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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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SEMANA DA FAMÍLIA 2014

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

ABERTURA DO PROGRAMA DE RÁDIO - QUINTA às 16h - www.am840.com.br

JÓ: FARTURA, PERDA, SOFRIMENTO E REDENÇÃO

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Uma das mais frustrantes experiências humanas é a da perda. Não importa o que perdemos, sempre ficamos com uma ponta de tristeza. O desejo de sempre ter mais e mais, acaba ofuscando o verdadeiro sentido do viver. Empreendemos nossas melhores energias na busca de ter algo. O ter é uma experiência desafiadora. Não é fácil ter algo, muito menos alguém. É bem verdade, que alguns conseguem coisas e pessoas com muita facilidade, mas pode ser tão efêmero quanto à velocidade da conquista. Outros lutam a vida inteira e nada conseguem, nem ninguém. Desculpe se coloco coisas e pessoas no mesmo grau de objeto a ser conquistado, é que estamos confundindo tudo em nossos tempos. Não estamos sabendo diferenciar coisas, de gente.

Na Bíblia, há uma rica experiência de perdas e ganhos, sofrimento e redenção. É a vida de Jó. Rico, possuidor de muitos bens, e patriarca de uma família linda, saudável e numerosa. Apesar dessa riqueza toda, ele era temente a Deus. Satanás, quando veio dar umas voltas pela terra e, ao encontrar-se com Deus no céu, narra o livro, foi interpelado sobre o que ele estava fazendo, ao que respondeu: dando umas voltinhas pela terra! E Deus pergunta: você reparou em meu servo Jó, como ele é temente a mim? E Satanás disse: com a vida de riqueza e felicidade que ele leva, fica fácil. Tire tudo dele que se revoltará contra você (Deus). Mas, Deus conhecia o coração de Jó e o submete a essa dura prova. Porém, ordenou a Satanás que não lhe tirasse a vida.

Pronto, o diabo fez a festa na vida de Jó. Matou-lhe todos os familiares, tirou-lhe todas as posses e deu-lhe uma grave enfermidade. É longo o martírio desse servo de Deus. E satanás o provou de todas as maneiras possíveis. E Jó continuava firme no Senhor. Mas, Jó era profundamente humano. Brigava com Deus, amaldiçoava o dia em que nasceu, o ventre da mãe. Pedia para morrer, para sumir. E esse grito era sua oração. Esse lamento era sua prece. Mas, nunca perdeu a fé! Mesmo sofrendo perdas terríveis, continuava mergulhado no absurdo do acreditar, da fé. Até o momento em que Deus sentiu que Jó já lhe dera provas suficientes de que era um homem temente e fiel. As forças de Jó já estavam se esgotando, chegando ao limite do suportável, quando Deus intervém na vida daquele homem e lhe devolve tudo o que ele perdera ao longo da sua provação. Muitas vezes, nossa dor é tão grande que nossa oração é, tão somente, um grito ou uma lágrima.

A experiência de Jó não é muito diferente da nossa experiência. Passamos por provações duras, por perdas irreparáveis, por sofrimentos intermináveis. Parece que Deus nos prova ao máximo das nossas capacidades. O que fazer nesses momentos? Como compreender o que Deus quer de cada um de nós nessas situações? Onde podemos encontrar forças para continuar acreditando no Deus do impossível? No capítulo 19 do livro de Jó, vem-nos um alento: quando esse servo de Deus não tinha mais forças humanas, ele se abandonou, completamente, nas mãos de Deus e disse: “Eu sei que o meu defensor está vivo! (v.25)”. Essa certeza é nosso alento: o Deus em quem depositamos nossa esperança está vivo! No tempo certo, agirá em nosso favor! A palavra de profecia é: espera no Senhor!

