Twitter

FOTOS QUE EVANGELIZAM

FOTOS QUE EVANGELIZAM
SEMANA DA FAMÍLIA 2014

sábado, 26 de março de 2011

SUGESTÃO DE CARTAZ: FESTA DE SANTO ANTÔNIO

Aqui está  a primeira sugestão de cartaz para a trezena de Santo Antônio. Deixe sua ideia até a próxima segnda-feira (28/09). Atenção: para as equipes da Igreja da Piedade, conforme combinado na última reunião do dia (26/03).

segunda-feira, 21 de março de 2011

ABERTURA DO PROGRAMA RESTAURAÇÃO - SEGUNDA DAS 16h ÀS 17H


Família e depressão

Frei Mário Sérgio,ofmcap

            Não é tarefa das mais fáceis conviver com alguém deprimido. Constantemente, as famílias se perdem nesse emaranhando de sentimentos, de tristeza, de silêncio, de inércia, de um dos seus membros depressivos. São pouquíssimas as famílias que sabem acompanhar um depressivo dentro dela. Quando uma pessoa está deprimida, muitos sofrem. Com freqüência, os deprimidos são revoltados e distantes emocionalmente, e não demonstram interesse em participar de atividades com os outros.

            A melancolia de um depressivo pode ter iniciado há muito tempo, e por isso os membros da família não conseguem relacionar seu comportamento com depressão. Não se pode levar para o campo pessoal o fechamento de um depressivo, exemplo: “ele não gosta mais de mim; ele só vive nervoso, deve estar descontente comigo; ele só vive fechado no mundinho dele, deve ser porque não me ama mais”. Na verdade, uma pessoa depressiva tem pouco a oferecer ao outro.

            É preciso muita caridade para conviver com um depressivo. Geralmente, ele não gosta de nada e nada o agrada; a visão de mundo, de pessoa, de futuro é muita negativa, o que acaba entristecendo quem está ao lado. Os familiares que convivem com alguém depressivo se tornam angustiados com facilidade. Cuidar de um depressivo sempre traz uma preocupação para a família: o medo de também cair em depressão! Depressão parece gerar depressão.

            Uma dificuldade da família é perceber a depressão do outro. Muitas acham que ele só está “apenas meio diferente”.  Quando a família não identifica a depressão, começa pensar que o outro é mal-educado, grosso, mal-amado, mal-agradecido... Quando um familiar entre em depressão, nos primeiros momentos toda a família se volta para dar atenção a ele; mas, quando o quadro começa a demorar, e ninguém ver resultado de cura ou libertação, a família começa a entrar num desânimo muito grande, achando que o deprimido não quer se ajudar.

            Quantos relacionamentos acabaram por que a depressão de um afetou o outro? Quantos casamentos acabaram por causa da depressão? Porém, uma pesquisa mostra que a depressão é comum em solteiros e muito menos em casados. As mulheres se deprimem mais do que os homens e as mulheres solteiras mais ainda. Casamentos problemáticos é uma fonte de depressão. Pessoas casadas que são próximas em termos emocionais, que se apóiam e que se comunicam de modo afetivo, estão protegidas, de certo modo, contra depressão.

            Enfim, alguns cuidados que a família deve ter com membros depressivos: não se irritar com frases desse tipo – ninguém gosta de mim nessa casaninguém se preocupa comigo todos querem que eu morra – geralmente os depressivos ignoram os que e preocupam com eles; cuidado com pessoas que se acham salvadores das doenças dos outros, tem remédio para tudo, oração para tudo, solução para tudo – tem gente que adora piorar a vida do doente com conselhos sem fundamentos, teologias desastrosas e psicologismos, fuja dessas pessoas; Afaste-se de pessoas que só sabem criticar e encontrar defeitos nos outros, os depressivos já são excessivamente autocríticos, amigos e parentes assim só aumentam a depressão; encoraje os deprimido a partilhar, com pessoas de confiança, seus sentimentos e suas dores, mas tente envolver mais gente nisso para que um não fique sobrecarregado com tantas lamentações. É difícil, e algumas vezes até impossível, convencer os deprimidos que são muito tímidos a abrir seu coração para outras pessoas.

