Twitter

FOTOS QUE EVANGELIZAM

FOTOS QUE EVANGELIZAM
SEMANA DA FAMÍLIA 2014

quinta-feira, 29 de julho de 2010

ABERTURA DO PROGRAMA DE RÁDIO

Santa Marta: hospitalidade e serviço
Frei Mário Sérgio, ofmcap

Naquele tempo, muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?” Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.( João 11, 19-27)
_____________________________________________________________________________

Nesse dia 29/07, celebramos a memória de Santa Marta, a irmã de Maria e de Lázaro. Sempre acolhedora e hospitaleira, Marta abria a sua casa para um hóspede ilustre e amigo: Jesus de Nazaré. Deveriam ser momentos de intensas partilhas das missões de Jesus, momentos de descontração, de alegria, de festa. Poderíamos dizer que Betânia era a segunda casa de Jesus. Ali, ele se sentia família também. Era de casa. A intimidade daquela família, com Jesus, era tão forte, que no episódio do evangelho de hoje (Jo 11, 19-27), Marta vai dizer que Lázaro morreu porque Jesus não estava presente no meio deles para evitar aquele desfecho sofrido para todos.

O caminho que Jesus vai percorrer com Marta, passa pela ressignificação da fé daquela mulher-amiga. Por Jesus ter falado em tantos milagres e tantas curas, Marta poderia possuir uma fé num Jesus fenomenal, espetacular, desumano. Logo, ela culpará Jesus pela morte de Lázaro: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido (v.21)”. Foi um desabafo duro para Jesus ouvir. O que o Mestre vai dizer para aquela amiga sofrida e desesperada, é que o morrer faz parte do viver. Mas, dirá algo mais precioso ainda: “Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá (v.25)”. Ora, diante de Marta, agora, não está o amigo, o irmão, o companheiro, o mestre, mas está o Cristo. Passar de uma fé afetiva para uma fé teologal, isto é, passar de um sentimento para uma atitude.

Se Marta não fizesse essa passagem, tão pouco poderia fazer sua belíssima profissão de fé: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que deveria vir ao mundo (v.27)”. Com isso, aprendemos grandes lições: não basta estar com Jesus, é preciso fazer uma experiência de vida e de conversão com Ele; é preciso superar uma imagem falsa de Jesus, curandeirista, mágica, des-humana, e começar a enxergá-lo como o Deus-conosco, isto é, como Deus encarnado, portanto, um Deus que age na história, respeitando os limites de cada tempo e de cada pessoa; e, por fim, acreditar que Jesus é o Senhor da vida.

Marta estava decepcionada com Jesus. Ele demorou a chegar a sua casa e, por conta disso, Lázaro havia morrido. Também temos nossos momentos de decepções com Deus. Sobretudo, com as demoras de Deus em nossa vida, em nossos projetos, em nossos sonhos, na resolução dos nossos conflitos, na cura de nossas enfermidades, e tantas outras demoras... Mas, o que aprendemos com Deus é que Ele tarda, mas chega; e quando chega, traz a vida nova consigo; ressuscita-nos para um novo viver, e nos torna novas pessoas. Quem crê, verdadeiramente, sabe esperar o momento de Deus. Há momentos, em nossa vida, em que achamos que tudo acabou e nos parece muito escuro. No entanto, é, justamente, nestas horas que nós temos de esperar, até mesmo, a esperança. Esperar a própria esperança quando não temos nada para esperar e recusar o desespero. Esta é a grande mensagem do Evangelho.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

REFLEXÃO PARA ABERTURA DO PROGRAMA DE RÁDIO - toda quinta 16h. www.am840.com.br

Maria Madalena: primeira discípula do Ressuscitado

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Jesus, ao longo do seu ministério, sempre foi acompanhado por muitas mulheres. Algumas anônimas, outras mais famosas, outras mais discretas. Não era comum, muito menos aceitável sócio-culturalmente, mulheres seguindo homens em missão, em peregrinação ou no exercício do seu ministério. Jesus era diferente de todos os outros mestres. Ele tocou o coração daquelas mulheres restaurando-lhes a vida, a saúde, a esperança e a alegria de viver. Por isso, elas o seguiam com toda fidelidade e com toda convicção.

