Twitter

FOTOS QUE EVANGELIZAM

FOTOS QUE EVANGELIZAM
SEMANA DA FAMÍLIA 2014

domingo, 31 de julho de 2011

REFLEXÃO DO 18º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Dai-lhes vós mesmos de comer!


Frei Mário Sérgio


Até o domingo passado, a liturgia da Palavra era um convite a pensar as imagens sobre o Reino de Deus: sementes, terrenos, joio, trigo, redes, peixes, pérolas, tesouros escondidos, dentre outros. Com a linguagem do seu tempo e do seu cotidiano, Jesus desconstruía um imaginário de realeza triunfalista, tirânica, sanguinária, excludente, e começa a dizer que seu reino era feito de pessoas simples e excluídas, quer era uma proposta universalista, e só seria possível de acontecer quando cada um fizesse o fermento crescer na massa.

Hoje, Jesus toca em coisas concretas ao falar do Reino: pão em todas as mesas. No reino inaugurado pelo Cristo, a palavra “fome” foi abolida, descartada, deletada. Em seu lugar, nasce a palavra “partilha”. Quando existe fome, significa que não se compreendeu a boa-nova trazida por Jesus. Para matar a fome do povo, Jesus comprometeu os discípulos numa clara mensagem de que ela é uma questão social, não espiritual. Onde há fome, há acúmulo, egoísmo, individualismo, falta de amor, avareza, corrupção, desumanidade, descompromisso... Tudo isso, contradiz a proposta do Reino de Deus, de justiça e paz.

Ao ver a multidão faminta, os discípulos tomaram a decisão mais prática possível: despediram o povo, mandando que cada um ser virasse para comer. Também apelaram para o Divino ao provocar Jesus para tomar uma solução. Sabiamente, Jesus disse: dai-lhes vós mesmos de comer! Ora, como os discípulos fariam aquela façanha? Jesus deixa um recado para todos os homens de todos os tempos: não culpem a Deus pelos seus pecados. Não coloquem em Deus a solução para problemas do cotidiano exigindo sua intervenção direta. Não lavem as mãos diante da dor e do sofrimento do irmão. Repito: fome é questão social, não espiritual.

Mas, Jesus faz o grande milagre da multiplicação do alimento: cinco pães e dois peixinhos, cinco mil alimentou, sem contar mulheres e crianças. Olhando para a multidão faminta, Jesus ensinava, talvez, a maior riqueza do reino: a partilha. Se ninguém acumular, ninguém passará fome. Hoje, o milagre é fazer o ser humano abrir o coração e o bolso para ajudar o próximo. Ou melhor, se o cristão fosse criterioso na escolha dos governantes, talvez a nossa história fosse escrita com outras tintas, da justiça social, do bem-estar e do respeito ao cidadão. Ninguém precisaria abrir bolso para o outro, porque todos viveriam com dignidade.

Jesus é o pão vivo descido do céu: eis o sonho que o mundo não quis entender! Não basta a preocupação com o pão material, isto é, comida, bebida, saúde, lazer, habitação, emprego, tudo isso é necessário, mas não podemos esquecer o pão que alimenta o espírito, o pão da eucaristia e da palavra. Viver uma fé preocupado, exclusivamente, com o pão do céu, é alienação; mas, viver buscando, exclusivamente, o pão material é uma fonte geradora de guerras, conflitos, violências de toda a sorte e de um profundo vazio na existência humana.

Enfim, o convite da I leitura deve ecoar em nossas almas com profundidade: quem tem sede, vinde às águas; quem tem fome, vinde comer sem nenhuma paga. Isaías falava do que seria a missão de Jesus depois: dar a água do espírito e o pão da eucaristia. Quem comer desse pão viverá eternamente. Por isso, pedimos pão do céu e pão da terra, por uma humanidade solidária e fraterna. 

________________________________________________
Leituras deste domingo:
  1. Primeira leitura - Is 55,1-3
  2. Segunda leitura - Rm 8,35.37-39
  3. Salmo - Sl 144
  4. Evangelho - Mt 14,13-21

domingo, 24 de julho de 2011

REFLEXÃO DO 17º DOMINGO DO TEMPO COMUM


O Reino, a pedra preciosa e o tesouro escondido.