            Nossa prosa continuará em outro momento! Essas reflexões são do livro: Depressão e esperança de Howard W. Stone, editora Paulus.

domingo, 20 de março de 2011

II DOMINGO DA QUARESMA



Frei Mário Sérgio, ofmcap

            Em meio ao caminho da cruz, do sofrimento, da solidão, da morte, o Senhor Jesus convida seus discípulos para um momento de glória e de luz. A transfiguração de Jesus no Monte Tabor é uma antecipação da face gloriosa do Filho de Deus. Preparar a comunidade para o escândalo da cruz, eis um dos grandes objetivos da transfiguração do Senhor.

            O atual contexto de mundo em que vivemos, com tantos rostos desfigurados pelas catástrofes da natureza, pelas guerras ambiciosas, pelo desemprego que priva a pessoa do acesso a uma vida digna e, conseqüentemente, a fome, a violência, a miséria, a exclusão de todo tipo, o preconceito. Quantos irmãos e irmãs sem rosto e sem identidade encontramos em nossos caminhos. A quaresma é o tempo de mudança de vida, de conversão interior, para ir ao encontro de algum desfigurado da nossa sociedade e ajudá-lo a fazer uma verdadeira transfiguração em sua vida. Para isso, a Igreja nos aponta três caminhos: jejum (para lembrar que Deus é o único alimento que não pode faltar em nossa vida), esmola (para partilhar o que guardei no jejum com os mais necessitados e exercitar o desapego às coisas que passam) e a oração (fundamento e fortaleza das nossas ações).

            O Tabor é um monte majestoso, alcançando 660 metros de altitude. Maravilhoso panorama se descortina do alto, vendo-se o relevo ondulado da Galiléia, o lago de Genesaré, o cimo nevado do monte Hermon, o monte Carmelo e o Mar Mediterrâneo. Nesse monte, aconteceu uma das maiores revelações do Filho de Deus: a transfiguração. Deve ter sido uma visão extraordinária. O apóstolo Pedro sentiu o gozo do céu e logo exclamou: “Mestre, é bom ficarmos aqui1!”. Certamente, o coração de Pedro nunca tinha experimentado tamanha paz interior. Ele ficou impactado!

            Para testemunhar a transfiguração, apareceram Moisés e Elias, isto é, a representação da profecia e da lei. Jesus é maior do que Moisés e Elias. Em Jesus, todas as leis e profecias se cumprem. Somente nele, na luz da sua cruz e ressurreição, o Antigo Testamento encontra sua plenitude e sua luz! Pedro, Tiago e João foram fortalecidos pelo Cristo para os desafios da caminhada. Para que não desanimassem com o peso do sofrimento provocado pela humilhação da sua santa humanidade na Agonia, no Jardim das Oliveiras; para não desfalecerem com a crueldade e violência da paixão que culminará na Crucificação, Jesus os fortaleceu primeiro com a visão da sua divindade, no Monte Santo.

            Quem fez a experiência com o Cristo vivo e transfigurado precisa ter a mesma coragem de Abraão de sair de sua terra em busca de um sonho, de uma pátria, tudo isso pela obediência a Deus (escuta). Por isso, no Tabor, a mesma voz do batismo de Jesus aparecerá para todos os discípulos ouvirem: “Este é o meu Filho Amado, no qual eu pus todo o meu agrado. ESCUTAI-O”. A quaresma é a oportunidade de intensificar nossa escuta a Palavra de Deus. Palavra que deve se tornar vida em nossa vida. Precisamos da energia da eucaristia, nosso alimento no deserto da nossa vida, para entender o que São Paulo nos diz na segunda leitura: “Sofre comigo pelo Evangelho. Deus nos salvou e nos chamou a uma vocação santa… em virtude da graça que nos foi dada em Jesus Cristo. Esta graça foi revelada agora, pela manifestação de nosso Salvador, Jesus Cristo. Ele não só destruiu a morte, como também fez brilhar a vida e a imortalidade”.