Todas as mulheres que, um dia, tiveram a graça de se encontrar com Jesus, foram transformadas. Parece que as mulheres compreendiam Jesus muito mais rápido do que os homens. Penso que a mulher entende pelo coração e, muito menos, pela razão. A samaritana mudou de vida sem pensar duas vezes. Compreendeu logo que estava diante do Messias. A viúva de Naim, tão sofredora, recebe a graça de ter o filho que estava morto de volta ao convívio familiar. A pobre viúva que ofertou duas moedas, mas era tudo que ela possuía, e foi elogiada por Jesus que a observava de longe. A mulher que ungiu os pés de Jesus com um perfume caríssimo, antecipando sua morte, ouviu do Mestre: o gesto dessa mulher será lembrado eternamente. O que dizer da mulher adúltera? Ninguém te condenou, nem eu! Vai e não peques mais. Foram muitas mulheres que mudaram de vida quando se encontraram com Jesus.

Dentre as muitas mulheres, uma delas se destaca: Maria Madalena. Muito já se falou sobre essa mulher. Muitas calúnias e inverdades. Para saber quem é Madalena, precisamos voltar aos Evangelhos, fonte segura, e deixar que a verdadeira Maria Madalena apareça: Sete demônios saíram dela (Lucas 8, 2); ela era uma das mulheres que ajudaram Jesus e seus discípulos enquanto estes pregavam o evangelho (Lucas 8, 1-3); ela e muitas outras mulheres seguiram Jesus desde a Galiléia quando ele foi para Jerusalém no final do seu ministério (Mateus 27, 55-56); quando Jesus foi levado para ser crucificado, ela e outras seguiram de longe (Mateus 27, 55-56; Marcos 15, 40-41); quando Jesus foi sepultado, ela foi uma das mulheres que observou o lugar onde o corpo foi posto (Marcos 15, 45-47); ela e outras mulheres foram ao túmulo no primeiro dia da semana para embalsamar o corpo de Jesus (Marcos 16, 1-2; Mateus 28, 1); quando ela encontrou o sepulcro aberto, correu para avisar Pedro e João (João 20, 1-2); ela foi uma das primeiras a receber a notícia da ressurreição quando um anjo falou às mulheres perto do túmulo aberto (Mateus 28, 5-6). Anunciou a boa notícia aos discípulos (Lucas 24, 9-10); ela foi uma das primeiras pessoas a ver Jesus depois da ressurreição (Mateus 28, 8-10; João 20, 13-18).

Maria Madalena fazia parte do grupo de Jesus. Corajosa, destemida, companheira, fiel. Porque Jesus deu sentido à sua vida, ela nunca mais quis se afastar Dele. Ela foi a primeira pessoa a quem Jesus revela sua ressurreição. Isso demonstra o afeto e a confiança que Ele tinha por ela, uma mulher. Ela, por sua vez, compreendeu, imediatamente, que seu mestre estava vivo, quando Ele a chamou pelo nome, num contato pessoal, carinhoso (Jo 20,16). A voz do pastor se fez ouvir pela ovelha. O coração de Madalena se encheu de profunda paz interior: Ele ressuscitou verdadeiramente! Jesus confiava uma grande e desafiadora missão a ela: vai dizer aos irmãos meus (Jo 20,17)... Correndo, emocionada, ofegante e cheia de alegria, ela encontra os demais e anuncia-lhes a notícia mais esperada: Ele vive!