No final de sua provação, Jó se entrega totalmente nas mãos de Deus e faz uma belíssima profissão de fé: “Conhecia-te só de ouvir falar, mas agora meus olhos te viram” (42,5). Não basta saber quem é Deus, é preciso experimentá-lo todos os dias, na saúde e na alegria, na fartura e na perda, no sofrimento e na redenção. Eu não posso crer, apenas, porque Deus me dá algo e minha vida é, materialmente, farta; mas creio porque minha fé é o meu alimento e minha fortaleza. E, depois de provar a paciência de Jó, Deus lhe devolveu a saúde, a felicidade, sua amada família e os bens que ele possuía. Aprendamos, com nossas perdas e sofrimentos, que Deus continua nos amando mesmo que não percebamos sua mão protetora sobre nós.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

FESTA DE SÃO PIO DA PIETRELCINA (23/09)

TRECHOS DA HOMILIA CARDEAL JOSÉ SARAIVA MARTINS NA CONCELEBRAÇÃO DE AGRADECIMENTO POR SÃO PIO DE PIETRELCINA

Vaticano, Segunda-feira, 17 de Junho de 2002

"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (Jo 15, 13). Os amigos do Senhor são muitos, não se podem contar as testemunhas do Evangelho que consagraram a sua vida a Cristo. O salmista recorda que "Deus é admirável nos seus santos" (Sl 67, 36), verdadeiramente Ele continua a realizar maravilhas nos seus servos bons e fiéis. Hoje a nossa atenção dirige-se, de maneira muito particular, para um deles: Padre Pio de Pietrelcina, ao qual Cristo chamou "amigo" e que ontem o Sucessor de Pedro inscreveu no álbum dos Santos.

Ao redor do altar, com o coração repleto de alegria, desejamos agradecer ao Senhor, e ao Santo Padre João Paulo II, por ter dado o humilde frade capuchinho como modelo de santidade a toda a Igreja e como nosso intercessor junto de Deus. Foi dito, de modo sugestivo, que Padre Pio é o "santo do povo". Verdadeiramente ele foi "um humilde frade capuchinho que surpreendeu o mundo com a sua vida, toda dedicada à oração e à escuta dos irmãos", como recordou o Papa na homilia de beatificação.

O novo Santo capuchinho é, em primeiro lugar, um apaixonado de Cristo, como S. Paulo. Para ele, como para o Apóstolo, viver é Cristo, Cristo crucificado, até se identificar com Ele, reproduzindo na própria carne os sofrimentos da Cruz de Cristo. Ele podia repetir, como nos disse o autor da carta aos Gálatas: "trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus" (Gl 6, 17). Mas a cruz de Padre Pio, levada por amor a Cristo, esteve sempre iluminada pelo esplendor da Ressurreição e, portanto, é fonte inexaurível de esperança.

Manifestou este seu amor total a Cristo, amando intensamente os irmãos. Deste amor, o frade dos estigmas deu provas sobretudo no exercício do ministério do confessionário que praticou durante cinqüenta e oito anos, incansavelmente, de manhã até à noite. Dirigiam-se a ele homens e mulheres, doentes e sãos, ricos e pobres, jovens e adolescentes, eclesiásticos e leigos, pessoas simples e de cultura. A todos recebia com zelo, sabia ouvi-los, dizia-lhes palavras de sábio guia espiritual, e transmitia ao seu coração uma grande serenidade interior.

O Santo de Pietrelcina soube semear a paz nos corações também através das longas horas de oração e de celebração do sacramento do perdão que absorveu todo o seu tempo, assim como por meio de várias obras caritativas: os lares queridos em San Giovanni Rotondo, o Instituto de formação dos Terciários de Nossa Senhora das Dores, e primeira de todas, a "Casa Alívio do Sofrimento".

Quando já se tinha difundido a fama de Padre Pio e o estigmatizado de San Giovanni Rotondo era muito procurado, aos que lhe diziam "Padre, verdadeiramente vós sois tudo para todos", ele respondia: "Corrige! Sou o tudo de cada um. Cada um pode dizer: o Padre Pio é meu" (Santos e Santas na Ordem dos Frades Capuchinhos, vol. III et Post. Gen. Cap., 1982, pág. 343).

Caríssimos, ao regressar às nossas casas, comunidades, países ou cidades, ao voltar para as nossas famílias, levemos conosco a convicção de que São Pio de Pietrelcina é "todo" nosso, é todo de cada um, mas para nos guiar para Cristo, porque este foi e continua a ser o seu grande desejo.

