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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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SEMANA DA FAMÍLIA 2014

domingo, 25 de dezembro de 2011

Reflexão da Liturgia do Natal (missa do dia, 25/12)

E a Palavra se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14).

Frei Mário Sérgio, ofmcap

É Natal! Deus armou a sua tenda e veio morar entre nós. Não se contentou em, apenas, criar o ser humano, mas quis humanizar-se. Assim, o Natal é uma troca de presentes, de dons: dos homens, Deus recebeu a carne e aos homens deu-lhes a divinização. Todas essas dimensões foram assumidas com total radicalidade. Jesus Cristo é plenamente humano. Mas, o ser humano ainda não se sente plenamente divinizado. Somos seres de incompletude!

O natal é a festa da bondade da Trindade. O Menino Jesus, Palavra encarnada, foi uma doação da Trindade para a construção do mundo de paz e amor sonhado por Deus. Olhando para a Trindade, podemos experimentar a riqueza dessa espiritualidade: devo ofertar o que em mim há de melhor, sem nada reter. Esse é o espírito do verdadeiro natal: doação total.

O prólogo de João descreve a Palavra encarnada como a luz que veio ao mundo. O evangelista São João percebe nas contradições, nas antíteses, uma possibilidade de se fazer pensar a grandiosidade do evento natalino. No mundo envolto em trevas, a Grande Luz resplandeceu. Para os povos que andavam na escuridão, uma luz brilhou. Sem dúvida, pensar em Jesus Cristo como luz é entender profundamente sua missão no meio da humanidade. “Nela estava a vida e a vida era a luz dos homens” (Jo 1,4).

Mas, a vida do Menino Jesus, a Palavra encarnada, não seria tão tranqüila no meio dos homens e mulheres. “A Palavra (Jesus) estava no mundo, mas o mundo não quis conhecê-la. Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram” (Jo 1,10-11). O Natal é um acontecimento que demonstra a verdade do coração de Deus e o desprezo do coração humano. O Menino Jesus nasceu sem que ninguém lhe oferecesse hospedagem digna; nasceu na periferia da cidade; nasceu na sujeira de um curral; nasceu despojado de tudo; e o pior: nasceu sem ser percebido por ninguém. A luz veio ao mundo e o mundo não a acolheu. Esse é o desprezo do coração humano ao evento do natal.

Por outro lado, “De Sua plenitude todos nós recebemos graça por graça” (Jo 1,16). Os pobres, os pastores, os camponeses, essa gente simples toda, consegui seguir e encontrar a luz que vinha de uma gruta em Belém. Foram surpreendidos com o Deus tão esperado pelos seus antepassados deitado numa manjedoura, simples com eles, pobre como eles, vulnerável como eles, excluído como eles. Um Deus que não teve vergonha de assumir a miséria humana. Aquela criança pobrezinha de Nazaré é o Deus Conosco.

No natal de Jesus, o universo parou. Tudo parou para adorá-Lo. Os pastores O adoraram; os Anjos O adoraram; os reis do oriente O adoraram; o universo, na estrela, O adorou; os animais de estrebaria O adoraram; Maria e José O adoraram. Os corações abertos ao novo trazido por aquela criança dobrou os joelhos e o adoraram. Deus veio construir comunhão de vida entre o divino e o humano, através da força do amor. Que a nossa vida seja acolhimento alegre e agradecimento desse imenso dom, que se renova em cada Natal.


 LITURGIA DA PALAVRA:
  1. Primeira leitura - Is 52,7-10
  2. Segunda leitura - Hb 1,1-6
  3. Salmo - Sl 97
  4. Evangelho - Jo 1,1-18

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

REFLEXÃO DE NATAL

A MANJEDOURA E A PATENA

Frei Mário Sérgio, ofmcap

            Será que tem alguma conexão entre a manjedoura e a patena? A manjedoura é o lugar onde os animais comem no curral; a patena é o lugar onde se coloca a hóstia que se tornará o Corpo de Cristo. Aparentemente, idéias discrepantes, mas teologicamente semelhantes. O que une essas duas realidades é o próprio Jesus Cristo.

            O nascimento do Menino Jesus, na gruta de Belém, deu-se num lugar inóspito para tal acontecimento, isto é, para uma mulher dar à luz. “Foram às pressas e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado na manjedoura” (Lc 2,15). Não havia lugar nas hospedarias, por conta do recenseamento exigido pelo Império Romano. A única alternativa para José e Maria era o lugar onde ficavam e comiam os animais.