A missão de Madalena, hoje, é nossa missão: anunciar que o Cristo vive no meio de nós. Muitos irmãos vivem desanimados e sem esperança. Os problemas, as dificuldades, os relacionamentos feridos, a família destruída, o desemprego, a doença, tudo isso faz com que muitos vivam como se Jesus, a fonte da vida e da misericórdia, estivesse morto. Há muitos corações precisando de novas madalenas que tenham a coragem de ir ao sepulcro das desilusões dos irmãos e dizer-lhes, quando tudo já parece perdido e sem luz, que é tempo de ressuscitar, de viver novamente. Uma das mais belas auto-definições de Jesus é exatamente essa: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas possuirá a luz da vida!” (Jo 8,12). Que Maria Madalena nos inspire a realizar uma missão importantíssima nos tempos de hoje: dar a sentido a vida do outro. Inspire-nos a levar a mensagem de vida de Jesus, dizendo que Ele é a verdadeira luz que ilumina os povos, e as escuridões da nossa alma. Quando Madalena encontrou os discípulos amedrontados, feridos, machucados e cansados, e ela disse: Ele vive. O poder dessas palavras fez aquele grupo acreditar novamente que tudo é possível para aquele que crê. Seja essa nossa missão e nosso testemunho!

sábado, 17 de julho de 2010

MARTA E MARIA

16º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Escolher é uma capacidade humana das mais difíceis de vivenciar. Nem sempre sabemos o que é melhor para nós, para os outros. Às vezes, somos egoístas, individualistas, nunca pensamos na coletividade. O fato é que nossas escolhas dizem, um pouco, quem somos. Saber escolher, bem, é uma arte, um dom. Hoje, na liturgia dominical da Palavra, Jesus estará diante de duas escolhas: a de Marta e a de Maria. Diante da hospitalidade, aquelas mulheres fizeram suas escolhas para agradar ao hóspede. Não era intenção de nenhuma delas desagradar ao amigo Jesus, pelo contrário, toda decisão foi tomada para acolhê-Lo da melhor maneira possível.

Jesus se relacionava com mulheres sem que isso fosse um problema para Ele. As acolhia, dava-lhes atenção, carinho e dignidade. Uma mulher de nome Marta O acolhe em sua casa. Jesus, de personalidade equilibradíssima, cultivava sadias amizades (Marta, Maria e Lázaro). E a casa dessa família o agradava por demais. Nesse lar, Jesus se sentia família, também, com eles. A irmã de Marta, Maria, senta-se aos pés do Senhor para escutar a Palavra. Que mulher privilegiada! Estava sozinha com o Mestre que tinha palavras de vida eterna, que tinha palavras que saciavam a sede de Deus, que tinha palavras de verdade, de amor, de esperança, de encorajamento. Posso imaginar o olhar de Maria para Jesus. Olhar de atenção, de afeto, de conversão, de alegria, mas, sobretudo, de discípula.

Marta estava cheia de afazeres, ocupadíssima. Não estava com tempo de dar a atenção devida a Jesus. Somos, muitas vezes, como essa mulher: cheios de coisas para fazer, sem tempo para o Senhor. O ativismo vai nos matando aos poucos, sufocando-nos a cada dia, fazendo-nos priorizar outras coisas. Deus, o essencial de nossas vidas, colocamos de lado. Não temos tempo para o Senhor. Não temos tempo para rezar, para ler a Palavra, para ir à missa, para ajudar a quem precisa, para cuidar do doente, do machucado, do ferido. Pensamos mais em nós mesmos, esquecemos de Deus. Marta pede para o Senhor liberar Maria para ajudá-la nas tarefas de casa, assim, as duas poderiam, juntas, sentar-se ao lado Dele. A resposta de Jesus foi um alerta para Marta: “tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”. Como era o costume da época, pensava-se que o hospede chegava para comer. Porém, Jesus chegou para alimentar.

Muitas vezes, querem nos tirar da presença do Senhor. Precisamos ouvi-Lo, dizendo: aos meus pés, escolhestes a melhor parte! A própria dinâmica da vida nos impede de dar a Jesus o tempo que gostaríamos. Demos-Lhe o tempo que temos! Não permitamos que o ativismo, a correria, os problemas e as dificuldades do cotidiano, arranquem-nos da sintonia, da presença, do Mestre. Façamos tudo como se estivéssemos na presença Dele. Nosso alimento é a Palavra do Senhor. É preciso comer e beber da fonte da nossa espiritualidade, o próprio Cristo. Cristão que não fica na presença de Jesus é vazio, sem ânimo, sem força. Diz palavras sem vida, sem testemunho.