A vós, queridos Frades Capuchinhos, que destes à Igreja tantos Santos, desde o início da fundação da vossa Ordem até aos nossos dias, a vós que estais aqui presentes e a todos os vossos Irmãos de hábito espalhados no mundo para anunciar o Evangelho do amor e da paz, desejaria convidar-vos a ser edificadores de paz, com a simplicidade do vosso ser "frades do povo", com a vossa vida e com o testemunho da vossa fraternidade. O mundo precisa do vosso testemunho de simplicidade, de alegria, de sorriso, do vosso "Paz e bem", para continuar a esperar, a crer e a amar.

E a todos vós, devotos e filhos espirituais do Padre Pio desejaria recordar, para concluir, as palavras pronunciadas pelo Santo Padre João Paulo II aos jovens, na sua recente viagem à Bulgária: "Aceitai com coragem humilde a proposta que Deus vos faz. Na sua onipotência e ternura, Ele chama-vos a ser santos. Seria de estultos gloriar-se de uma semelhante chamada, mas seria irresponsável rejeitá-la. Equivaleria a assinar a própria falência existencial. León Bloy, um escritor católico francês de Novecentos, escreveu: "Há apenas uma só tristeza, a de não ser santos."

Na realidade, caríssimos irmãos e irmãs, estas palavras são válidas também para todos nós. De fato, unicamente aceitando a chamada de Deus a sermos santos, "daremos fruto e o nosso fruto permanecerá"; só assim seremos "sal da terra e luz do mundo". Como o nosso querido novo Santo, Padre Pio de Pietrelcina.

domingo, 19 de setembro de 2010

25º domingo do tempo comum

Não podeis servir a Deus e ao dinheiro

Frei Mário Sérgio, ofmcap
Jesus narra uma parábola de um administrador acusado de esbanjar os bens do seu patrão. Desconfiado, o patrão pede-lhe que preste conta da sua administração. Um procedimento normal nessas situações. Aquele administrador começou a pensar em sua vida e em sua condição física: “para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha” (v.3). A solução que esse administrador encontrou foi essa: começou a diminuir as despesas de quem devia ao seu patrão, conquistando a amizade, a admiração e a confiança dos que deviam muito. Foi bondoso com o dinheiro alheio. Quem devia 100 pagou 50, outros 80. Com o dinheiro sujo, desonesto, fez muitos amigos que o ajudariam quando ele estivesse desempregado.

O que mais nos surpreende nessa história é que Jesus admira a atitude do administrador desonesto. Note bem, Jesus não justifica a desonestidade daquele homem, mas o modo como ele encontrou uma solução para os seus problemas vindouros. “E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza” (v.8). O que seria a esperteza dentro do contexto do seguimento de Jesus, na perspectiva da evangelização, da espiritualidade? É preciso ser esperto para se tornar um discípulo missionário de Jesus? A esperteza desperta atenção de Jesus: “Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz” (v.8). A pergunta é: quais são os negócios dos filhos da luz?

Nosso mundo caminha para uma secularização acentuada, isto é, querem banir a dimensão religiosa da vida do povo, das sociedades, das instituições, da política, da cultura. Ao mesmo tempo, o novo contexto do cristianismo tem servido mais aos interesses do mercado do que da própria evangelização, compreendida como o anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus (Kérigma). Em nome de Jesus Cristo, verdadeiros impérios têm sido erguidos pelo mundo afora. Passamos de evangelizadores para empreendedores. Nossas estratégias de marketing fazem de Jesus um produto rentável e sempre tentando agradar o gosto do cliente, digo, do fiel. Seria essa a esperteza que agrada a Jesus?

A Igreja nos pede para evangelizar com renovado ardor missionário, com novos métodos, novas linguagens. Uma evangelização nova para um mundo em efervescentes mudanças. E o que se vê é a evangelização entrando em águas mais profundas: televisão, rádio, internet, música, artes, blogs, sites. A evangelização se torna, a cada dia, mais virtual. Estamos ficando espertos! Porém, onde nos levará essa esperteza toda? Se fazemos uso do dinheiro da mesma forma que os filhos das trevas, qual é a nossa diferença? Se a lógica capitalista da exclusão faz parte dos nossos ambientes, que diferença fazemos? Se o lucro é o objetivo de nossa evangelização, que testemunho daremos para o mundo? Temos de tomar cuidado para não servir ao deus dinheiro, aproveitando-se de Jesus de Nazaré. Sinceramente, essa não é a esperteza de que Jesus nos convida a ter.