            Com as palavras de Dom Henrique (auxiliar de Aracaju), permitamo-nos deixar que o espírito dessa santa liturgia impregne nossas atitudes nos desafios da vivência da nossa fé: que a novidade de nossa vida transborde para o mundo, que tanto tem necessidade do testemunho dos cristãos. Nunca esqueçamos: este mundo mergulhado na violência (violência da injustiça, violência do desrespeito à dignidade humana, violência da fome, violência dos atentados à paz, violência das drogas e das mentiras, violência dos meios de comunicação, violência da negação de Deus)… este mundo precisa de nosso testemunho e de nossa palavra, mesmo quando nos rejeita, quando despreza o nome de Cristo, quando deseja esquecer o seu Senhor e pisar os valores do Evangelho!

            Que o Senhor purifique o olhar de nossa fé e nos alegre com a Sua transfiguração!

______________________________________________________
LITURGIA DA PALAVRA:
  1. Primeira leitura - Gn 12,1-4a
  2. Segunda leitura - 2Tm 1,8b-10
  3. Salmo - Sl 32
  4. Evangelho - Mt 17,1-9



sábado, 12 de março de 2011

TRAGÉDIA NO JAPÃO, TRAGÉDIA NO BRASIL

O mar e a estrada

Frei Mário Sérgio, ofmcap

É triste acordar e se deparar com uma tragédia. O número de mortos se avoluma nesse tipo de ocorrências. Seja no Rio de Janeiro, na região sul, aqui na Bahia ou no Japão. Quando a fragilidade da vida é exposta no seu mais alto grau de vulnerabilidade, um olhar sobre si mesmo é inevitável. Pensar sobre a própria vida, sobre o nosso modo de estar neste mundo, sobre nossas arrogâncias e prepotências, é sempre um caminho de resgate do que verdadeiramente somos aos olhos de Deus.

         Olhar para um Japão destruído é contemplar a força da mãe natureza. A tecnologia e a riqueza ajudam bastante a diminuir o poder de destruição de fenômenos naturais, no caso o terremoto, mas ainda não os evitam cem por cento. O número de irmãos mortos cresce a cada hora no Japão. A ameaça, dessa vez, veio do fundo do mar. Mas, um dia o céu fez chover bombas sobre o Japão, e a destruição ainda deixa marcas profundas no coração da humanidade. Cantava Gilberto Gil que uma “bomba sobre o Japão fez nascer um Japão da paz”. Os japoneses se reinventam, a história já provou isso!

         Um fato me chamou muito a atenção nesses dias de carnaval: O número de mortos nas estradas federais (entre zero hora de 4 de março e 23h59m do dia 9) foi de 213 pessoas, 47,9% maior do que em 2010 (143 vítimas fatais), segundo dados da Folha de São Paulo (10/03/11). Parece que o Brasil ouviu isso e fez ouvido de mercador. É outra forma de compreender a tragédia. O terremoto no Japão foi inevitável, a natureza se moveu e acabou ceifando vidas. Mas, os japoneses fazem de tudo para conviver harmoniosamente com esses efeitos; as mortes em nossas estradas são criminosas, provocadas pela imprudência humana. No Brasil, estima-se que cerca de 40 mil pessoas morrem por ano vítimas de acidentes de trânsito, das quais 24 mil chegam ao óbito em razão de acidentes nas estradas (não apenas federais) em todo o país.