Na primeira leitura, temos, em Abraão, um modelo de hospitalidade. Ele insiste para acolher o hóspede. Dá o que tem de melhor. O fruto da hospitalidade de Deus na casa de Abraão e Sara foi o cumprimento da promessa feita a Abraão: um filho. Porque aquela família acolheu com tanto amor e sinceridade o Senhor que passava como estrangeiro, que a maior necessidade daquele lar foi concedida. A abertura, para acolher o outro, de Abraão, é o nosso caminho também. Muito mais do que abrir a casa, é preciso abrir o coração para o outro fazer morada dentro dele, gerando uma bonita comunhão.

Na segunda leitura, São Paulo nos ensina um modo muito profundo de estar unido ao Senhor: completando em nossa carne o que faltou à Sua paixão e unindo-se, solidariamente, à igreja, que é seu corpo. Pela igreja, Paulo doou sua vida para fazer manifestar, aos homens e mulheres, um grandioso mistério: a presença de Deus neles, em nós. Somos habitáculos de Deus. Somos seus templos vivos. Carregamos o Cristo vivo em nós. Paulo nos exorta a tornar perfeita essa união com o Senhor que mora em nós. Muitos irmãos não têm a mínima consideração com o Cristo que carregam dentro de si mesmos. Outros nem sabem que O carregam. É preciso anunciadores dessa verdade. Que a eucaristia que vamos comer, impulsione-nos ao encontro dos irmãos, anunciando-lhes que eles são o lugar privilegiado da morada de Deus.

______________________________________________________________________
Textos bíblicos:
Gênesis 18, 1-10a
Salmo 14
Colossenses 1, 24-28
Lucas 10, 38-42

domingo, 11 de julho de 2010

O BOM SAMARITANO

Reflexão do 15º domingo do tempo comum

Como chegar à vida eterna. Eis a questão central do evangelho de hoje. Toda pessoa de fé, vive de acordo com os mandamentos de sua crença, pensando em ganhar um lugar no céu. O desafio de viver no céu é ter de conquistá-lo na terra. O caminho seguro é a prática do amor. Mas, a liturgia de hoje nos lança uma pergunta: quem é o meu próximo, a quem devo amar? Como posso traduzir meu amor em gestos concretos? Assim, Jesus de Nazaré, para responder a essa questão, conta-nos uma parábola, a do bom samaritano.

Observar os mandamentos do Senhor; converter-se de todo coração e de toda a alma. Esse é o conselho de Moisés na primeira leitura (Dt 30, 10-14). A lei não deve ser encarada como um peso, um fardo; mas, como um caminho seguro e possível para estabelecer novas relações interpessoais. Toda pessoa humana pode viver a palavra do Senhor porque ela é acessível. A leitura finaliza nos lembrando essa verdade: “Esta palavra está bem ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir”. (v.14).

No Santo Evangelho, um mestre da lei, portanto, um profundo conhecedor da verdade proferida por Moisés na primeira leitura, questiona Jesus sobre o caminho que deve tomar para ganhar a vida eterna: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”. Jesus o convida a escutar a lei. Pronto, viva esse mandamento e terás a vida eterna. Aquele mestre continua: e quem é o meu próximo, de que fala a lei? A partir de agora, o que se sucede no texto bíblico é de causar um impacto avassalador na vida daquele homem e de todos que escutavam os ensinamentos de Jesus. Para responder, Jesus vai contar uma parábola.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Na estrada de Jericó, um homem caído e ensangüentado à beira da morte (Lc 10, 25-37). Passou um sacerdote e, por preceito, não ajudou; passou um Levita, por preceito, não ajudou; passou, enfim, um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele e sentiu compaixão. Fez curativos, derramou óleo e vinho nas feridas, colocou o homem em seu animal e deu-lhe hospedagem numa pousada. Jesus, então, pergunta: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos de assaltantes?”. E o Mestre da Lei teve de admitir: “Aquele que usou de misericórdia para com ele!”. Depois dessa compreensão, Jesus vai dizer para aquele mestre: “Vai e faze a mesma coisa!”.

