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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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sábado, 29 de janeiro de 2011

Reflexão do IV Domingo do Tempo Comum

As bem-aventuranças
 


O Evangelho de São Mateus apresenta o tema das Bem-Aventuranças. É um texto muito conhecido dos católicos cristãos. É o Projeto do Novo Reino que entra em questão. Assim ele apresenta o Evangelho baseado em 5 DISCURSOS de Jesus. Deseja mostrar Jesus como o novo Moisés, que na Montanha promulga a nova LEI (= as bem-aventuranças).

Veremos a seguir o primeiro discurso e um comentário de cada bem-aventurança apresentada pelo nosso evangelista. É bom ter presente que a primeira bem-aventurança está em sintonia com a oitava, porque uma abre e a outra praticamente fecha o tema. As outras – de quatro a nona – são uma explicação destas duas.

- Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus (v.3).

Freqüentemente tentou-se atenuar a força dessa expressão, como se os pobres em espírito fossem pessoas “humildes”, independentemente de sua condição social. A palavra pobre recorda os ‘anawim’ do Antigo Testamento e da época de Jesus: são os que depositaram sua confiança em Deus enquanto última instância, porque a sociedade lhes negava justiça. “O pobre é a pessoa honrada, piedoso, espiritualizado, justo (praticante da justiça, “ajustado diante de Deus), aberto a Deus e por isso feliz”. O Reino é deles porque, vivendo assim, realizam o pedido de Jesus (cf. 4,17: “Convertam-se, porque o reino do céu está próximo). Mas, por outro lado, mundo diz: "felizes os que têm dinheiro e sabem usá-lo para comprar influências, comodidade, poder, segurança e bem-estar". Onde está a verdadeira felicidade? Quem é, realmente, feliz?

- Bem-aventurados ao aflitos, porque serão consolados (v.4).

Esta bem-aventurança precisa ser a partir do premio merecido: o consolo. O consolo é uma realidade que Jesus nos traz e que compreende a dor da pessoa que precisa ser consolada. Esta bem-aventurança esclarece a vitória de Jesus sobre o pecado, a morte e a dor e quando Ele ressuscita fica mais evidente o sentido desta vitória. Neste sentido perceberemos que o Deus de Jesus Cristo é o Deus do Consolo (cf. Is 40, 1-5).

- Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra (v.5).

Não é fácil encontrar um adjetivo que justifique esta bem-aventurança. Porém, ela esta em sintonia com a primeira. Muitas vezes os mansos estão ligados com a realidade dos pobres, humildes. Eles têm a esperança da retribuição. Uma ressonância encontra com o Salmo 37, onde diz: “Não se irrite por causa dos maus, nem tenha inveja dos injustos. Ele são como erva: secam depressa, murcham logo como a relva. Confie em Javé e pratique o bem... Porque os maus vão ser excluídos, e os que esperam em Javé possuirão a terra... e não haverá mais injusto; os pobres vão possuir a terra... o injusto faz intrigas contra o justo, e contra ele range os dentes. (Salmo 37,1-3.9-12). A expressão “herdarão a terra ou possuirão a terra” poderia ser o prêmio do reino dos céus. Porém, este reino começa aqui nesta terra e tem um sentido de que o homem pode se esforçar por um mundo melhor. Não foi assim a vida de Jesus! Ele curou os enfermos, a dor... saciou a fome, a sede, pregou um Reino diferente na terra. E nós...?!?

- Bem aventurado os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados (v. 6).

São necessidades sentidas e intensas e que ser inclusive de Deus. Diz o salmista:

> “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando verei a face de Deus?” (Sl 42,2-4); “Ó Deus, tu és o meu Deus, por ti madrugo. Minha alma tem sede de Ti, minha carne te deseja com ardor” (Sl 63, 2).