Frei Mário Sérgio, ofmcap

Neste 17º domingo do tempo comum, encerram-se as parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus. Foram muitas imagens usadas por Jesus para nos ajudar a compreender o que é esse Reino: grão de mostarda, joio e trigo, sementes, diversidades de terrenos, fermento na massa. Jesus continua usando suas imagens, agora da pérola preciosa, do tesouro escondido no campo e da rede cheias de peixes bons e ruins. É preciso a sabedoria de Salomão para discernir, neste mundo tão cheio de opções, de clamores pelos prazeres, pelo individualismo crescente, pela falta de cuidado coma vida e com o meio ambiente, fica desafiador perceber a presença do Reino de Deus.

            Jesus tem o maior cuidado, em seu tempo, de não alimentar a idéia falsa de o Reino de Deus seria a restauração da monarquia davídica, triunfalista, militaresca, e apresenta uma imagem totalmente diferente do reino. Ele o compara ao tesouro escondido e à pérola preciosa, e que tudo mais perde o valor diante dele. Diz que o reino pertence aos pobres e humildes de coração; afirmou, ainda, que seu reinado não é deste mundo. Jesus desconstrói a imagem de reino na cabeça dos discípulos e sugere a verdadeira face do reino: amor, justiça e perdão. O reino acolhe a todos, sem acepção de credo, cor e raça. 

            A alegria pela posse do reino supera todas as renúncias deste mundo. Essa é a verdade que Jesus quer nos ensinar nessas parábolas de hoje. Aqueles que compreenderam o significado do reinado de Jesus consideraram qualquer coisa, posse ou bens, fora dele, como de um valor inferior. Por isso, para abraçar o reino é preciso soltar alguma coisa. Para comprar o reino é preciso vender alguma coisa. Para possuir o reino é preciso abrir mão de outra coisa. Aqui, está uma das grandes dificuldades da vivência do reino: abrir mão de algo. Somos apegados a tudo e a todos. Se não ficarmos atentos, perdemos o reino por causa das coisas que passam. E o reino não volta mais!

            Salomão é o modelo da pessoa que entendeu a grandeza da sua missão, que não consiste em acumular, em ter reinados e mais reinados, mas tudo que ele fizesse só teria sentido se fosse para um bem maior: a felicidade do outro. Por isso, pediu um coração capaz de amar profundamente a pessoa humana. Um coração capaz de discernir entre o bem e o mal. Um coração capaz que fazer o Reino de Deus acontecer. Sem essa lucidez de Salomão, perder-nos-emos no caminho da busca do reino. Podemos nos perder no encantamento, na beleza, na estética do reino e não colocar o fermento na massa. Nossa vaidade é o maior empecilho para que o reino aconteça.

            Por fim, Paulo nos dirá que o maior tesouro quem nos deu foi o próprio Deus: seu Filho Jesus. E o maior tesouro que Jesus nos deu foi a nossa salvação pelo seu sangue derramado na cruz. Fazer o reino acontecer é ter a coragem de deixar configurar ao Cristo, ser sua imagem no mundo, no ambiente de trabalho, na família, em qualquer ambiente em estivermos. Viver o reino não pode ser um peso para nenhum discípulo, pois o salmo vai nos dizer que, “vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina, ela dá sabedoria aos pequeninos” (Sl 118). O próprio Deus vai iluminando nossos passos e dando-nos sabedoria para discernir seus verdadeiros caminhos. 

___________________________________________________________
LITURGIA DA PALAVRA DO 17º DOMINGO DO TEMPO COMUM:
  1. Primeira leitura - 1Rs 3,5.7-12
  2. Segunda leitura - Rm 8,28-30
  3. Salmo - Sl 118
  4. Evangelho - Mt 13,44-52


 

sábado, 16 de julho de 2011

REFLEXÃO DO 16º DOMINGO DO TEMPO COMUM

PARÁBOLAS DO REINO DE DEUS

Frei Mário Sérgio, ofmcap

O que seria do ser humano se Deus não tivesse paciência com ele? O que seria de mim e de você se Deus não tivesse paciência conosco? A liturgia deste 16º Domingo do Tempo Comum traz a parábola do joio e do trigo, quando fala do Reino de Deus. Mesmo sabendo que o joio estraga a plantação, o agricultor da parábola o deixa crescer com o trigo, no mesmo campo, na mesma terra, com as mesmas condições. Atitude questionada pelos outros agricultores, que não entendiam o porquê de se deixar crescer um mato que não serve para nada, senão atrapalhar o desenvolvimento do trigo. Deus tem seus mistérios, tem seus caminhos e tem muita, mas muita paciência com suas criaturas, todas amadas por ele, inclusive o joio.