Um doutor da lei não sabia como chegar à vida eterna; um samaritano ignorante o ensinou. Essa é a ironia do evangelho. Encher a cabeça de leis e decretos serve para que? A palavra é para ser colocada em prática. A lei do Senhor é Jesus. Não só por ser a palavra do Pai, mas, sobretudo, por ser o seu rosto; e, mais ainda, por ser o coração de Deus e a cabeça da igreja. E, porque Nele, reside toda a plenitude, também, Nele encontramos a máxima expressão da lei. (2ª leitura).

Jesus é o Bom Samaritano da humanidade. À beira da estrada, ainda caem muitos irmãos e irmãos de fome, de sede justiça, de dignidade vilipendiada, de direitos desrespeitados, de sofrimento e de dor. Muitas vezes, passamos por cima desses irmãos porque temos pressa de chegar à igreja para rezar ou temos outros compromissos mais importantes para cumprir... É claro que vivemos num país de muitos miseráveis e não podemos ajudar a todos como gostaríamos. Não é nossa função fazer às vezes de um Estado inoperante, corrupto e sem verdadeiras políticas públicas que favoreçam a todos. Mas, sempre podemos ajudar alguém. Que ninguém se prive de ser samaritano, de ajudar, de promover a vida e a dignidade de um irmão. Como nos lembra o adágio popular: “Fazer o bem sem olhar a quem!”.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

REFLEXÃO PARA ABERTURA DO PROGRAMA DE RÁDIO - toda quinta 16h. www.am840.com.br

Quanta maldade

Frei Mário Sérgio, ofmcap

Notícias jornalísticas dão conta da maldade espalhada pela sociedade. Crimes hediondos, corrupção em todos os setores, fome, miséria, destruição da natureza e muitas outras coisas. Vivemos assustados com essas notícias. Parece o fim do mundo. Temos medo de ir à rua, tomar um transporte público, ir ao banco, passear com as crianças na praça, fazer exercício no parque, ir para a missa pela noite... A criminalidade colocou o cidadão de bem atrás das grades.

Toda essa maldade do mundo tem sua origem no coração humano. Na perspectiva espiritual, dizemos que essa maldade é fruto do afastamento da pessoa humana de Deus, fonte de todo bem. A maldade é a face mais cruel do pecado. Nada é tão humano quanto a maldade. Só o homem, entre todos os animais, é capaz de torturar, humilhar e matar, para além do instinto de sobrevivência. Exemplos de pequenas e grandes crueldades não faltam na história da humanidade.

Filósofos já se debruçaram sobre o tema; Teólogos também, Sociólogos, enfim, todos querem uma resposta para a origem da maldade. Uns dizem ser coisa do demônio, outros culpam a família, outros ainda, a sociedade. Na verdade, estamos diante do maior enigma da humanidade: a origem do mal. Pior ainda, é pensar que haja um componente genético, aí sim, estamos perdidos. Pensar a maldade como inata, é um golpe na possibilidade de viver num mundo melhor, num mundo de paz, num mundo de comunhão.
A maldade teria uma ligação com nossas frustrações, mesquinheses, invejas? O que não pode ser meu eu destruo? O que me atrapalha eu arranco e jogo fora? Aquele que não pensa como penso não merece viver? Toda pessoa humana pensa em fazer maldades. Nunca estaremos livres de tais pensamentos ou desejos. Mas, alguns passam do pensamento ao ato concreto. Aí reside o perigo! A humanidade carece de formação ética, isto é, de ter a capacidade de distinguir entre o bem e o mal, já que agir moralmente é agir de acordo com o bem. Com a influência do Iluminismo no século XVIII, o fundamento dos valores não se encontra mais em Deus, mas nos homens. A deusa razão mostrou-se incapaz de dar as respostas às grandes perguntas da humanidade. E a pessoa mergulhou numa profunda perda de sentido da vida, nascendo a doença do século: a depressão.