            A ligação eucarística está pronta: na manjedoura, a criança encontrou seu aconchego fora do ventre de Nossa Senhora. Mas, desde o seu nascimento, Jesus já se fazia alimento, comida, pão vivo descido do céu, eucaristia. Contemplar a manjedoura é compreender a missão do Menino Jesus: ser alimento para a humanidade faminta de Deus. O detalhe e a entre-linha do texto bíblico, anuncia outra maravilha teológica: “Envolveu com faixas e o reclinou na manjedoura” (Lc 2, 7). O episódio do sepultamento lembra o mesmo ritual do nascimento: “Eles tomaram então o corpo de Jesus e o envolveram em panos” (Jo 19, 40). A manjedoura e a cruz, na vida de Jesus, são indissociáveis.

            Se a manjedoura é eucarística, a cruz também o é. Por isso, a patena é a síntese da manjedoura e da cruz. Nela, acontece o memorial da paixão-morte-ressurreição de Jesus. O milagre eucarístico da Santa Missa é a atualização do nascimento e da paixão do Senhor. A patena é ao mesmo tempo manjedoura e cruz. Manjedoura porque o Cristo é alimento; cruz porque é o ápice da redenção.

            Toda Missa celebrada, em qualquer parte do mundo, é uma celebração de Natal, de Páscoa, de Quaresma, de Advento. Ela é o ápice da vida cristã. Que essa consciência da Santa Missa aumente nosso desejo de comunhão diária, profunda e transformadora. Alimentados pela eucaristia para transformar o mundo. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Abertura do programa de rádio (segunda, 05/12/11)

Dizei às pessoas deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo”. (Is 35,4).

Frei Mário Sérgio, ofmcap

            A experiência do Exílio da Babilônia foi avassaladora para o Povo de Deus. Passaram da liberdade para a escravidão; do culto ao único Deus para a idolatria dos Babilônicos; saíram de suas casas, para servirem na casa dos outros. Nesse período, os judeus entenderam que estavam pagando pelos erros cometidos, as ofensas, as idolatrias contra Deus e acabaram escravizados.

            Depois de quase 50 anos da mais cruel escravidão, Ciro, rei dos persas, destruiu a babilônia e libertou o povo de Deus que era cativo naquelas terras. Nessa libertação, o povo experimentou a mão de Deus que nunca abandona seus filhos, mesmo que a libertação demore, mas no tempo de Deus ela aconteceria. O desafio, agora, era voltar para suas terras e encontrar tudo destruído, arrasado, abandonado, sem vida. No coração daqueles homens e mulheres, uma pergunta ficava sem resposta: como vamos reconstruir nossas vidas aqui? Teriam que começar do zero, do nada.

            O profeta Isaías tinha a missão divina de animar o coração daquele povo. Não tem nada mais difícil do que animar alguém. Exige um esforço sobrenatural de quem se propõe a esse feito. Como é difícil animar uma esposa traída a não desistir do seu casamento e a perdoar; como é difícil tirar alguém da depressão; como é difícil ajudar um jovem a sair das drogas; como é difícil levar paz ao coração dos pais que sofrem com seus filhos; como é difícil animar um pai, um jovem, uma mulher desempregados; como é difícil ajudar alguém a perdoar uma ofensa, uma mágoa, um ressentimento, uma traição. Por isso, Deus disse a Isaías: “Dizei às pessoas deprimidas: criai ânimo, não tenhais medo”.

            Isaías sabia que, humanamente, era difícil essa missão. Mas, pela força do Espírito do Senhor, que age na vida do missionário, do profeta, do batizado e da batizada, nada é impossível. Quando Deus nos manda animar alguém, tirar uma pessoa da depressão, motivar as famílias ao amor, não tem barreira que não caia por terra. Por isso, quando o Povo de Deus voltou para sua terra, que estava destruída, conseguiram força e esperança, ouvindo as palavras do profeta, que eram palavras do próprio Deus.

            Precisamos aprender essa lição: muitas vezes nossa vida está como essa terra de Israel, destruída, sem vida, sem esperança, sem motivação, sem alegria, sem perspectiva, sem sonhos. É problema na família, no casamento, na saúde, nas finanças, na vida espiritual, na fé. É uma sensação que não temos mais forças para lutar, não temos mais fé para continuar acreditando e nem temos olhos para ver a mão de Deus realizando pequenos milagres todos os dias. Escutemos o Deus que nos fala ao nosso coração: criai ânimo, não tenham medo, eu estou contigo nos sofrimentos e nas suas alegrias, ajudando-lhe a reconstruir a sua vida. Confie em Mim.