O uso evangélico do dinheiro é para ajudar aos mais necessitados. Nada escandaliza mais o mundo do que suas próprias desigualdades sociais. A profecia de Amós (8, 4-7) faz um alerta para todos nós: Deus punirá severamente quem maltratar, humilhar, escravizar e dominar os pobres. Toda essa fortuna amealhada em nome de Jesus tem ajudado os pobres? A religião não pode encobrir a injustiça social, muito menos promovê-la. Só existe justiça social quando os bens fundamentais para a vida são acessíveis a todos. Por isso, Paulo pede oração pelos governantes (1Tm 2, 1-8) a Timóteo. Se a política não for o meio mais eficaz de promoção da vida, ela não serve para mais nada. Se os governantes não pensam no bem do povo, apenas em usar as vantagens dos cargos para o bem próprio, caminhamos para uma crise profunda em nossa sociedade. Os exemplos de péssimos políticos pululam em nossa sociedade brasileira. É um escândalo sucedido por outro a todo instante. E o pior: muitos deles se dizem cristãos! Podem ser cristãos, mas não são sal da terra e luz do mundo!

Por outro lado, precisamos tomar cuidado com nossas pequenas corrupções. O problema é que mensuramos a corrupção usando como referencial somente o dinheiro: quando se trata de milhões de reais, então é corrupção. Quando é ‘apenas’ o dinheiro para uma cervejinha que eu dei para o fiscal não me multar, quando é ‘apenas’ cinqüenta centavos que eu recebi a mais do troco do pão e nem comentei com o caixa da padaria, então não é corrupção. Aquela mercadoria que eu vendi sem nota fiscal, também não é corrupção, afinal não tenho mesmo uma contraprestação do governo!

Finalizo com as palavras de Dom Henrique: “A constatação de Jesus é tristemente real: os pecadores são mais espertos e mais dispostos para o mal, que os cristãos para o bem. Pecadores entusiasmados com o pecado, apóstolos do pecado, divulgadores do pecado... Cristãos sem entusiasmo pelo Evangelho, sem ânimo para a virtude, sem criatividade para crescer no caminho de Deus! Pecadores motivados, cristãos cansados e preguiçosos! Que vergonha! Hoje, como ontem, a constatação de Jesus é verdadeira”. Pois é: que Jesus tenha muita misericórdia de todos nós!

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LITURGIA DA PALAVRA:

I LEITURA - Am 8, 4-7
Salmo - 112
II LEITURA - 1Tm 2, 1-8
EVANGELHO - Lc 16, 1-13

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

17 de setembro: festa das chagas de São Francisco

O SENTIDO E O SIGNIFICADO DAS CHAGAS DE SÃO FRANCISCOS

Por Frei Régis G. Ribeiro Daher

Mais do que desvendar o caráter histórico das Chagas de São Francisco, importa refletir sobre a experiência de vida que se esconde sobre este fato. O que significa a expressão de Celano "levava a cruz enraizada em seu coração"? O que isso significou para o próprio Francisco? Há um significado para nós hoje, naquilo que com ele ocorreu?

Um erro comum é o de ver São Francisco como uma figura acabada, pronta, sem olhar para a caminhada que ele fez até chegar à semelhança perfeita (configuração) com o Cristo. O que ocorreu no Monte Alverne é o cume de toda uma vida, de uma busca incessante de Francisco em "seguir as pegadas de Jesus Cristo". Francisco lançou-se numa aventura, sem tréguas, na qual deu tudo de si: a vontade, a inteligência e o amor. As chagas significam que Deus é Senhor de sua vida. Deus encontrou nele a plena abertura e a máxima liberdade para sua presença.

O SEGUNDO SIGNIFICADO das chagas é o de que Deus não é alienação para o ser humano, ao contrário, é sua plena realização e salvação. Colocando-se como centro da própria vida é que o homem se aliena e se destrói; torna-se absurdo para si mesmo no fechamento do seu 'ego'. O homem só encontra sua verdadeira identidade, sua própria consistência e o sentido de sua existência em Deus. E Francisco fez esta descoberta: Jesus Cristo foi crucificado em razão de seu amor pela humanidade - "amou-os até o fim" - , e ele percorre este mesmo caminho.

