26º Domingo do Tempo Comum – ano A
Frei Mário Sérgio, ofmcap
Estamos no domingo da parábola dos dois filhos. A Palavra de Deus é sempre atual. Se identificarmos esses dois filhos como sendo Israel e os gentios, podemos dizer, sem medo de errar, que em todos os lugares, a idéia dos filhos continua presente: o da coerência e o da incoerência. Narra o texto evangélico que o pai chamou dois filhos para trabalharem na vinha. O primeiro disse que iria e não foi; o segundo, disse que não iria e foi. Jesus pergunta: quem fez a vontade do pai? A resposta é: aquele que foi.
Interessante pensar a religião nessa perspectiva: uma vivência da fé, apenas, como algo subjetivista, não constrói comunidade. É pouco dizer que crer! É verdade que a fé é o alicerce de tudo o mais que se possa erigir acima dela, mas uma fé que não tem a coragem de ir ao campo das necessidades mais prementes carece de dar um passo além. Dizer que vai assumir um compromisso e não o faz, é uma tremenda falta de responsabilidade. Da mesma forma, dizer que não vai assumir trabalho algum, caracteriza um fechamento para o serviço, mesmo que depois se arrependa e vá. São duas atitudes condenadas no evangelho de hoje.
Dentro desse contexto de coerência e fé, a leitura de Ezequiel (18, 25-28) é um forte apelo à conversão pessoal, individual. Diz o texto: “Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá, não morrerá”. Por uma conduta correta, de acordo com a Palavra de Deus, fundamentada em valores éticos e morais, tornam a vida humana mais leve, mais fraterna e mais suportável. Viver assim, não é um peso para ninguém, mas transparece o que verdadeiramente somos: imagem e semelhança de Deus.
O exemplo de uma vida coerente vem do próprio Jesus. Na carta aos Filipenses (2, 1-11), um dos textos mais preciosos das cartas paulinas, Jesus é apresentado como totalmente desprovido de sua Divindade, por amor e obediência, para ser um de nós exceto no pecado. Assim, quem quiser viver a plenitude da vontade do Pai, precisa ter “os mesmos sentimentos que existe em Cristo Jesus”. O esvaziamento de Jesus foi o seu mergulho da condição humana. A atitude de Jesus não foi, em nada, parecida com as dos dois filhos da parábola desse domingo, pelo contrário, assumiu a missão até a morte e morte de cruz. Por isso, o Pai o exaltou acima de toda criatura e lhe deu o nome que está acima de todo nome.
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