Se pararmos para analisar as falas de Jesus, em nenhum momento Ele se preocupa em oferecer uma imagem do Reino que seja fantasiosa, enganadora, perfeitinha, pelo contrário, mostra as belezas e seus contrastes, as riquezas e a mazelas, os erros e acertos, as coisas boas e as ruins. Tudo é muito claro em Jesus. Ninguém pode reclamar que o seguiu enganado, ludibriado, entorpecido. O Reino é lindo, a proposta é extraordinária, é um campo de trigais. Mas, o joio sempre estará presente, não adianta pensar diferente. Importa-nos agir diferente!

Uma parábola auto-explicativa. Jesus vai dizendo: quem semeia o trigo é Deus; quem semeia o joio é o diabo. O que interessa, nessa parábola, é que ambos crescem sem ninguém perceber. Quando for se dá conta, ambos cresceram. Interessante para pensar a vida em comunidade, em sociedade, na igreja, na família, nos ambientes profissionais, dentre outros. O bem e o mal convivem juntos, muitas vezes, dentro de um mesmo coração. O joio são as atitudes humanas que impedem o Reino de Deus de crescer, de dar frutos, de se expandir. Atitudes mesquinhas, individualistas, egoístas, orgulhosas, mentirosas, invejosas, desdenhosas, enfim, as enfermidades são diversas. Dentro de nós tem trigo e joio crescendo ao mesmo tempo. E Deus espera que escolhamos, com nossa liberdade, o que deve crescer em nosso interior.

Jesus ainda conta mais duas parábolas: da semente de mostarda e do fermento na massa. Duas situações em que os objetos são pequeninos e que quando crescem fazem toda a diferença. A semente de mostarda s torna uma árvore grande que os pássaros encontram onde fazer ninhos. Ela é tão grande que acolhe a vida. Para começar gostaria de apresentar-lhes o momento histórico no qual o Senhor Jesus apresentou a parábola da semente de mostarda. O povo de Israel estava prisioneiro do poder romano e as profecias falavam da libertação do jugo que oprimia o povo. Os judeus esperavam o cumprimento da profecia, esperavam o Reino de Deus, esperavam a vinda do libertador, só que eles tinham um conceito errado de como o libertador apareceria. Eles o esperavam como um guerreiro dirigindo suas tropas militares para derrotar o Império Romano e estabelecer o Reino de Deus nesta terra. Eles esperavam um reino de luxo, de luzes, de glórias terrenas.

Quando Jesus apareceu, veio de modo completamente diferente do que eles esperavam. Apareceu como uma criança indefesa. Nasceu numa manjedoura, rejeitado e desprezado pelos homens. Não era esse o tipo de libertador que o povo judeu esperava. Então, Jesus começou a chamar homens para fundar Seu reino nesta terra. Pescadores, publicanos, cobradores de impostos. Esse grupo de doze homens começou a seguir Jesus, temeroso e perguntando-se: Será que estamos tomando a decisão correta? Será que estamos acertando, deixando o nosso trabalho, que é a fonte do nosso sustento, para arriscar o nosso futuro com Alguém que prega o Reino de Deus, mas parece que não vai transformar nada?

Jesus observou a dúvida que atormentava o coração dos seus discípulos e então apresentou a parábola da semente de mostarda, querendo dizer que o Reino de Deus pode parecer pequeno no início, mas que crescerá e um dia todas as aves do céu chegarão para fazer seus ninhos nessa árvore. Quando Jesus apresentava o Reino, sempre surpreendia o povo, os discípulos. O Reino de Deus é feito de coisas e atitudes simples, porém, grandiosas quando feitas com amor e dedicação.

