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FOTOS QUE EVANGELIZAM

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SEMANA DA FAMÍLIA 2014

domingo, 28 de fevereiro de 2010

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR - II DOMINGO DA QUARESMA

Frei Mário Sérgio, ofmcap

O caminho para a pátria definitiva é longo. Começou em Abraão e continua até os nossos tempos. O chamado que Deus fez a esse homem, e sua resposta madura e livre, totalmente despojada, aponta para cada um de nós e nossas respostas para Deus. A aliança entre Deus e Abraão foi de uma parceria profunda. A quaresma é o tempo de partirmos também. É tempo de sairmos de nós mesmos na direção de Deus, de nós mesmos e do outro. São saídas que me desinstalam, mas são necessárias. Uma vida inerte é um desastre para a pessoa. Caminhar é próprio da pessoa humana. Somos peregrinos nas estradas da vida.

No evangelho de Lucas (9, 28-36), o episódio da transfiguração. Jesus, rosto divino do homem e rosto humano de Deus. Pedro, Tiago e João viram o Cristo Glorioso diante dos seus olhos. O céu se antecipou para aqueles apóstolos que, diante de tamanha luz, ficaram, humanamente, amedrontados. Lucas diz que Jesus subiu ao monte Tabor para rezar. Jesus era, profundamente, orante. Sua intimidade com o Pai não tinha lugar nem tempo para acontecer, era em todo momento, em todo instante. Rezava sempre, na alegria e na tristeza, na realização de um milagre ou na solidão do deserto, no silêncio das madrugadas frias. Rezar era necessidade para Jesus. Era sua força e seu alimento.

O coração de Pedro não se conteve de tanta alegria e disse: Mestre é bom estarmos aqui. O desejo de Pedro não é muito distante do nosso. Num mundo cheio de violências, fomes e misérias; às vezes nossa família tão problemática, onde ninguém se entende, ninguém se perdoa; quando as desilusões atormentam nosso viver; quando o desemprego insiste em nos acompanhar por tanto tempo; quando a doença parece roubar nossa expectativa de vida... Vem o desejo: Senhor, deixa-me ficar aqui, ao teu lado, nessa paz profunda, nesse gozo do céu, nessa ausência de problemas e dificuldades. Mas, a transfiguração do Senhor durou pouco tempo. O suficiente para os apóstolos saberem que Ele era Deus. O Filho muito amado de Deus. Na vida, o que conta é a intensidade e a verdade do momento.

São Paulo, na carta aos Filipenses (3, 17–4,1), lembra-nos da nossa meta: o céu. Nossa vida tem sentido e destino certo. Somos concidadãos dos santos. Ele transformará nosso corpo humilhado num corpo glorioso semelhante ao Dele. Que linda promessa! Continuemos nossa caminhada quaresmal. Se a cada dia a cruz se torna mais evidente, a certeza da transfiguração nos impele a caminhar sem medo. A vida é uma mistura de cruz e luz. Mas, a última palavra é sempre da luz: ressurreição. Pensemos, hoje, nos desfigurados de nossa sociedade: drogados, excluídos, doentes abandonados, crianças famintas, famílias feridas, vítimas de catástrofes e tantos outros. Peçamos, ao Cristo Transfigurado, que transforme esses desfigurados em homens e mulheres restaurados. Porém, essa transfiguração pelas nossas mãos. Que a religião não nos aliene ou nos faça fugir da realidade que clama por justiça social. É nossa missão transformar o mundo, transformando-nos.

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II DOMINGO DA QUARESMA
Gn 15, 5-12.17-18
Sl 26 (27), 1.7-8.9abc. 13-14
Fl 3, 17 – 4,1
Lc 9, 28b-36

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Retiro

Hoje preguei o retiro da Paróquia do Divino Espírito Santo do Vale dos Lagos aqui em Salvador/BA. Mais de 150 pessoas. Foi muita restauração. O local foi na Igreja de Jesus Cristo Ressuscitado em Novo Alagados. Deus abençõe a comunidade e o Padre Bento.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Notícias da Assembleia