É preciso voltar a Jesus. “O que sai do homem, isso é que torna o homem impuro. Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições, perversidade, má fé, devassidão, inveja, maledicência, orgulho, desvarios. Todas estas maldades saem de dentro e tornam o homem impuro” (Mc 7, 20-23). O homem é posto diante de si mesmo e das intenções profundas que motivam as suas opções e decisões. É colocado diante de Deus e sob o seu olhar. Por isso, não pode esconder-se. Só lhe resta deixar-se penetrar e transformar pela surpreendente novidade de Deus, quando entra na nossa vida e nos fala. Escutá-lo torna-se um critério de juízo e de discernimento.

Por fim, cuidar da sociedade, querer um mundo melhor, de justiça, paz e harmonia, é cuidar do interior do homem, do seu coração. Cada um precisa investir em si mesmo. Curar as feridas, as mágoas, os ressentimentos. Sem cura interior, não podemos sonhar com um mundo melhor. Peçamos a Jesus que nos dê um coração semelhante ao Dele, capaz de amar profundamente, coração misericordioso e cheio de compaixão.

Para viver o dia, meditando na palavra: “fazei tudo pelo Senhor” (cf. Cl 3, 23s.)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O que é isto: um Capítulo Provincial?

A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, conta, hoje, em todo o mundo, com cerca de 10.960 frades, distribuídos em 157 províncias, localizados, por sua vez, em 103 países do mundo. A cada três anos, os frades de profissão perpétua de cada uma dessas províncias, isto é, os irmãos que já concluíram a sua formação inicial e emitiram os votos em caráter definitivo, reúnem-se numa assembléia especial, chamada de Capítulo Provincial. Esta reunião dos irmãos, que dura, ordinariamente, cerca de cinco dias e na qual os frades, em comunhão fraterna, fazem uma ampla revisão e apontam novos caminhos para a sua própria vida e trabalho, é considerada, pela Igreja e pela Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, como a autoridade máxima de uma Província.

A nossa Província de Bahia e Sergipe estará reunida para capítulo de 12 a 16 de julho de 2010, na casa de retiro São Francisco em Brotas, Salvador/BA. O presidente do capítulo é o Definidor Geral para o Brasil, Frei José Gislon.

Diante de todos os irmãos, o Ministro Provincial cessante, concluindo o serviço que lhe foi pedido há três anos, prestará contas de seu ministério e apresentará a todos a sua avaliação do triênio que se encerra. Por sua vez, os frades estabelecerão os planos, os projetos e as decisões que deverão ser seguidas e cumpridas por todos, inclusive pelo Novo Governo Provincial. Por fim, em eleição direta, livre e secreta, os frades escolhem o Novo Ministro Provincial e seus Definidores (Conselheiros), que provisoriamente, tomam posse de seus ofícios, até que o Ministro Geral, juntamente com os seus Definidores, depois de constatar a liceidade e idoneidade do processo eletivo, os confirme em seus ministérios.

sábado, 3 de julho de 2010

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

A Igreja celebra, nesse domingo, a solenidade de Pedro e Paulo. Festa que nos lembra os dois maiores ícones da vida cristã de todos os tempos. Dois homens de temperamentos opostos, dois chamados diferentes, duas histórias, mas o mesmo propósito: seguir o Mestre Jesus e torná-Lo amado, conhecido e adorado. Mas, a lembrança desse dia é a do martírio desses dois apóstolos em Roma. Um morreu na cruz e o outro pela espada. Ambos morreram glorificando o Nome de Jesus.

As leituras traduzem esse momento de entrega de Pedro e Paulo. Nos Atos dos Apóstolos, Pedro sente a mão protetora de Deus quando o livra da prisão, enviando um anjo para tirá-lo da cadeia. Pedro, encarcerado por Herodes, recebia força da comunidade que rezava e intercedia por ele continuamente (At 12, 5). Quando o anjo apareceu naquele cárcere, deixou uma ordem para Pedro: “Coloca o cinto e calça tuas sandálias” (v.8). Era uma libertação em vista da missão. Ainda havia muito por fazer e por dizer. Roma era o destino final desse grande Apóstolo.

