O peso da minha palavra
Frei Mário Sérgio, ofmcap
O uso correto e eficaz da palavra sempre seduziu a humanidade desde os primórdios. Ainda hoje a humanidade cultua grandes oradores que marcaram a história pela força da palavra. A oratória desenvolveu-se principalmente em Atenas. Os atenienses cultivavam com carinho a arte de discursar e quase todos os lideres políticos eram notáveis oradores. Temístocles convencia as massas. Péricles empolgava a todos. Demóstenes, o mais famoso de todos os oradores gregos. Em Roma, o destaque é para Cícero, o maior de todos eles. Na Igreja, tivemos excelentes oradores: Ambrósio, Agostinho, e o grande São João Crisóstomo. Na Bahia, Castro Alves e Rui Barbosa, que fizeram desta terra da santa cruz uma nova Atenas. Em Sergipe, Fausto Cardoso e Homero de Oliveira, para citar alguns.
Como as multidões ficavam ouriçadas com as vozes desses homens ilustres, quando faziam uso da palavra! Eram palavras bem-ditas. Mas, infelizmente, existe uma turba de homens e mulheres que passam os anos de sua vida, alguns curtos e outros mais longos, apenas mal-dizendo. São palavras que maculam a imagem e a idoneidade de tantas pessoas; que dizem o que elas nunca fizeram; que espalham maldades nunca praticadas ou ditas por elas. Uma palavra mal-dita é tão mortal quanto um tiro de fuzil. A vantagem é que a arma de fogo mata logo, ao passo que uma palavra maldita mata aos poucos.
O que digo, como digo, a quem digo, precisa ter o crivo da responsabilidade. Não posso dispor de inverdades sobre a vida alheia sem medir as conseqüências do meu ato. Uma calúnia, uma difamação, um boato, uma fofoca, não são apagadas como um simples pedido de desculpas, como se a pessoa não tivesse sido ferida, nem machucada. É necessário um algo mais. Uma mudança verdadeira de atitude, de gestos e de ações. Só quem já foi caluniado sabe o peso de uma palavra mal-dita. Na definição de Victor Eduardo Gonçalves a honra “é o conjunto de atributos morais, físicos e intelectuais de uma pessoa, que a tornam merecedora de apreço no convívio social e que promovem a sua auto-estima”. Três modalidades de crimes violam a honra, seja ela objetiva ou subjetiva: a Calúnia ( art. 138 ) , a Difamação ( art. 139 ) e a Injúria ( art. 140 ) . Assim, ofender a honra de alguém, além de pecado, é crime. Por isso, insisto: cuidemos do peso de nossas palavras.
Quem desonra o seu próximo, quem lhe mancha sem necessidade o bom nome, quem lhe destrói a boa fama, terá de Deus o que merece, terá de prestar contas ao Criador. Que ganhamos ao manchar o bom nome dos nossos irmãos? A palavra quando bem usada edifica, converte, emociona, explica, torna-se oração. Por isso, Jesus é a Palavra encarnada, para que todos compreendessem o quanto somos amados e amadas por Deus. Que o Espírito Santo nos conceda o discernimento para saber se o que me dizem corresponde com a verdade ou não; e que Ele nos conceda, também, a graça da repreensão quando a tentação de ofender a honra de alguém venha a se apoderar da nossa língua.
Por fim, se quem destrói a honra de alguém é um criminoso, um pecador, um leviano, o que podemos dizer de quem dar ouvidos a essas maldades? Tenho certeza de que se nossa atitude para com esses irmãos e irmãs for de caridade e de verdade, não daremos espaços em nossas vidas para disseminar o mal. Nossos ouvidos são templos do Espírito Santo, isto é, não deixemos que ninguém os profane falando mal da vida de um irmão. Dai-nos, Senhor, língua para te louvar, ouvidos para te escutar e discernimento para fazer sua santa Vontade em nossas vidas.
Oi Frei, quão sabias são tuas palavras, falas tão bem sobre as verdades que Deus quer que acreditemos, que com louvor entram em nossos ouvidos e tocam os nossos corações suas palavras de amor e sabedoria. Que Jesus conceda-lhe a graça de permanecer transmitindo com tanto amor a Tua palavra e aquecendo os nossos corações. Parabéns por todos os seus trabalhos. Um forte abraço.
ResponderExcluirCátia Roseane.
Texto grandiloquente...
ResponderExcluir