Estamos reunidos em assembleia desde segunda-feira na casa de retiro São Francisco em Brotas, Salvador/BA. Muitos temas foram discutidos. Muita coisa boa aconteceu na Província ao longo do triênio que finda em julho e ainda temos muitos desafios pela frente. Um número significativo de confrades participam. Estudamos o acordo da Santa Sé com o Brasil. E tivemos, hoje, uma reflxão sobre a missão intercontinental com o Frei Hermult, secretário da Ordem para a missão. Hoje teremos um jantar comemorativo no Convento da Piedade.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

ASSEMBLEIA PRE-CAPITULAR DOS FRADES CAPUCHINHOS

Iniciaremos a nossa assembleia dos Frades Capuchinhos de Bahia e Sergipe hoje na casa de Retiro São Francisco em Brotas/Salvador. O encontro será até a próxima sexta-feira. É tempo de avaliação, de novos projetos, de sonhos. Teremos uma prévia para perceber como está a preferência dos confrades para eleição do novo governo provincial em julho. O tema é uma Ordem em estado permanente de missão. Conto com as preces de cada irmão e irmã.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

TENTAÇÕES DE CRISTO – PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Frei Mário Sérgio

Uma canção que marca o tempo quaresmal é “Senhor eis aqui o teu povo,/que vem implorar teu perdão;/ é grande o nosso pecado,/porém, é maior o teu coração.” Canto cheio de sentido para a vivência dos 40 dias de deserto, de caminhada, de uma tomada de consciência do nosso modo de ser cristão. Somos esse povo de Deus, escolhido, amado e desafiado a ser sal da terra e luz do mundo. Marcados pelo pecado, nem sempre respondemos positivamente aos propósitos da aliança. Por isso, o tempo da quaresma é momento propício ao pedido de perdão, de súplica, de arrependimento. É grande o pecado, porém é maior o coração (graça) de Deus.

Ao longo dos cinco domingos da quaresma, somos convidados a não retirar os nossos olhos de Jesus de Nazaré. Nesse primeiro domingo, segundo a versão de Lucas, Jesus, cheio do Espírito Santo, foi ao deserto guiado pelo espírito. O deserto é o lugar da solidão. É o lugar de provar as forças físicas e espirituais. É lugar de muita privação. É o lugar da ausência de Deus e da presença do demônio. Deus não é evidente no deserto, é preciso descobri-lo em meio às dunas das nossas incompreensões, das nossas dúvidas, das nossas inquietações. O demônio, pelo contrário, logo se apresenta com suas tentações.
Para compreender o que significa tentação, precisamos recorrer ao grego. “Peirasmos”, essa é a palavra. Peirasmos pode ser tentação ou provação. A confusão se estabelece quando associamos tentação ao diabo e a provação a Deus. O diabo me tenta, Deus me prova. É um equívoco lexical. “Peirasmos” significa experimento, tentativa, prova, teste. A partir dessa perspectiva, como entender as tentações de Cristo? Se o espírito levou Jesus ao deserto, então o levara para a tentação. Jesus passou 40 dias no deserto (quaresma) e só foi tentado quando sentiu fome, isto é, quando chegou ao seu limite físico, psicológico e existencial. Mas, o seu espírito estava fortalecido. O diabo lhe apresenta o pão (a tentação do ter). Depois oferece o mundo inteiro (a tentação do poder). Por último, a tentação de provar a Deus. Jesus venceu o diabo e suas tentações pela força da Palavra. Foi sua intimidade com a Sagrada Escritura que O fez vencer as ciladas do demônio.

O diabo não se deu por vencido e afastou-se de Jesus com a promessa de que voltaria a tentá-Lo. E a Palavra diz: retornar em tempo oportuno. De fato, o diabo cumpriu sua promessa, foi tentando Jesus e sua obediência ao projeto do Pai até o momento da cruz. Mas, Jesus venceu. A força de Jesus, segundo Lucas, era sua vida de oração e de intimidade com o Pai. O Espírito Santo nunca abandonou Jesus em seus momentos de dificuldades, de abandonos, de tentações. Nós somos possuidores desse mesmo espírito. E porque não vencemos nossas tentações? A resposta pode ser essa: rezamos pouco, confiamos menos ainda e não cultivamos a intimidade com o Pai. Lembremo-nos: a tentação ainda não é pecado, pecado é consentir na tentação.