         Eu estou rezando pelo Japão e pelo Brasil. Rezando pela fúria do mar e pelos excessos nas estradas. Rezando pela capacidade de se reinventar dos irmãos japoneses e pela conscientização maior dos brasileiros pelo respeito à vida. Por causa do mar ou nas estradas, a vida pede socorro!

quinta-feira, 10 de março de 2011

ABERTURA DO PROGRAMA RESTAURAÇÃO - QUINTA DAS 16h ÀS 17H

Não entregue sua alma à tristeza

Entregue ao Senhor todas as situações de tristeza
 Padre Jonas Abib

Nós, brasileiros, somos muito afetivos, sentimentais e, conseqüentemente, gostamos de "curtir" a tristeza. Podemos constatar isso na nossa música raiz, que cultiva tristeza, saudade, traição... Acabamos entregando nossa alma à tristeza muito facilmente e, por qualquer motivo. O Senhor sabe que tivemos e teremos tristezas. Assim como Jesus disse: "pobres, vós sempre os tereis", Ele poderia dizer: "tristezas, vós sempre as tereis".


O próprio Jesus passou por muitas tristezas. Mas há uma total diferença entre ter tristeza e "se entregar à tristeza". Deixar-se ser tomado pela tristeza: pressionado, atormentado, ou mesmo escravizado por ela.



Temos o vício de ficar recordando o que nos causou mágoas. Basta uma pessoa dizer algo ofensivo a nós, que já ficamos ruminando, e, aquilo cresce, se avoluma dentro de nós. É como as claras em neve: de tanto "bater", recordando, recordando... o sentimento cria volume. De repente, aquilo nos toma totalmente e nem conseguimos mais respirar. Precisamos ser firmes. Não podemos acumular sentimentos ruins em nosso interior. Todas as situações dolorosas que vivemos já são mais que suficientes. Então, para que guardar e ruminar situações que nos fazem sofrer?





É necessário renunciar a toda tristeza e acabar com a mania de ficar cultivando fatos negativos que aconteceram no passado. Infelizmente, quando acontece algo ruim, logo ficamos curtindo, recordando: isso cria um volume imenso no nosso interior e nos asfixia. Entregue ao Senhor todas as situações de tristeza e faça uma verdadeira renúncia: “Senhor, renuncio ao mau hábito de ficar ruminando a tristeza. Renuncio a todos esses pensamentos diante de Ti e da Tua Palavra. Retira de mim, Senhor toda mágoa, todo ressentimento e todo gosto de ficar curtindo tristezas e decepções.



Muda minha mente e meu coração. Hoje reconheço: não posso continuar assim. É um tormento para mim e, está acabando com a minha saúde, minha alegria e minha paz. Meu semblante fica fechado, isso acaba com os meus nervos”. Senhor, é doloroso ver o que a Tua palavra diz: ‘a tristeza matou a muitos’. Reconheço que muitas vezes estou me matando, curtindo esses pensamentos. Hoje, Senhor, me decido a não pensar mais em acontecimentos negativos do passado e a não cultivar sentimentos ruins no meu coração.




Cura e transforma a minha mente, Senhor. Dá uma guinada na minha vida. Se aconteceu algo ruim, já é passado: não preciso mais ficar cultivando. Não quero, Senhor e, renuncio. Obrigado, Jesus, porque me libertas e afastas de mim toda escravidão”. Eis a minha decisão: não vou mais atormentar a mim mesmo nos meus pensamentos. Tristezas, sempre as teremos, mas não entregaremos mais a nossa alma a elas.
_____________________________________________________





CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2011: A VIDA NO PLANETA

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte-MG

O Carnaval vai começar. Em muitos lugares já começou e até, indevidamente, é prolongado e ultrapassa os limites do calendário. Muitos, no entanto, iluminados por outros princípios e razões, vivem uma folia diferente. Não excluem a alegria que precisa fecundar a vida e mostrar sua graça. Priorizam a vivência do contentamento cultivado pela experiência da oração, do estudo, dos retiros espirituais, do contato com a natureza, do gosto pelo silêncio, o convívio familiar e as amizades. Entre essas escolhas, não poucos fazem a opção pelo estudo e aprofundamento do tema da Campanha da Fraternidade, promovida há mais de quarenta anos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Gesto educativo que ilumina com a fé e os valores do Evangelho a realidade social, política, religiosa e cultural de todos.