Peçamos as luzes do Espírito Santo que venha em socorro de nossa fraqueza, como nos diz Paulo na segunda leitura, para termos a sabedoria que discernir em nós mesmo o que é atitude trigo e joio em nosso cotidiano, em nossa família, em nossa igreja, no mundo em que habitamos. Ao mesmo tempo, perceber as insídias do diabo nessa sociedade em que vivemos, tão cheia de coisas ruins, camufladas de coisas boas, que seduzem os olhos e aprisionam o coração. Que a oração do Pai Nosso nos ensine a suplicar o verdadeiro Reino de Deus, de justiça e paz, de pão nosso para cada mesa, para cada lar.
__________________________________________________
Leituras nos links seguidos:
  1. Primeira leitura - Sb 12,13.16-19
  2. Segunda leitura - Rm 8,26-27
  3. Salmo - Sl 85
  4. Evangelho - Mt 13,24-43

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Abertura do programa de rádio - segunda das 16h às 17h - www.am840.com.br



NADA TE PERTURBE

Frei Mário Sérgio, ofmcap

“Nada te perturbe. Nada te espante. Tudo passa! Só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem tem a Deus, nada lhe falta. Só Deus basta”. (Santa Tereza de Ávila)


Santa Tereza de Ávila é de um talento incrível para poesia. Quando a insuficiência da palavra tomava conta do seu inquieto coração, brotava a poesia. Verdadeiros hinos espirituais, frutos de uma perfeita união com Deus. A poesia acima é longa, mas a parte que coloquei é a mais conhecida. É um texto de alguém maduro na caminhada de fé, na experiência de Deus, na vida mística. Muito nos ensina essa poesia.


NADA TE PERTURBE. Perdemos a paz com muita facilidade, por qualquer coisa. Recuperar a paz interior é um caminho dolorido. Por isso, a importância de viver a serenidade. Exercitar o coração, os sentimentos, as emoções para não se perturbar. Uma vida muita agitada, muito estressante, só nos causa sofrimento e dor. É prejudicial à saúde e à vida espiritual. Lembrar de Jesus na casa de Marta e Maria. Disse Jesus: “Marta, tu te inquietas com muitas coisas, uma só lhe é necessária. Maria escolheu a melhor parte!”.


NADA TE ESPANTE. Somos tão frágeis em nossa fé que com tudo vacilamos, chateamo-nos, queremos desistir de Deus. É uma fé como bolha de sabão, logo estoura e perde-se no ar. O pecado do outro não pode se colocar como um obstáculo à minha vivência de Deus. O erro do outro não pode me fazer desistir da caminhada. São Francisco dizia aos seus confrades: nunca se escandalize com o pecado do irmão, porque somos capazes de um pecado maior do que o que ele cometeu. Como essa frase é verdadeira! Enquanto houver vida, ali existe possibilidade de pecado, de fragilidades, de desacertos. O outro não nos decepciona, na verdade colocamos muitas expectativas nele. 


TUDO PASSA! Isso é um convite a esperar as demoras de Deus em nossas vidas. O maior sofrimento, a maior dor, o pior tormento... Um dia passa! É um abandono na Providência Divina. Tudo é Dele, na hora certa Ele alivia o peso da nossa cruz. Quando menos esperamos, Deus toma nossos fardos e nossos cansaços e nos alivia, revigora-nos. Essa é uma verdade que precisa estar em nossos corações e em nossos lábios diante das dificuldades da vida: tudo passa.


SÓ DEUS NÃO MUDA. Mudar é próprio de quem ainda não é, de quem está se construindo, tentando acertar. Deus É! Suas propriedades são imutáveis: onipresença, onisciência, onipotência. Está em todo lugar, tudo sabe e tudo pode! O que mais nos conforta nisso tudo é saber que Deus é AMOR. Nunca deixará de sê-lo. É um oceano de acolhimento, de misericórdia e de bênçãos. Quando pensamos que Deus mudou em relação a nós, na verdade nós quem mudamos em relação a ele. Deus sempre acredita em nós. Nós temos a tentação de duvidar Dele, por isso sofremos amargamente.


A PACIÊNCIA TUDO ALCANÇA. No mundo da correria, do estresse, da violência, da falta de oportunidades, do individualismo e tanto outros males, como é difícil cultivar a paciência. Todo mundo reclama da impaciência. Não queremos ouvir ninguém, não temos tempo para nada, não sabemos esperar. Por isso, sofremos os males da vida louca que levamos: hipertensão, depressão, enxaquecas, esgotamento geral, e tantas outras coisas. A palavra é homeostasia (equilíbrio). Precisamos encontrar mecanismos que regulem e equilibrem nossa vida. Cuidar da ecologia interior. O estresse é um assassino silencioso e nosso estilo de vida pode nos matar. Por isso, a importância de reservar um tempo para a espiritualidade: rezar, meditar, ouvir uma boa música, fazer uma boa leitura, praticar exercícios, assistir a um bom filme, contemplar a natureza, estar com o outro, com quem amamos. Quanto tempo você não faz isso? Quem vive, exclusivamente, para o trabalho, acumulará dinheiro para gastar com as doenças que virão depois. Isso é vida?