A fome significa na Bíblia a tendência e a lembrança ao Deus da vida. Jesus disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem acredita em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35). Os homens acreditam que Deus fará justiça aos que são oprimidos pela injustiça. A situação de “fome e sede de justiça” clamam para que cessem a injustiça atual. A justiça corresponde ao Reinado de Deus sobre tudo e sobre todos. Por que a esperança de justiça se cumpre em Jesus Messias e Salvador na cruz. De fato “Javé é nossa justiça” (Jr 23,6).

- Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (v. 7).

Misericórdia é uma palavra composta por “miséria e coração”. É olhar para a miséria do outro, do próximo, de uma pessoa com o coração e não com a razão. Por isso que os “misericordiosos” têm uma atitude diferente frente a qualquer realidade. Jesus insiste na virtude da misericórdia: “Eu quero a misericórdia e não o sacrifício” (Mt 9,13). Então aqueles que têm o espírito de Jesus misericordioso terão a mesma atitude de Deus que é amor, perdão, compassivo, compreensão, ajuda, a partilha, a solidariedade... Como recompensa serão felizes e alcançarão a misericórdia.

- Bem-aventurados os de puro coração, porque verão a Deus (v. 8).

Esta bem-aventurança se inspira no salmista, que diz: “aquele que tem mãos inocentes e coração puro,... esse receberá a benção de Javé e do seu Deus salvador receberá a justiça” (Sl 24,4-5). Para os semitas, o coração é a sede das opções profundas que marcam a vida inteira. Ser puro de coração é ter conduta única, em perfeita sintonia com o Reino. Mas Jesus nos alerta: “é do coração que vêm as más intenções: crimes, adultério, imoralidade, roubos, falsos testemunhos, calúnias. Essas coisas é que tornam o homem impuro...” (Mt 15,19-20).

No Antigo Testamento, a pureza dependia de uma série de ritos mediante os quais as pessoas tinham acesso a Deus. Na nova Aliança, a pureza é sinônimo de opção pelo Reino de Deus (=optar por Jesus) e de respeito pela vida das pessoas. Espiritualizando esta bem-aventurança, serei felizes e puros de coração!

- Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus (v. 9)

Quem trabalha para alcançar a paz entre os homens atua como Deus, porque Deus é o Deus da Paz (Rm 15,33; 16,20). A promoção da Paz, (do Shalom) é fruto misericórdia e da pureza de coração. Depois da ressurreição Jesus saudou os Discípulos: “a paz esteja com vocês” (Jo 20, 19.21.26). A paz que propõe o Evangelho é a dignidade da vida em todos os sentidos. Não se trata de uma paz meramente pessoal, egoísta... mas também a nível social. Parece até contraditório, mas “somos promotores da paz e do evangelho” e vivemos num clima de guerra, de violência, injustiça, etc... E a nossa sociedade atual estimula: "felizes os que não têm medo de lutar contra os outros, pois só assim podem ser pessoas de sucesso". O que é que torna o mundo melhor: a paz ou a guerra? Pensemos!!

- Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus (v.10).

Temos aqui o eco da primeira bem-aventurança... “porque deles é o reino dos céus”. Quem são os perseguidos? São os Discípulos e Missionários de Jesus. E por que são perseguidos? Por causa da justiça. Em outras palavras são aqueles que “são ajustados” diante de Deus. Diz Jesus: “Quando perseguirem vocês numa cidade... / É por isso que eu envio a vocês profetas, sábios e doutores: a uns vocês matarão e crucificarão, a outros torturarão nas sinagogas, e os perseguirão de cidade em cidade” (Mt 10,23; 23,34). Assim permanece a idéia de que “o justo deve sofrer a causa da injustiça”. Contudo, o destino que aconteceu com Jesus (= a cruz) deverá acontecer também com os seus Discípulos.

- Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus (v. 11-12).