Neste ano, durante a Quaresma, momento especial em que a Igreja Católica convida para atenciosa escuta da Palavra de Deus na oração, na prática do jejum e na comprometida caridade, o tema escolhido é ‘a vida no planeta’. A consideração da vida no planeta nasce da importante e interpeladora motivação que toca a fé cristã e a cidadania na sua nobreza. São muitos rostos sofredores por esse mundo afora clamando solidariedade. O olhar lançado sobre a natureza é a referência fundamental para fazer brotar e recuperar sensibilidades. Conscientizar, em relação aos resultados, que as mãos humanas estão produzindo e contribuindo nas mudanças climáticas que têm ocasionado sérios desastres na natureza e na vida de todos. É componente importante da cidadania o debate dos aspectos envolvendo o meio ambiente. As questões são, na verdade, muito complexas. Basta considerar as diferentes posições, não só entre ativistas e governantes, como também no meio científico. Ainda que seja razoável pensar que as mudanças climáticas seguem ciclos próprios da natureza, é inquestionável que a derrubada de florestas, a poluição produzida e outros fatores advindos das ações humanas estão incidindo sobre o planeta e interferindo nas mudanças do clima. A reflexão cidadã, portanto, tem importância e grande influência no contexto. Envolve a todos, além de fomentar um processo educativo que proporcione amadurecimento e modificações radicais no tratamento dado à natureza e a tudo o que ela oferece para o bem de todo o mundo.

Os meios de comunicação mostram e comprovam o descaso no tratamento dado à natureza, com resultados preocupantes e acontecimentos lastimáveis. Em perdas de vidas e em prejuízos, que nascem até mesmo de irresponsabilidades, e condutas individuais egoístas e pouco civilizadas. A CNBB, colocando no coração da Campanha da Fraternidade a espiritualidade quaresmal, apelo veemente e amoroso de Deus à conversão, tem como meta, por meio do que é feito nas dioceses e paróquias de todo o Brasil, viabilizar melhor formação da consciência ambiental. Isso, para que todos possam assumir, nas diferentes etapas da vida, suas responsabilidades próprias, com as respectivas consequências éticas. Há urgência, considerando-se o conjunto da sociedade mundial, em alcançar índices de maior conscientização sobre esse problema. Neste sentido, a Campanha da Fraternidade investirá na mobilização de pessoas, comunidades, Igrejas, segmentos religiosos, enfim, em toda a sociedade, para avançar na superação de tantos problemas socioambientais, formando condutas fundamentadas nos valores do Evangelho. Nesse processo de educação ambiental quer também desenvolver a profecia que está no centro dessas considerações. Suscitar posturas corajosas de denúncias, apontando responsabilidades no que diz respeito aos problemas ambientais decorrentes de equivocadas escolhas e das atitudes de cidadãos, empresas e governos.

É inquestionável que muitas atividades do ser humano incidem nas mudanças que estão vitimando o planeta. O convite à conversão é oportuno e necessário, pode alcançar o mais recôndito do coração humano até inspirar mudança de conduta, particularmente em relação a posturas, tratamentos e consumo dos bens da natureza no nosso rico planeta Terra. Permanece o desafio de repensar o atual modelo de desenvolvimento, em razão dos comprometimentos produzidos. E também da fomentação de modos de viver e da criação de demandas que estão configurando uma cultura na contramão da vida saudável e mais autêntica. A agenda de temas pertinentes em face de mudanças significativas é ampla, inclui questões em torno da água, do tratamento de biomas, do êxodo rural, dos escândalos da miséria, da sustentabilidade como novo paradigma civilizacional. O desafio é tão grande que pode levar muitos a fechar os olhos. É preciso abrir a mente e o coração para o forte apelo que ressoará mais potente no tempo da Quaresma, o convite de Jesus: “Convertei-vos”!