Paulo, na carta a Timóteo, faz a avaliação do seu labor missionário. De suas viagens. De suas pregações incansáveis por causa do Reino. O combate chegava ao final: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,7). Paulo tem plena certeza de que sua missão foi cumprida com êxito: “(...) Ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente e ouvida por todas as nações” (v.17). Essa carta foi escrita, provavelmente, em Roma (67 d.C), perto da morte de Paulo. Nesse período, Roma sofreu um terrível incêndio, cuja autoria é atribuída a Nero, que culpou os cristãos e ele patrocinou uma das mais cruéis perseguições aos seguidores de Jesus. Sabendo que estava próximo da morte, Paulo escreve essa carta para encorajar o jovem Timóteo a continuar a missão de evangelizar os povos.

No santo Evangelho (Mt 16, 13-19), a grande profissão de fé de Pedro e o seu primado. Jesus queria saber o que as pessoas pensavam a respeito dele e de quem ele era. Os discípulos começaram a responder: uns dizem que és João Batista, outros Elias, outros Jeremias, etc. Na verdade, Jesus queria saber o que os apóstolos sabiam e acreditavam a seu respeito: e vocês, que dizem de mim? Dessa resposta dependeria o futuro do projeto de Jesus. Teria escolhidos os homens certos? Eles compreenderam quem era Jesus? Seriam capazes de dar a vida por aquele Mestre? É, então, que Pedro responde, por inspiração divina: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (v.16). Pronto, eles sabiam quem era Jesus! Essa resposta alegrou o coração do Mestre. Jesus confirma Pedro como chefe supremo da Igreja: “Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus” (v.18-19).

Por fim, uma última reflexão do bispo auxiliar de Aracaju, dom Henrique: “O ministério petrino é mais que a pessoa de Pedro. Seu serviço será sempre o de confirmar os irmãos na fé em Cristo, Filho do Deus vivo, mantendo a Igreja unida na verdadeira fé apostólica e na unidade católica. É este o ministério que até o fim dos tempos, por vontade do Senhor, estará presente na Igreja na pessoa do Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, a quem chamamos carinhosamente de Papa, pai. O Papa é o Pastor supremo da Igreja de Cristo porque somente a ele o Senhor entregou de modo supremo o seu rebanho. Aquilo que entregou aos Doze e a seus sucessores, os Bispos, entregou de modo especial a Pedro e a seus sucessores, o Papa: “Tu me amas mais que estes? Apascenta as minhas ovelhas!” (Jo 21,15). Estejamos atentos, caríssimos: nossa obediência, nossa adesão, nosso respeito, nossa veneração pelo Santo Padre não é porque o achamos simpático, sábio, ou de pensamento igual ao nosso, mas porque ele é aquele a quem o Senhor confiou a missão de confirmar os irmãos. Nossa certeza de que ele nos guia em nome de Cristo vem da promessa do próprio Senhor: “Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; eu, porém, orei por ti, a fim de que a tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22,31-32). É porque temos certeza da eficácia da oração de Jesus por Pedro e seus sucessores, que aderimos com fé ao ensinamento do Santo Padre. Estejamos certos de uma coisa: quem não está em comunhão com o Papa está fora da plena comunhão visível com a Igreja de Cristo, que é a Igreja católica.

Assim, rezemos hoje pelo Papa Bento XVI. E acompanhemos nossa oração com um gesto concreto: a esmola, o óbolo de São Pedro, aquela contribuição que no dia de hoje (domingo) os católicos do mundo inteiro devem dar para as obras de caridade do Papa por todo o mundo. Assim, com as mãos e com o coração rezemos pelo Santo Padre, o Papa Bento: Que o Senhor nosso Deus que o escolheu para o Episcopado na Igreja de Roma, o conserve são e salvo à frente da sua Igreja, governando o Povo de Deus, de modo que o povo cristão a ele confiado possa sempre mais crescer na fé. Amém”.


Leituras

1ª Leitura - At 12,1-11

Salmo - Sl 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 5)

2ª Leitura - 2Tm 4,6-8.17-18

Evangelho - Mt 16,13-19