EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA
Frei Mário Sérgio, ofmcap
Pregar sobre a vida eterna é um dos maiores desafios para um pregador. Comumente, fala-se de coisas do cotidiano, de amenidades, faz-se aplicação direta entre evangelho e vida, mas tocar no assunto da vida eterna parece que gera certo desconforto. Na verdade, tem-se a sensação de que as nossas assembleias querem ouvir falar da vida terrena, querem dicas para superar desafios, querem bênçãos para seguir caminhos e projetos. Falar de vida eterna é falar do assunto mais temido da humanidade: a morte.
Neste quinto domingo da quaresma, o tema é vida e morte. O cenário é a morte e a chamada “ressurreição” de Lázaro. Não é, certamente, a ressurreição gloriosa, mas o cumprimento do sétimo sinal profético sobre o Messias: ressuscitar os mortos. Então, Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus, o Ungido, o Messias. Jesus é apresentado como a causa da vida e da ressurreição do amigo Lázaro. É pela força do Espírito que Jesus opera milagres, sinais.
A narração do evento é rica em detalhes: Jesus é avisado, chora, depois chega à casa das irmãs de Lázaro, ouve o desabafo de Marta e ressuscita Lázaro em seguida. O texto sugere uma intimidade entre Jesus e aquela família e sinaliza a confiança de todos em seu poder. Marta tinha certeza de que a presença de Jesus é geradora de vida, de cura e de libertação: “Se estivésseis aqui, meu irmão não teria morrido”. Assim, uma vida sem Jesus, uma família sem Jesus, um matrimônio sem Jesus, relacionamentos sem Jesus, projetos sem Jesus, também morrem.
A doença de Lázaro não era para a morte, mas para a glória de Deus. Naquele momento da ressurreição de Lázaro, para além de um espetáculo, acendia-se uma certeza em todos os corações: Eu sou a ressurreição e a vida, quem quer em mim, mesmo que morra viverá, mostrou Jesus! O amor de Jesus por aquela família o fez chorar pela situação de morte e de tristeza que imperava naquele ambiente. As lágrimas de Cristo santificam todas as lágrimas que nascem do amor e da dor. Aquele lar era a casa onde Jesus descansava e se fortalecia para a missão. Imagino que deveria ser a casa das muitas histórias, das narrações dos milagres, da descontração, dos risos, das verdadeiras partilhas, o que é comum quando amigos se reúnem.
Chega o momento mais esperado: o mestre manda tirar a pedra, ao que todos reclamam, já está fedendo porque faz quatro dias que está morto. Jesus disse: não te disse que se acreditasses verás a glória de Deus? O milagre serviria, apenas, para que todos acreditassem que Jesus era o Filho de Deus. Assim, precisamos reafirmar nossa fé em Jesus, em seu poder, em suas palavras de vida eterna e continuar anunciando para esse mundo de morte que Jesus é a vida plena e abundante. Tem muitos Lázaros mortos esperando que Jesus os tire do sepulcro do vazio existencial, da depressão, das drogas, da infelicidade, da frustração, dos vícios. Que tenhamos a coragem de levar Jesus até esses sepulcros para que todos experimentem a vida nova inaugurada por Ele.
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