quarta-feira, 9 de março de 2011

QUARTA-FEIRA DE CINZAS: Eu sou pó

Frei Mário Sérgio

O avanço da tecnologia traz, no seu bojo, alguns desafios, dentre eles, o da privacidade. O sacrossanto direito de cultivar o anonimato. Câmeras nos vigiam em todos os cantos e recantos da cidade; satélites fotografando, a todo instante, a vida terrena; o GPS para localizar tudo e todos; o celular que não nos dá sossego; o email que recebo sem controle algum da minha parte, enfim, já somos dependentes de toda essa parafernália comunicacional. No mundo, onde as máquinas me dizem que eu sou e o que possuo, posso correr o risco de esquecer-me, verdadeiramente, quem sou eu para além dessa materialidade toda que me circunda. 

A Igreja, ao longo dos milênios, tem sempre se esforçado para não deixar o homem e a mulher se perderem de si mesmos. Perderem suas identidades e seus pontos de referências. Uma das formas da igreja trazer à memória quem somos é através da quarta-feira de cinzas. Pode parecer estranho, mas é pura verdade. Pó, é isso que somos! Barro amassado, modelado e soprado o hálito da vida. Traduzindo, somos criaturas e não criadores. Quando caímos na tentação de inverter os papéis da criação, deixamos de ser pessoa. O pó, as cinzas, vem sempre me apontar à condição de limite a que estou submetido e, pela graça de Deus, a capacidade de superá-lo. 

Não por acaso, a celebração das cinzas abre o tempo quaresmal. Nesse longo retiro espiritual, a igreja nos convida a exercitar o amor ao próximo. O tripé da penitência quaresmal: jejum, oração e caridade (esmola), só servem se me fizerem amar mais. Um amor gratuito, solidário, que não exige nada em troca. Amar porque amar é a minha realização e minha vocação de criaturalidade. Se não amo, me descaracterizo! As cinzas me ajudam a passar da morte para a vida. É um grande apelo à conversão. A morte do meu individualismo, do meu egoísmo, da minha falta de solidariedade, das minhas vaidades e mesquinhez para uma vida de fraternidade verdadeiramente. 

Nas leituras proclamadas na liturgia da quaresma, o livro de Joel diz que o Senhor quer que rasguemos os nossos corações e não as nossas vestes (Jl 2, 13). A minha mudança deve começar no meu interior, não nos aspectos externos da minha vida. É uma conversão profunda, sincera, doída, mas verdadeira. Rasgar o coração é um processo dolorido de crescimento humano-espiritual, mas extremamente necessário. O Salmo 50 nos dá uma dica que como sermos melhores: colocar nosso pecado sempre à nossa frente. È preciso tomar consciência de quem somos. Mas, não somos, apenas, pecado. Somos, sobretudo, graça. Em mim moram a graça e o pecado. Eu escolho dos dois quem deve aparecer mais. Na segunda leitura, uma verdade belíssima proclamada por São Paulo na II carta aos Coríntios: é agora o momento favorável, é agora o dia da salvação (2 Cor 6, 2). Nessa quaresma, que iniciamos hoje na quarta-feira de cinzas, somos convidados a caminhar no deserto com Jesus. Deserto é lugar de desafio, de ausências, provações, de sede. Mas, pode se tornar o lugar da minha mudança de vida. Boa caminhada, boa mudança de rumos e de metas.