A última bem-aventurança revela as tensões e conflitos enfrentados pelas comunidades siro-palestinenses no meio das quais nasceu o Evangelho de Mateus. No tempo em que o evangelho foi escrito, essas comunidades passavam por crise de identidade, com perigo de abandono do projeto de Deus. Os conflitos vinham de fora: a sociedade estabelecida começou a difamar os cristãos, caluniando-os e perseguindo-os. Tornava-se difícil resistir diante das pressões e tribulações de toda espécie. O evangelho lhes lembra que ser discípulo de Jesus é ser como os profetas do Antigo Testamento: “Desse modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês” (v. 12b).

Frei João - Paróquia São Peregrino - Acre

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Notícias

Minhas férias estão chegando ao fim. Na segunda-feira (31), volto às minhas atividades normais na Igreja da Piedade, na Rádio Excelsior da Bahia e nas reflexões aqui no blog. Estar em família, verdadeiramente, restaura nossas forças, nossas energias, nossa vocação. Tenho que pensar no lançamento do meu CD que chegará na segunda quinzena de fevereiro. Enfim, coisas novas virão. Ainda tem o mestrado que começará em março na UFBA - FACOM. 2011 está repleto de muitas atividades. Por isso, aproveitei as férias para um descanso restaurador.
Um abraço e minha benção!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Reflexão da Liturgia do 2º domingo do tempo comum

Luz das nações

Neste segundo domingo do tempo comum, a liturgia da Palavra é um convite a olhar para Jesus, o Cordeiro de Deus, e descobri-Lo como o Salvador da humanidade. João Batista dará seu testemunho sobre a santidade de Jesus, indicando que era Dele que João falara em suas pregações, aquele que existia antes dele.

No domingo passado celebramos o batismo de Jesus, sua grande manifestação ao povo de Israel. O próprio João Batista não conhecia Jesus Cristo. Mas, soube ficar atento aos sinais dos tempos: “Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo”. É na força do Espírito que encontramos Jesus. Só no Espírito Santo podemos descobrir quem é Jesus.

Hoje a palavra forte da liturgia é testemunho. Ao longo da narração do Santo Evangelho, João dirá: “Eu vi e dou testemunho!”. A fé é transmitida por geração, pela tradição, pelos tempos, daí a importância do testemunho eficaz. Testemunhar é presenciar, é experimentar, é observar, é vivenciar. Ninguém transmite um testemunho se não foi afetado por ele. Se o que foi testemunhado não mexeu com o interior de quem viu, aquilo nunca será difundido.

No caso de João Batista, ele testemunhara Jesus antes de tê-lo conhecido. Testemunhou no poder da profecia, na confiança da Palavra, na força do Espírito do Senhor. Hoje, precisamos experimentar Jesus nas diversas possibilidades que a Igreja, guardiã do depósito da fé, nos concede: pela Palavra, pela Tradição, pelos sacramentos. São muitos os caminhos, precisamos encontrar o nosso!

Assim como o servo da primeira leitura, também o Senhor nos preparou para a missão desde o ventre materno. E nossa missão é ser luz! O próprio Jesus se diz luz do mundo. A vida de Jesus continua em nossa vida. Sua missão continua na nossa. Em vários ambientes onde nos encontramos existe sempre uma área escura, marcada pelo pecado, pelo afastamento de Deus, pela falta de amor e caridade. Nesses lugares, minha luz precisa se acender. Luz do testemunho, luz da verdade, luz do discipulado consciente e construtor de novas relações. Não podemos deixar que a luz Deus se apague em nós!

E Paulo, na segunda leitura, escrevendo aos Coríntios, deixa um caminho de vivência do discipulado, para aquela comunidade que está nascendo: invocar o nome do Senhor Jesus. No nome de Jesus, sua missão: Deus salva! É ao Cristo a quem queremos anunciar, sua vida, sua palavra, sua morte e ressurreição. E Paulo termina com uma linda e profunda saudação: graça e paz. Que sejamos esses arautos da paz verdadeira que só o Cristo nos dá.

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  1. rimeira leitura - Is 49,3.5-6
  2. Segunda leitura - 1Cor 1,1-3
  3. Salmo - Sl 39
  4. Evangelho - Jo 1,29-34