelo Cristo: o reino está entre nós! Assim, como Noé passou o tempo todo construindo a arca e convidando o povo a uma mudança de vida, de comportamento, de atitudes e não foi ouvido, parece que o anúncio de Jesus também passa pelos mesmos percalços. Jesus, hoje, é cheio de fãs, pelo mundo inteiro; mas, tenho minhas dúvidas se Ele tem muitos discípulos ultimamente.

O dilúvio, portanto, é o lugar das consequências do pecado da humanidade. Foi a falta de obediência (escuta) aos mensageiros de Deus. Foi o espaço da soberba humana que acha não precisar de Deus para nada. Mas, a água da destruição quando vem, arrasa tudo, destrói e devasta. A água sempre toma o espaço que lhe roubaram. Se as águas do dilúvio destruíram e mataram, as águas do batismo regeneram e ressuscitam.

Por fim, em nossa vida concreta, de modo particular nos desafios da Campanha da Fraternidade 2012 – Fraternidade e saúde pública – nosso povo e nós mesmos, passamos por momentos de dilúvios e desertos: um dilúvio de gente nas filas dos postos e hospitais; um dilúvio de irmãos nos corredores, morrendo à míngua sem a atenção devida; um dilúvio de dinheiro público desviado dos projetos para saúde; um dilúvio de necessitados de remédios caríssimos que roubam a pobre aposentadoria dos idosos; e muitas outras situações. Ao mesmo tempo, um deserto de compromisso com o dinheiro do povo; um deserto de dignidade para os doentes, onde todo mundo se sente fraco, vulnerável, desrespeitado... São tantos desertos que nosso povo tem de atravessar para continuar sobrevivendo!Todos os setores precisam de conversão: a igreja, as pastorais, a política, os movimentos, a sociedade em geral. Pensem bem, esses setores somos nós e nossos engajamentos e atitudes! Conversão já! 

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