____________________________________________________________________________
  1. Primeira leitura - Jl 2,12-18
  2. Segunda leitura - 2Cor 5,20 –6,2
  3. Salmo - Sl 50
  4. Evangelho - Mt 6,1-6.16-18

quinta-feira, 3 de março de 2011

ABERTURA DO PROGRAMA RESTAURAÇÃO - QUINTA DAS 16h ÀS 17H

O CEGO BARTIMEU

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Quinta-Feira, 3 de Março de 2011 - Evangelho (Marcos 10,46-52): Naquele tempo, Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e unia grande multidão. O filho de Timeu, Bartimeu, cego e mendigo, estava sentado à beira do caminho. Quando ouviu dizer que Jesus, o Nazareno, estava passando, começou a gritar: “Jesus, filho de Davi. tem piedade de mim!” Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” Então Jesus parou e disse: “Chamai-o”. Eles o chamaram e disseram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. Então Jesus lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho.

Que bela lição de vida nos deu o cego Bartimeu! Cheio de limitações, excluído da sociedade do seu tempo por ser considerado impuro, passando todas as dificuldades possíveis, sentado ao calor do sol, pedindo esmolas em pleno deserto em Jericó. Um homem que teria todos os motivos do mundo para ser um revoltado. Mas, não fez de sua enfermidade uma forma de se martirizar, de sofrer mais ainda, de se sentir o pior dos seres humanos. Bartimeu queria viver, queria a cura da sua cegueira, queria uma vida nova e restaurada.
Jericó era uma cidade de passagem obrigatória de Jesus, subindo para Jerusalém. O cego Bartimeu sabia muito bem disso. Ele sobrevivia daquela estrada, da caridade dos peregrinos, da boa vontade dos transeuntes. Mas, aquele dia seria especial para Bartimeu. Não era um peregrino comum que passaria naquela estrada naquele momento. Era o próprio Deus Encarnado. Em Jesus, experimentamos o amor do Pai, sua misericórdia, seu cuidado para com todos, sua cura e libertação. Bartimeu sentia que uma nova vida estava para se descortinar à sua frente.
Havia um problema grave que Bartimeu deveria enfrentar: vencer aquela multidão e chegar pertinho de Jesus. Quem o ajudaria em tamanha façanha? O que Bartimeu encontrou foi um monte de gente mandando que ele calasse a boca, isso sim. Quantas vezes queremos algo e temos medo de enfrentar as opiniões, as contrariedades, o julgamento dos outros, temos medo de enfrentar nossa família, aqueles a quem amamos, temos medo do mundo? Bartimeu sabia que aquela poderia ser sua última oportunidade de mudar de vida! Começou a gritar bem forte e bem alto: Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim.
Em algumas situações de nossas vidas, precisamos ter a coragem de enfrentar nossos medos. Até mesmo gritar se for preciso! Sentimos, em Bartimeu, uma vontade enlouquecida de viver. Ninguém ajudou aquele homem, mesmo assim ele se fez ouvir por Jesus. Bartimeu foi perseverante, sabia o que queria, foi destemido e não se fez de coitadinho, pelo contrário, sentiu-se no direito de receber a graça, a cura e a libertação em sua vida. E, Jesus o ouviu! Chamo-o e lhe perguntou: que queres que eu te faça? Aqui, chega ao seu ápice o evangelho de hoje. O cego respondeu: Mestre, que eu veja!
A pedagogia de Jesus é libertadora. Ele exigiu que o cego assumisse sua limitação, sua enfermidade, sua fraqueza. Quem não assume seus limites, nunca poderá ser curado, nunca! A aceitação de si mesmo já é um caminho de cura interior profunda. Se não sei o que sinto, ninguém poderá me ajudar. Foi isso que Jesus fez com Bartimeu: assuma sua necessidade! Bartimeu sabia, exatamente, o que queria: que eu veja! Algumas lições para nossa vida a partir desse evangelho: não posso ser refém do meu limite; não posso permitir que o meu medo me afaste de Deus e de sua graça; mesmo que ninguém me ajude, não posso me render ao fracasso; preciso assumir minhas doenças, senão não poderei ser curado; por fim, Deus me fez para ser feliz, mesmo que eu tenha de conviver com algumas dificuldades ou limitações físicas, não importa, preciso descobrir um modo de ser feliz do jeito que eu sou.