O TERCEIRO SIGNIFICADO: as chagas expressam que a vivência concreta do amor deixa marcas. A exemplo de Cristo, Francisco quis suportar/carregar e amar os irmãos para além do bem e do mal (amor incondicional). Essa atitude o levou a respeitar e acolher o 'negativo' dos outros mantendo a fraternidade apesar das divisões. Esse acolher e integrar o negativo da vida é a única forma de vencer o 'diabólico', rompendo com o farisaísmo e a autosuficiência, aniquilando o mal na própria carne. Só assim, o homem é de fato livre, porque não apenas suporta, mas ama e abraça o negativo que está em si e nos outros.

O QUARTO SIGNIFICADO: seguir o Cristo implica em morrer um pouco a cada dia: "Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz a cada dia e me siga" (Lc 9,23). Não vivemos num mundo que queremos, mas naquele que nos é imposto. Não fazemos tudo o que desejamos, mas aquilo que é possível e permitido. Somos chamados a viver alegremente mesmo com aquilo que nos incomoda, vencendo-se a si mesmo e integrando o 'negativo', de modo que ele seja superado. Nós seremos nós mesmos na mesma medida em que formos capazes de assumir nossa cruz. As chagas de São Francisco são as chagas de Cristo, e elas nos desafiam: ninguém pode conservar-se neutro, sem resposta diante da vida.

São Francisco não contentou-se em unicamente seguir o Cristo. No seu encantamento com a pessoa do Filho de Deus, assemelhou-se e configurou-se com Ele. Este seu modo de viver está expresso na "perfeita alegria", tema central da espiritualidade franciscana: "Acima de todos os dons e graças do Espírito Santo, está o de vencer-se a si mesmo, porque dos todos outros dons não podemos nos gloriar, mas na cruz da tribulação de cada sofrimento nós podemos nos gloriar porque isso é nosso".

Fonte: http://www.franciscanos.org.br/noticias/noticias_especiais/chagas2006/03.php

terça-feira, 14 de setembro de 2010

FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ (14/09)

Ninguém Te Ama Como Eu
Composição: Martin Valverde

Tenho esperado este momento!
Tenho esperado que viesses a mim.
Tenho esperado que me fales.
Tenho esperado que estivesses assim.

Eu sei bem o que tens vivido, sei também que tens chorado.
Eu sei bem que tens sofrido.
Pois permaneço ao teu lado.

Ninguém te Ama como Eu (Bis)
olhe para a cruz, está é a minha grande prova.
Ninguém te Ama como Eu, Ninguém te Ama como Eu (Bis)
Olhe para a cruz foi por ti, porque Te amo.
Ninguém te Ama como Eu.

Eu sei bem o que me dizes, ainda que nunca me fales.
Eu sei bem o que tens sentido, ainda que nunca me reveles:
"Tenho andado ao teu lado, junto a ti permanecido.
Eu te levo em meus braços, pois sou teu melhor amigo."

domingo, 12 de setembro de 2010

Reflexão do evangelho do 24º domingo do tempo comum (12/09/10)

O filho pródigo e o pai misericordioso (Lc 15, 1 – 32)

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Qual é a medida do amor de Deus para com a humanidade? Eis uma pergunta que nunca deixará de ser feita! É possível que Deus seja sempre perdão, amor, misericórdia, compaixão e paciência? Será que tem limite o amor de Deus? Na liturgia do 24º domingo do tempo comum, experimentaremos as respostas para tais indagações. É o domingo da misericórdia do Pai. Do amor incondicional. Do perdão sem limites. Do abraço reconciliador.

Em três situações distintas, Jesus descreve uma faceta do amor do Pai pelos homens. A primeira é da ovelha perdida. A figura do pastor aparece como aquele que cuida e se preocupa de tal maneira por uma só ovelha que se perde, que por ela é capaz de abandonar todas as demais, temporariamente, para procurar uma única que se perdeu. E Jesus conclui, haverá mais festa no céu quando um pecador mudar de vida do que pelos justos que lá se encontram. A segunda é da moeda perdida. Uma mulher perde uma moeda, valor de um salário de um dia, e pega um candeeiro e põe-se a procurar avidamente por aquele objeto de valor, e quando a encontra, a alegria toma conta daquela mulher. E Jesus conclui, haverá mais alegria entre os anjos quando um pecador se encontrar com o perdão de Deus. Nessas duas parábolas, as coisas foram perdidas: a ovelha e a moeda. Não houve um ato de liberdade. Apenas um lapso de quem cuidava.