Israel e Jesus passaram pelas mesmas provações. Na fome (o maná), na idolatria (bezerro de ouro), na prova de Deus (no deserto, Ele nos abandonou?). O povo foi infiel, duvidou e pecou. Jesus veio restaurar Israel e venceu todas as tentações pela força do Espírito Santo. O convite desse primeiro domingo é que nos abandonemos completamente nas mãos de Deus. Ele é nosso pão (sustento), nosso Deus e nosso protetor. Mesmo que a tentação tome conta do nosso coração, mas o Espírito que habita em nós nos fortalece para a missão. O segredo é a oração e o jejum.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

QUARTA-FEIRA DE CINZAS: Eu sou pó

Frei Mário Sérgio

O avanço da tecnologia traz, no seu bojo, alguns desafios, dentre eles, o da privacidade. O sacrossanto direito de cultivar o anonimato. Câmeras nos vigiam em todos os cantos e recantos da cidade; satélites fotografando, a todo instante, a vida terrena; o GPS para localizar tudo e todos; o celular que não nos dá sossego; o email que recebo sem controle algum da minha parte, enfim, já somos dependentes de toda essa parafernália comunicacional. No mundo, onde as máquinas me dizem que eu sou e o que possuo, posso correr o risco de esquecer-me, verdadeiramente, quem sou eu para além dessa materialidade toda que me circunda. 

A Igreja, ao longo dos milênios, tem sempre se esforçado para não deixar o homem e a mulher se perderem de si mesmos. Perderem suas identidades e seus pontos de referências. Uma das formas da igreja trazer à memória quem somos é através da quarta-feira de cinzas. Pode parecer estranho, mas é pura verdade. Pó, é isso que somos! Barro amassado, modelado e soprado o hálito da vida. Traduzindo, somos criaturas e não criadores. Quando caímos na tentação de inverter os papéis da criação, deixamos de ser pessoa. O pó, as cinzas, vem sempre me apontar à condição de limite a que estou submetido e, pela graça de Deus, a capacidade de superá-lo. 

Não por acaso, a celebração das cinzas abre o tempo quaresmal. Nesse longo retiro espiritual, a igreja nos convida a exercitar o amor ao próximo. O tripé da penitência quaresmal: jejum, oração e caridade (esmola), só servem se me fizerem amar mais. Um amor gratuito, solidário, que não exige nada em troca. Amar porque amar é a minha realização e minha vocação de criaturalidade. Se não amo, me descaracterizo! As cinzas me ajudam a passar da morte para a vida. É um grande apelo à conversão. A morte do meu individualismo, do meu egoísmo, da minha falta de solidariedade, das minhas vaidades e mesquinhez para uma vida de fraternidade verdadeiramente. 

Nas leituras proclamadas na liturgia da quaresma, o livro de Joel diz que o Senhor quer que rasguemos os nossos corações e não as nossas vestes (Jl 2, 13). A minha mudança deve começar no meu interior, não nos aspectos externos da minha vida. É uma conversão profunda, sincera, doída, mas verdadeira. Rasgar o coração é um processo dolorido de crescimento humano-espiritual, mas extremamente necessário. O Salmo 50 nos dá uma dica que como sermos melhores: colocar nosso pecado sempre à nossa frente. È preciso tomar consciência de quem somos. Mas, não somos, apenas, pecado. Somos, sobretudo, graça. Em mim moram a graça e o pecado. Eu escolho dos dois quem deve aparecer mais. Na segunda leitura, uma verdade belíssima proclamada por São Paulo na II carta aos Coríntios: é agora o momento favorável, é agora o dia da salvação (2 Cor 6, 2). Nessa quaresma, que iniciamos hoje na quarta-feira de cinzas, somos convidados a caminhar no deserto com Jesus. Deserto é lugar de desafio, de ausências, provações, de sede. Mas, pode se tornar o lugar da minha mudança de vida. Boa caminhada, boa mudança de rumos e de metas.

