A semana santa na vida da igreja e na minha vida
Frei Mário Sérgio, ofmcap
A Semana dos grandes mistérios da nossa fé chegou. Paixão, morte e ressurreição de Jesus, o ponto máximo de tudo quanto acreditamos. A Igreja abre o seu baú e retira coisas novas e coisas antigas. O rito é o mesmo há milênios, mas as pessoas, os momentos, as realidades, a visão de mundo e de gente, são profundamente diferentes, o que torna o rito sempre atual. Não podemos pensar que a semana santa não tem nada de novidade, que tudo é velho e sem graça, nada disso!
É preciso deixar que a luz dos acontecimentos da vida de Jesus ilumine nossas dores e alegrias hoje. Por isso, a palavra-chave para viver esses mistérios é mergulhar. A ideia do mergulho é interessante: estamos enxutos, secos, arrumados e quando criamos coragem de enfrentar a água, sua temperatura, seus desafios, e entramos nela, somos totalmente invadidos pela vida da água. Somos água naquele momento. A sensação é deliciosa: frescor, paz, leveza, liberdade, alegria, equilíbrio, enfim. Saímos da água, totalmente, diferentes de como entramos.
Minha Semana Santa só será diferente se eu me permitir mergulhar nos mistérios de Cristo. Mergulhar na Quinta-feira Santa nas águas da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio e deixar-me lavar os pés, aprendendo o valor do serviço na comunidade dos seguidores de Jesus e na sociedade; depois, ter a coragem de mergulhar no sangue de Cristo que nos lava e alveja nossas vestes na Sexta-feira da Paixão, momento da dor cruel que dilacerou o corpo do nosso Redentor, que não hesitou em dar a sua vida por amor aos homens e mulheres. Também temos nossas cruzes, nossos sofrimentos, nossas dores e nossas pequenas mortes. Jesus nos ensinará a grande lição: ninguém morre quando ama de verdade. E, por fim, o mergulho por excelência, o banho dos banhos nas águas do batismo para ressurgir criaturas novas. Banhados em Cristo, somos uma nova criatura, as coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo, diz a canção.
Tenho certeza de que aqueles e aquelas que se permitirem mergulhar na beleza da Semana Santa farão um grande bem a si mesmo. Não perca esse momento de fé e piedade cristã em passeios de farras, bebedeiras, curtições e esquecimento de Deus. O mundo está de cabeça para baixo exatamente porque os homens e mulheres estão virando as costas para Deus, não estão vivendo sua fé, e não são capazes de descobrir o essencial em meio aos prazeres efêmeros que a vida oferece. Podemos fazer tudo isso, passear, descansar, estar com quem amamos e não se esquecer de Deus, participando das celebrações da Semana Santa. Por fim, lembro que a Semana Santa pode ser uma grande oportunidade da família se reunir e rezar junta. De que família estou falando? Dos vários modelos que se configuraram e do modo que a sua é. Nesta Semana Santa seja feliz ao lado de Deus e perto das pessoas que você ama.
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