Jesus, para coroar o ensinamento sobre a misericórdia de Deus, contará mais uma parábola: a do pai misericordioso. Ao longo de muito tempo, chamou-se parábola do filho pródigo, o que não corresponde ao ensinamento de Jesus. O foco está na misericórdia do pai e não no pecado do filho. Em síntese: o filho pede a herança de que tem direito e vai para o mundo, gasta tudo com farras e prostituição e fica pobre. Acaba num chiqueiro, tendo de comer lavagem dos porcos para sobreviver. Caiu em si e lembrou-se que seu pai é muito amoroso e nunca tratou um empregado com desprezo ou com opressão e decide levantar daquela lama fétida e se tornar escravo do próprio pai para ter uma vida mais cômoda. O que esse filho não sabia é que seu pai nunca mais teve paz interior depois que ele saiu de casa. Era uma vida de angústia, de sofrimento, de solidão. Como aquele filho fazia falta para aquele velho pai!

Muitas vezes queremos desfrutar de nossa liberdade, abandonando a quem amamos, por uma vida de aventuras e curtições. Gastamos nossa dignidade de filho amados de Deus, perdemos o respeito pelo outro, esquecemos de que temos uma família que nos ama e que sofre com nossos erros e afastamentos... Mas, nem sempre temos a coragem desse filho pródigo de tomar consciência de nosso pecado, de nosso limite, de nossa lama, de nossa sujeira e regressar ao colo de Deus. A lama quanto mais é remexida, mais afunda. Assim, acontece com quem vive no pecado: a tendência é de afundar cada vez mais! O segredo está guardado em nosso coração: no fundo de nossa insensatez, sabemos que nosso pai nos ama! Agora, é criar coragem, levantar a cabeça e caminhar ao encontro desse pai amoroso, deixando que a lama caia ao longo do caminho de volta para casa.

O filho pródigo, todo sujo de lama, que ao longo do caminho de volta acabou virando uma couraça de sujeira, queria, apenas, ser escravo do pai. Para sua mais absoluta surpresa, o pai o recebe com a mesma dignidade com que o despediu: roupa nova, anel, sandálias aos pés e muita, mas muita festa mesmo. O sentimento do coração daquele pai era somente esse: seu filho estava morto e agora ressuscitou! Aquele abraço foi tão acolhedor, tão curativo, tão misericordioso que o pecado se tornou um detalhe, importava celebrar a graça do arrependimento e da vida nova.

Agora, um outro personagem entra em cena: o filho mais velho. Esse sempre fiel, trabalhador, honesto, cumpridor do seu dever e temente ao pai. Mas, diante do pecado do irmão, não foi capaz de agir com misericórdia. Foi duro no julgamento. Não aceitou, em hipótese alguma, o retorno do irmão. Na verdade, aquele irmão pródigo já havia morrido no coração do irmão mais velho. Esse, aponta para uma dificuldade do coração humano: desistimos, facilmente, de quem amamos! Somos cruéis com os erros dos outros. Somos insensíveis com os dramas dos pecados alheios. E, pior ainda, temos dificuldade em acreditar na mudança e na conversão daqueles a quem consideramos perdidos.

Três pessoas e três atitudes diferentes: o filho pródigo, arrependido dos erros; o pai amoroso, que age com misericórdia e aceita o filho de volta; e o filho mais velho, que não acolhe o irmão pecador. Onde nos encontramos nesse sócio-drama? Hoje, em meu atual contexto de vida, quem sou eu em relação a esses três personagens? Sinto-me perdido, afastado de Deus, da minha família, daqueles a quem amo (filho pródigo)? Estou desafiado a acolher alguém, seja um amigo, irmão, filho, esposa, esposo que errou e que precisa do meu perdão e do meu acolhimento (pai misericordioso)? Ou tenho sido duro nos meus julgamentos, na aceitação do erro do outro, sentindo-me melhor, mais puro, mais santo (filho mais velho)?