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  1. Primeira leitura - Jl 2,12-18
  2. Segunda leitura - 2Cor 5,20 –6,2
  3. Salmo - Sl 50
  4. Evangelho - Mt 6,1-6.16-18

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

XIX Reviver em Cristo - Eunápolis/BA

Estive nos dias 14 e 15 em Eunápolis/BA pregando no XIX Reviver em Cristo. Um grande número de irmãos estava presente da diversas paróquias daquela diocese. Muita música, muita animação e pregação, essa por minha parte. Esses forams os temas: I - Buscai as coisas do alto. II - Para onde iremos, Senhor? Só tu tens palavras. III - Filho, volta para tua família. Obrigado a Dom Edson pelo generoso convite e a toda comissão organizadora. Paz e Bem!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A CONTEMPLAÇÃO DE DEUS NA DOR

O Dia Mundial do Enfermo é fixado na primeira aparição de Maria em Lourdes, 11 de fevereiro de 1858. De fato, o Santuário francês de Lourdes é o grande ponto de encontro dos doentes de todo o mundo. O momento alto e emocionante do final de dia é a Procissão do Santíssimo Sacramento: cada doente e seus acompanhantes contemplam o Pão consagrado e pedem o pão da saúde. Estatisticamente são poucos os que recebem a cura física, mas a verdade está além desse dado: em Lourdes recebe-se a cura espiritual, a alegria de viver, a coragem de conviver com a dor, a felicidade de oferecer a cruz pela salvação do mundo, a contemplação do amor de Deus na doença. Os peregrinos chegam à gruta de Massabiélle arcados sob o peso da dor e retornam a seus lares livres, nutridos pela certeza de que sua cruz é anúncio vivo da ressurreição.

Na vivência da fé cristã não há situações sem sentido: seriam o sinal impossível do esquecimento de Deus! Após a Cruz-Ressurreição em Jerusalém, tudo na vida humana participa do mistério da redenção. Tudo é ofertório salvífico, eucaristia.

Para quem tem saúde, a presença do enfermo é pedido de fraternidade, solidariedade, paciência, ternura. O que é frágil pede carinho, cuidado: o doente é nossa ocasião de praticá-los. Sua família é lugar ou de revolta ou de santificação: depende de como se assume a cruz. O doente muda o eixo da existência: se antes a preocupação era a casa, os móveis, os objetos, o conforto, os passeios, agora é uma pessoa, uma imagem a ser esculpida por nós, na fé.

E o doente? A experiência nos mostra que o leito de dor é um imenso altar de sacrifício, de oferta, de conversão. Passa-se da escravidão interior à liberdade: na limitação física, na imobilidade, o espírito adquire capacidade de amar, contemplar. Se antes realizava o que sonhava, agora realiza o único necessário e possível: deixar-se amar, ser ajudado, perceber o amor das pessoas, ter tempo para divisar, além da cruz, o esplendor da presença divina. A cruz alarga seu horizonte, oferecendo-lhe a esperança.

O doente matricula-se na escola da dor, tão fecunda, luminosa, na riqueza de seu silêncio. Nela aprende-se a palavra obscura do Calvário, mas palavra de Deus. Para o cristão militante, a dor é um convite a crer que Deus salvará a Igreja e o mundo em nossa fraqueza e não na força, pois é a força do Ressuscitado e não nossas estratégias que darão vida ao mundo.

Aqui pode ser repetida a palavra de uma doente pobre e cega: “Deus ama a muita gente mas, com certeza, por ninguém tem mais amor do que por mim."
Pe. José Besen