QUEM TEM A DEUS NADA LHE FALTA. SÓ DEUS BASTA. E o poema de Santa Tereza vai chegando ao final (apenas dessa parte escolhida). A santa nos dirá o segredo do bem viver: só Deus basta! Corremos atrás de tantas coisas que passam, que às vezes nos machucam e nos ferem, querendo acumular tesouros que as traças corroem e que não levamos conosco. Perdemos a paz interior e nos desequilibramos. Vivemos sem qualidade, sem saúde e sem muita alegria. Só Deus basta! E, o poema original finaliza de uma maneira profunda e é a síntese da nossa reflexão: “Mas não há amor fino sem a paciência. Confiança e fé viva, mantenha a alma, Que quem crê e espera tudo alcança. Do inferno acossado Muito embora se veja, Burlará os seus furores Quem a Deus tem. Advenham-lhe desamparos, Cruzes, desgraças; Sendo Deus o seu tesouro, Nada lhe falta. Ide, pois, bens do mundo, Ide, ditas vãs; Ainda que tudo perca, Só Deus basta”.

domingo, 3 de julho de 2011

Reflexão da liturgia domincal


Solenidade de São Pedro e São Paulo
Frei Mário Sérgio, ofmcap
            Uma das coisas mais bonitas da Igreja Católica é o reconhecimento que ela faz dos seus fiéis que viveram bravamente a sua fé. Esses modelos de vida evangélica nunca caem no esquecimento, pelo contrário, são sempre lembrados, festejados, invocados como intercessores do povo. Olhar para esses modelos não é parar neles, mas descobrir a fonte inspiradora daquela vivência tão radical, Jesus de Nazaré. 

            Hoje, nesta solenidade, a Igreja venera seus dois grandes baluartes, suas duas grandes colunas: Pedro e Paulo. E, a festa de hoje, não é regada a vinhos finos, mas celebrada com o sangue desses dois mártires. Dois homens extremamente diferentes, intelectualmente opostos, com temperamentos parecidos, mas com algo que os unem profundamente: a fidelidade e o amor a Jesus Cristo. 

            Em Pedro, celebramos a unidade da Igreja. Nele, temos a segurança de que as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela. Com Pedro, sentimo-nos ovelhas guardadas e protegidas das adversidades do tentador, do inimigo da cruz. Manter a unidade e apascentar as ovelhas do rebanho de Cristo, duas missões que se entrelaçaram, e que o Príncipe dos Apóstolos cumpriu com todo zelo, até sua morte de cruz, com a cabeça para baixo, por não se achar digno de morrer da mesma forma com que morreu o Filho de Deus. 

            Paulo, o missionário por excelência. Possuidor de um saber extraordinário, entendeu que deveria levar a Palavra do Santo Evangelho aos confins do mundo, e assim o fez. Apóstolos dos gentios, assim ficou conhecido. Pregou em todos os cantos daquela terra conhecida à época, fundou inúmeras comunidades, empreendeu diversas viagens missionárias. E, ao cabo da sua vida, sentindo que a lâmina da espada já lhe cortando a cabeça, disse: combati o combate, guardei a fé!  

            O sangue desses dois apóstolos lavou o chão de Roma, tornando-a Roma Eterna, dos mártires e dos santos. O testemunho deles deve impulsionar-nos e encorajar-nos em nossa vida cristã e missionária. Hoje os tempos são outros e os desafios também, mas o chamado do Cristo é o mesmo: tornar os homens e mulheres discípulos Dele. Mas, para isso, é preciso que o reconheçamos como o “Messias, o Filho do Deus vivo” (Mt 16, 16).

            Rezemos, nesta solenidade, pelos mártires dos nossos dias. Homens e mulheres que foram brutalmente assassinados por que se empenharam na defesa dos mais pobres e necessitados, na luta pela terra, pela cidadania, por teto, por vida digna, pela defesa do meio ambiente, enfim, por justiça social. 

__________________________________________________________

LITURGIA DA PALAVRA (Domingo, 03 de julho):

Primeira leitura - At 12,1-11 
Segunda leitura - 2Tm 4,6-8.17-18 
Salmo - Sl 33 
Evangelho - Mt 16,13-19