Por fim, Deus nos ama com misericórdia, ternura e amor incondicional. Esse foi o Deus que Jesus veio revelar: amor! Quando percebemos que Deus nos ama assim, sentimos que estar longe dele e dos outros, por razões humanas, é perder tempo, e perder Deus. Então nasce, espontaneamente, a necessidade de pedir perdão!

LEITURA DO DOMINGO:
I LEITURA – Ex 32, 7-11.13-14
SALMO – 50
II LEITURA – 1Tm 1, 12-17
EVANGELHO – Lc 15, 1-32

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ABERTURA DO PROGRAMA DE RÁDIO - QUINTA às 16h - www.am840.com.br

Em atenção à tua palavra (Lc 5,5)

Frei Mario Sérgio, ofmcap.

O cenário é o lago de Genesaré, na Galiléia. Uma multidão se apertava para ouvir Jesus. Todos queriam uma palavra de esperança, de libertação, de salvação. Qualquer esforço justificava estar ali. É Jesus quem está passando, quem está falando. O povo sentia fome de um Deus vivo, misericordioso e, sobretudo, presente em seus cotidianos. Ainda hoje somos assim. Queremos um Deus que seja Emanuel (Deus-conosco).
Os pescadores haviam chegado da pescaria e nada conseguiram naquele dia. Jesus senta-se na barca e ordena: avancem para as águas mais profundas (Lc 5,4). Os pescadores ficam assustados. Ora, de pescaria Jesus não entendia nada. Portanto, não devemos ouvi-Lo. Mas, Jesus se utiliza desse episódio para um dos seus maiores ensinamentos: Deus é um Pai de amor. O convite de lançar as redes logo foi atendido. E o que é mais bonito e profundo: em obediência à Palavra! Quando perdemos a capacidade de confiar na Palavra de Jesus, perdemos tudo. A fé é um mergulho na providência divina. Ou obedecemos ou não somos cristãos.
É uma tentação muito grande querer fazer as coisas da nossa maneira, do nosso jeito, como achamos mais conveniente. Mas, nem sempre nos damos bem. Quem vive para sim, empobrece seu viver. Sem uma vida de intimidade com Deus, que se revela na oração, na meditação da Palavra, na vida de sacramentos, na missão, na caridade que praticamos, na mão que estendemos, no doente que ajudamos, no pobre que acolhemos, fica difícil voltar ao mar e refazer o processo demorado da pescaria. Quando Jesus convida os pescadores a voltarem ao mar, foi um convite a dobrar o orgulho, o cansaço, o desânimo. E, ao mesmo tempo, um exercício de confiança na providência. E, fiquemos atentos a isso: disse Jesus - sem mim, nada podeis fazer!
Quando somos obedientes a Deus, o milagre da vida acontece aos nossos olhos. A quantidade de peixes foi tão grande, que os pescadores precisaram de outra barca para encher e ajudar a levar à margem. Sem a coragem do abandono nas mãos de Deus, apegamo-nos aos nossos medos e aos nossos comodismos e achamos que as coisas são assim mesmo, não tem mais jeito, deixa como está... Em águas rasas não pegamos muitos peixes. Avancemos para as águas mais profundas.
Um mundo melhor, uma sociedade mais justa e mais fraterna, uma igreja mais santa e mais próxima das realidades sofridas do homem e da mulher de hoje é um desafio para todos, de modo particular para os batizados. Jesus não realizou sua missão sozinho, mas confio em homens frágeis, simples, tirados do meio do povo, trabalhadores sofridos e sem muita cultura intelectual. O projeto de Jesus já nasceu comunitariamente. Precisamos entender isso: somos comunidade. Se perdermos essa característica fundamental do cristianismo, afasta-mos do desejo do Coração de Jesus: que todos sejam um.
Portanto, nesse início do mês de setembro, dedicado à Bíblia, sejamos obedientes a essa Palavra do Senhor. Dediquemos um tempo maior à leitura da palavra, à meditação. O livro que a igreja nos convida a estudar e a vivenciar é o de Jonas. Como nos lembra a canção, pela Palavra de Deus, saberemos por onde andar. Ela é luz e verdade, precisamos acreditar! Que Deus nos abençoe e nos proteja hoje e sempre!