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CURAR AS FERIDAS

Frei Mário Sérgio, ofmcap

É impressionante o número de pessoas feridas ultimamente. Pessoas que carregam verdadeiros e profundos traumas ao longo de sua existência. Tornam-se amargas, difíceis para a convivência, magoadas e magoantes, desesperançosas, desconfiadas, solitárias, sofredoras. Tudo isso e muito mais por feridas abertas e não-cicatrizadas no mais profundo do seu ser, de sua alma, de seu coração.
Existir e ser reconhecido, eis as duas grandes aspirações do ser humano! Essas aspirações são fundamentadas e alicerçadas na infância. Existir e ser reconhecido caminham na direção de desvelar o que a pessoa é em si mesma e não pode deixar de ser. A busca das causas da maioria das feridas psicológicas evidencia sua relação direta com uma frustração importante da necessidade de ser reconhecido tal como se é. A criança é muito mais vulnerável às feridas do que o adulto. Por isso, a maioria das feridas que carregamos é da nossa infância. Algumas feridas acontecem na fase adulta (perda do emprego, divórcio, agressão, morte de alguém querido, acidente, etc.). Essas causam menos danos do que as adquiridas na infância. O adulto se protege melhor. Porém, geralmente, essas feridas atingem, nos adultos, áreas já feridas na infância.
Nossas feridas têm fatores externos, causadas por palavras de: rejeição, negação, zombaria, ironia, chantagem, ciúme, desvalorização, injúria, mentira, calúnias, a lista é interminável. Ou gestos de: violência, desprezo, rejeição, desrespeito ao corpo. Atos: tirania, vingança, abandono, etc. Acontecimentos: morte de alguém da família, separação dos pais, acidente, doença grave. Toda pessoa ferida se sente como um não-existente, eis o trauma! Toda alma ferida tem uma imagem negativa e destruidora de si mesma.
As feridas do passado, quando não curadas, prejudicam o bom funcionamento da pessoa. Em resumo, sua presença no psiquismo do ser humano é nefasta, tanto para si mesmo quanto para o seu entorno. Pare um pouco e pense: quantas pessoas que você ama já foram atingidas pelas suas feridas não-cicatrizadas, não-curadas?
Jesus, ao longo do seu ministério, passou pelo mundo fazendo o bem e curando todas as pessoas pelo caminho. Os relatos de cura são impressionantes. Porém, o que me desperta mais a atenção, é que Jesus sempre minimizou o efeito das diversas enfermidades e lançava-se, imediatamente, nas possíveis causas, ou na causa maior. Jesus curava a partir do interior das pessoas. Curava as feridas da alma. Fazia com que a pessoa se sentisse amada por Deus, re-inserida no seio da sociedade, acolhida, enfim, Jesus dizia, por gestos, àquelas almas feridas: eu sei que você existe e meu Pai que está no céu também o sabe! As palavras de Jesus, depois das curas, despertavam todas as potencialidades daquelas pessoas: a tua fé te curou, a tua fé te salvou, ninguém te condenou e eu também não te condeno, vem para o meio, seja curado. Eram palavras poderosas que só quem as ouviu poderia descrever o poder terapêutico delas. Curar, para Jesus, era restaurar a pessoa na sua totalidade. Jesus cicatrizava, exatamente, a ferida que aprisionava, paralisava, adoecia, excluía, matava, aqueles que o procuravam. Por isso, sua cura era plena!
O Senhor conhece nossas feridas, nossas dores, nossa alma, em profundidade, como nos lembra o salmo 138: “Senhor, vós me sondais e conheceis (...) de longe penetrais meus pensamentos”. E continua: “Mesmo as trevas para vós não são escuras, a própria noite resplandece como o dia, e a escuridão é tão brilhante como a luz (...) até o mais íntimo, Senhor, me conheceis; nenhuma sequer de minhas fibras ignoráveis”. O Espírito Santo pode nos ajudar a curar nossas feridas. Com Jesus tudo pode ser mudado pela força da oração. Porém, precisamos dar alguns passos: ter a consciência de ter sido ferido, ter as forças necessárias, estar motivado a curar e aceitar o tempo que isto exige, fazer-se ajudar. Depois, o grande bem que a cura pode nos possibilitar é o de saber que somos muito mais do que as nossas feridas e que nossa história de vida pode ser bem melhor do que a traçada por mim e pelas minhas feridas até agora. Aproveite o hoje para começar seu processo de cura interior.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Minha agenda de Carnaval:

Dias 14 e 15 - Pregação no Encontro Reviver em Cristo promovido pela RCC da Diocese de Eunápolis/BA.

Dia 16 - Pregação no Renascer da Comunidade Shalom em Salvador/BA às 14h30.

Peço as orações dos irmãos!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Primeira sexta-feira do mês

Primeira sexta-feira do mês de fevereiro. Dia em que a Igreja se coloca diante de Jesus Sacramentado orando pelas intenções do Santo Padre e de cada realidade em que a igreja está inserida. Todos os confrades capuchinhos estarão diante do Santíssimo Sacramento orando pelas suas necessidades particulares. Deixei o seu pedido de oração.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O valor das minhas lágrimas

Frei Mário Sérgio, ofmcap


A teia de complexidade que envolve o viver humano é, por demais, interessante. Um misto de dor, alegria, euforia, tristeza, excitação, prazeres. Vive-se, ao longo de um dia, apenas, todas essas emoções e sentimentos. Como é difícil administrar tudo isso. Muitos conseguem, outros tentam e, uma maioria, já perdeu a coragem de se enfrentar e crescer, e mudar, e administrar-se. Muitos perdem a capacidade de perceber suas riquezas de ser e de confiar em suas possibilidades e suas intuições.
Talvez não exista um termômetro tão eficaz para um mergulho em nossa alma do que as nossas lágrimas. As lágrimas que choramos são extraídas do poço que somos nós. A lágrima tem vida própria: fala, grita, acalma, conforta, silencia, agradece, denuncia. É muito rebelde. Em certos momentos, sai sem autorização. É autônoma e só faz o que quer. Por vezes, é hipócrita, fingida, interesseira e dissimulada. Mas, nós poderíamos crescer muito se ouvíssemos mais as nossas lágrimas. Elas afloram por razões esquisitas e, sem qualquer razão também, e nenhuma força terrena pode retê-las.
Se pensarmos em todas as lágrimas que choramos ao longo de nossa vida, poderíamos nos dar conta de que construímos um diário lacrimal. Elas diriam muito de quem somos hoje. E não são as lágrimas de uma traquinagem de infância, das quedas ao aprender andar de bicicleta, da cabeça que bateu em algum lugar, de um arranhão, mas lágrimas que vêm de um lugar que nem mesmo sabemos onde, mas que ela conseguiu tocar e atingir. Cada lágrima que rola em meu rosto, é um texto de mim mesmo que acabo de escrever.
Seria muito oportuno ouvir nossas lágrimas. Elas poderiam dizer-nos que já choramos demais por motivos fúteis, que choramos demais amores impossíveis, que choramos demais situações que nem sempre podemos resolvê-las, que choramos demais e ficamos, apenas, parados esperando que outros resolvam nossos problemas, que choramos muito por orgulho e medo de pedir ajuda, que choramos muito sem motivos aparentes, o que pode ser sinal de algo mais grave.
Lágrima, também, tem gosto. É um líquido composto de água, sais minerais, proteínas e gordura. Óbvio que não é uma combinação das mais gostosas, mas a lágrima tem o gosto das nossas vitórias e conquistas, das realizações dos nossos sonhos, das dores do nosso próprio viver, das perdas inevitáveis daqueles que amamos, das desilusões que vivemos, das decepções nas amizades, do golpe da infidelidade, da sensação de não sermos ouvidos por Deus.
Nossas lágrimas são companheiras inseparáveis de nossos momentos de solidão. Começamos sozinhos, mas ela sempre chega, silenciosa, sorrateira, vai nos envolvendo, nos comovendo e, quando nos damos conta, ela já rolou. Pensamentos tristes, sentimentos doídos, tristezas mal curadas, são, por demais, insuportáveis sem a companhia de lágrimas. Mas, Deus pode nos curar num momento como esse. O choro é uma das respostas essenciais do sistema límbico, é uma experiência profunda das emoções. Jesus chamou de bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Se a dor lhe toma, se o mundo lhe esqueceu, se os problemas são maiores que você, se o tempo parece que fechou para o seu lado, se aquela doença insiste em lhe maltratar, se o sofrimento de alguém que você ama lhe corta o coração, saiba que Jesus quer aliviar, pelas suas lágrimas, a sua dor.
O mestre também chorou! Poderia ser estranho ver Jesus chorando, mas é um momento extraordinário da humanidade de Deus. Sente como nós sentimos, chora como nós choramos. É gente como a gente. Então porque chorou? Chorou porque era hora de chorar. Há tempo pra tudo debaixo do céu, inclusive tempo de chorar. Cristão que é cristão chora. Se não chora por seus motivos, chora por motivos alheios, pois devemos chorar com quem está chorando. Somente as pessoas que já morreram nos seus sentimentos não choram. Seus corações estão tão ressecados que não conseguem escorrer uma lágrima. Pessoas assim estão mortas na sua tristeza, angústia, depressão ou até mesmo dentro de um falso sorriso. Por fim, cada lágrima é sabedoria para viver a vida. Se você seguir suas lágrimas, achara seu coração.